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— As crianças estudam em que horário?! — pergunto começando a segui-la pela casa

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— As crianças estudam em que horário?! — pergunto começando a segui-la pela casa.

— À tarde — responde sem olhar para trás. — Jônatas ainda está dormindo. Os horários dos seus compromissos estão todos na agenda que te entreguei. Comece a se organizar através dela.

Paro no meio do caminho e assisto Vallentina descer a escada e desaparecer. Respiro fundo e penso no que fazer em seguida.

Me organizar através da agenda.

Pego-a em minha bolsa olhando para os dois lados para me certificar de que Maurício ou nenhuma outra pessoa esteja me observando. Não há ninguém.

São 9h20 da manhã. Isabela tem curso de inglês de 10h às 12h. O próximo compromisso são as aulas às 12h30, de Isabela no colégio Anita Garibaldi, e de Jônatas em outra escola, a Enedina Alves.

Mas e o pequeno Bernardo?

Engulo o bolo que se formou em minha garganta e volto para o quartinho de Bernardo. Fico surpresa por ele ainda estar concentrado no brinquedo e rindo sozinho. Que gracinha. É triste que eu tenha que tirá-lo da brincadeira, mas preciso descer e começar a organizar as coisas para levar Isabela para o curso.

— Quer um colinho? — pergunto sem jeito. Será que devo esperar uma resposta ou um sinal de que ele não vai chorar se eu pegá-lo?

Decido que não vou esperar, e sim, pegá-lo com cuidado, sem movimentos bruscos para não fazê-lo chorar. E até que dá certo. Saio do quarto com Bernardo e desço as escadas.

— Onde mesmo que Vallentina disse que a cozinha ficava? — pergunto a mim mesma.

— Quer um mapa? — uma voz grave me causa um pequeno solavanco. Me viro na direção e gelo quando vejo quem é o dono da voz. Ele está tão lindo quanto ontem. Isabela está ao lado dele rindo da piada.

— Um mapa seria de grande ajuda — respondo.

Ele sorri de um jeito diferente de ontem. Parece não estar com muita paciência hoje.

— Bela, pega sua bicicleta na garagem e me espera lá fora.

O tom de Maurício foi o mesmo usado minutos antes dele e de Vallentina saírem do escritório para discutirem com mais privacidade. A garota sai animada do mesmo jeito que ficou quando soube que o pai estava em casa, sem perceber que ele quer falar algo em particular comigo. Aguardo em silêncio enquanto ela sai, e resolvo ser a primeira a falar nesta conversa.

— Ontem você parecia ser um homem solteiro.

— Ontem você parecia uma puta.

— O quê?! — exclamo indignada.

— Que história era aquela de estar aqui só pra passar o fim de semana?! Veio até aqui pra quê?

— Eu…

Entre erros e acertosWhere stories live. Discover now