🏳️‍🌈Sobre ser diferente (pt. 1)

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Capítulo 14

Sobre ser diferente (parte 1)

*Gostaria de avisá-los que este capítulo fala sobre o Jungkook e sobre a visão dele em vários dos acontecimentos de Jikook aqui na história, por isso temos várias passagens de tempo, divididas com os símbolos de arco-íris. Apesar de mostrar novamente algumas cenas que já foram ditas antes, é muito importante que vocês tenham noção sobre o lado do Goo e como ele se sentiu nesses momentos. Tentei resumir, mas ficou longo, por isso dividi em dois.

Leiam com calma e tenham uma incrível leitura. Vejo vocês no final ♥

🌈🌈🌈🌈🌈

Jeon Jungkook.

Eu nasci diferente.

E talvez seja simples demais falar sobre mim definindo esse tópico como algo talvez supérfluo e banal demais. Porque não é, nem nunca foi e talvez jamais seja. É um fato sobre mim e sobre quem eu sou, que não será corrigido ao longo da vida. E eu preciso aceitar isso, abraçar a minha realidade e, talvez, ser feliz com ela.

Mas ainda é algo difícil para mim, difícil demais.

Voltando vinte e três anos na minha existência, com a soma de alguns meses de nascimento e outros quase nove na barriga da minha mãe, eu fui visto como uma menina até o dia do meu nascimento. Em parte porque só abri as pernas duas vezes durante os exames, em parte porque era a única explicação plausível.

Apesar disso, eu não era uma menina, mas... também não era um menino.

Ninguém viu isso durante a gravidez, ninguém entendeu o que havia de errado comigo. Mas havia algo. Eu nasci com as duas combinações de cromossomos, o que, de alguma forma, criou uma terceira. O "padrão" seria XX e XY, mas eu nasci com XXY. E o que isso significa?

Em resumo, eu nasci com as características dos dois gêneros. No meu caso, foi físico e hormonal.

Meus pais me trataram como pessoa antes de homem ou mulher desde aquele momento, me orgulho muito de ser filho deles em um mundo de mente tão fechada. Eles não trocaram a mobília rosa do meu quarto ou evitaram de usar roupas azuis em mim.

Eles somente decidiram o meu gênero por ser obrigatório, mas isso, para os dois, nunca passou de um papel sem valor. O lado positivo nisso, é que me identifiquei como homem desde criança e sempre entendi que o gênero no meu documento fazia sentido para mim.

Meus pais foram muito receptivos comigo e sempre tiraram minhas dúvidas do porquê de eu ser tão diferente das outras pessoas. Afinal, um menino de nove anos que tem entre as pernas o mesmo que sua mãe, pode se sentir confuso. É natural. Ainda mais na atual geração, onde a informação está em todos os lugares caso nosso desejo seja procurar por ela.

Mas eu lidei bem com isso por um tempo, até meus dez anos, onde me isolei e deixei de conversar com as pessoas. Acho que foi aquela época entre a infância e a adolescência onde você fica confuso com tudo e não sabe o que quer ser, o que quer fazer, do que gosta ou deixa de gostar.

É uma fase de confusão, de aprendizado e de muitas dúvidas. Eu não sabia mais em qual grupo me encaixava, se era nas meninas que brincavam com bonecas, nos meninos que brincavam de bola e carrinhos, um pouco em cada, ou no meio dos mais adiantados que já falavam sobre beijar na boca e namorar.

Era como se eu não fizesse parte de lugar algum. Passava meu tempo em casa, desenhando e jogando videogame. Foi nessa época também, inclusive, que sofri um acidente e perdi a coordenação do meu braço. Recuperei boa parte com muita fisioterapia, mas não foi o bastante.

As Cores do Amor | jjk + pjmWhere stories live. Discover now