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Eu só consegui raciocinar sobre o que eu estava fazendo quando tudo já estava feito

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Eu só consegui raciocinar sobre o que eu estava fazendo quando tudo já estava feito. Já tinha entrado na mansão dos Galzerano, mexido nas coisas de Vallentina e, para completar, fui pega. A revolta e o ódio eram tão grandes que eu não conseguia ver que aquilo estava tomando proporções maiores do que as que eu eu podia lidar. Eu iria entregar aquela pasta a Maurício em outro momento, a sós. Desmascarar aquela víbora não estava nos meus planos, mas ver a cara dela enquanto eu contava tudo que eu descobri, valeu a pena.

O torpor só me atingiu depois que eu saí da mansão e me dei conta de que nunca mais voltaria. Não veria mais Bernardo nem Isabela. Chorei por todo caminho até a Doblô, onde encontrei Lívia. E digamos que eu não tenha conseguido parar de chorar desde aquele momento. A sensação de fim me deixou inquieta. Desejei poder voltar no tempo para pensar com mais clareza. Provavelmente teria optado por sair pela porta dos fundos, assim evitaria toda aquela confusão. Agora não há volta. 

— Eu estraguei tudo — falo para Lívia enquanto me sento ao lado dela no sofá.

— Estragar é uma palavra muito forte, Diandra.

— Estraguei! Eu perdi meu emprego. De novo!

— É com o emprego mesmo que você tá preocupada? — ela indaga de forma retórica. — Olha, o Sr. Galzerano já sabe de tudo e agora vai tratar do menino da maneira correta.

— Só que eu não vou estar lá pra ver. Vou ficar sem notícias dele e de Isabela.

— Não. Depois de tudo o que você fez, o mínimo que o Sr. Galzerano pode fazer é te agradecer e te manter informada de tudo.

— Lívia, já são 21h. Ele não me ligou e nem mandou mensagem. As últimas palavras dele antes de eu sair de lá, foram: "Pode ir com o carro pra sua casa. Depois peço Nathan pra buscar." — faço uma pausa para ver se ela entendeu. — Acabou!

— Me diz qual é o seu medo de verdade. Ficar sem notícias, não ver as crianças, ou não ver mais Maurício? — engulo em seco. O meu medo é uma compilação de tudo o que ela falou. E no fundo, ela sabe disso. — Acho que essa história foi longe demais. Você ficou ali, no olho do furacão. Acabou desenvolvendo muita intimidade com o Sr Galzerano. Agora ele tem um problemão de família pra resolver, e é melhor você ficar fora disso.

Errada ela não está. Esse problema está além das minhas capacidades como babá e como pessoa. Babá eu já não sou, e também não sou o tipo de pessoa que pode ajudar Bernardo em mais alguma coisa. Agora ele precisa de um médico de boa reputação com excelência em profissionalismo.

— Só tem mais uma coisa que eu queria fazer antes de desistir — falo.

Lívia começa a falar um monte, e eu vou só ignorando ao buscar o número do celular de Isabela nas chamadas recentes. Depois do quinto toque ela atende.

O que você quer?! — o tom de voz usado é tão diferente que chego a ver se liguei para Vallentina em vez de Isabela.

— Bela? — coloco a chamada no viva-voz para que Lívia ouça comigo.

Entre erros e acertosWhere stories live. Discover now