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— O quê?! — Vallentina interpela olhando de mim para o Dr

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— O quê?! — Vallentina interpela olhando de mim para o Dr. Daniel, e dele para mim.

— Eu fiz um exame de DNA por conta própria, Sra. Galzerano — ele inicia a explicação novamente, o que é bom, pois preciso disso para acreditar no que ouvi. — Violei algumas regras e diretrizes da minha profissão para chegar nesse resultado com 99,9% de precisão. Maurício é o pai biológico de Bernardo. Pode me processar, se quiser.

Transfiro meu olhar dele para Vallentina, sentindo meu peito ser consumido por dentro. Entre uma batida e outra do meu coração, a dor e o alívio disputam espaço dentro de mim, e nessa briga interna, a revolta e a dúvida surgem, ganhando todo o território.

— Você sabia disso?! — ela nega com a cabeça, a boca se mexendo levemente prestes a dizer algo, porém, acho que ela ainda não teve tempo de pensar em uma resposta. Me apresso em tirar Bernardo dos braços de Vallentina, pois ela acaba de perder esse direito. E ela não se dá o trabalho de lutar por ele. — Tava me chantageando o tempo todo sabendo que ele nunca poderia ter sido tirado de mim?

— Não! Eu... — ela tenta.

— Com licença — um dos médicos presentes na sala pede, mas sou incapaz de desviar os olhos da pessoa que estava mentindo para mim, — nós podemos parar a consulta e esperar que vocês conversem, mas...

— Tava usando o nosso filho pra me prender?! — insisto na minha linha de raciocínio, não me importando com o fato de que os dois médicos ainda estão na sala assistindo a tudo. — Mentiu mais uma vez só pra conseguir o que quer... — Vallentina afasta as lágrimas que não fazem dela uma vítima e se levanta vindo em minha direção.

— Eu jamais tentaria abortar um filho seu! — ela exclama.

Eu já não sei mais quem ela é, e nada que ela diga é capaz de conseguir ter algum efeito sobre mim. Seguro meu filho com mais força agora, embora tenha a sensação de que nunca, jamais alguém vai conseguir tirá-lo de mim de novo. O meu coração está transbordando demais neste momento. É tanto amor misturado com alívio, que não está cabendo em mim, está escorrendo pelos olhos. Tudo ao nosso redor parece se desfazer.

Só existimos nós dois dentro dessa sala, dentro desse abraço, dentro desse laço de sangue. Nada mais me amedronta, nada mais me desespera. Toda a luta que eu pensei que estava perdida, começa a ser vencida agora. E confesso que ver a máscara de Vallentina cair diante dos meus olhos me faz querer aplaudir de pé. Ela está com a maquiagem borrada, e suas lágrimas manchadas de preto estão abrindo ruínas em seu rosto. Ela olha para o Dr. Olivier, e depois para o Dr. Daniel.

— Isso não é possível! — Vallentina grita. — Vocês tem que refazer esse exame!

— Não existe erro nesse exame, Sra. Galzerano — o neurocirurgião se coloca na discussão.

— Mas isso tem que ser refeito! — ela insiste.

— Por quê? — Dr. Daniel questiona. Até eu quero entender, pois está começando a parecer que ela realmente não acredita no resultado.

Entre erros e acertosWhere stories live. Discover now