Capítulo 26

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Maite acordou, mas teve medo de abrir os olhos, vagas lembranças vieram em sua mente, lembrava que estava indo para casa quando foi raptada, colocaram um pano em seu nariz e desmaiou em seguida.

- Veja só quem acordou. - Disse alguém quando ela finalmente abriu os olhos.

Ela conhecia muito bem aquela maldita voz.

- Só podia ser coisa sua né, vaca? - Falou irritada, tentando se soltar da cadeira em que estava amarrada.

- Acho melhor não falar assim comigo, vossa graça. - Disse Kathy rindo. - Afinal, você está ai presa e eu posso fazer muitas coisas com você.

- Vai me matar igual fez com seu marido?

- Acha que é fácil, Maite? Você é uma miserável por natureza, eu não, eu nasci para ser mulher de Duque. Mas a única coisa que consegui foi o irmão de um, através de um casamento arranjado. Henry me odiava, mas eu ainda relevava, mas uma amante? - Riu nervosa. - Isso eu não ia tolerar.

- Tivemos sim uma história, como já sabe esse filho é de Henry, porém tudo acabou quando ele me deixou e casou com você.

- Eu ouvi vocês, não adianta negar.

- Não nego, Henry foi o amor da minha vida, eu me entreguei para ele, entreguei minha virtude, minha dignidade. E sim, ele veio atrás de mim, mas eu recusei, estava disposta a fazer o casamento com William dar certo.

- Sempre fui apaixonada pelo William, mas ele nunca se quer olhou pra mim. Ai vem uma qualquer e o leva. - Disse irritada.

- Eu vou embora quando esse bebê nascer, o caminho vai estar livre para você Kathy.

- Se ele não tivesse descoberto... Estávamos vivendo um verdadeiro romance... Mas ele tinha que encontrar aqueles malditos diários, como fui burra! - Falou batendo na própria cabeça.

- Romance? - Questionou Maite confusa.

- Ele não te contou? Enquanto esteve sozinha naquela cela podre, eu e ele estávamos no quarto fazendo amor. Foram os melhores dias da minha vida...

Maite mordeu seu lábio para tentar fazer a dor emocional se tornar física, porque nada doía mais do que um coração partido.

- Não me importo, já disse que vou embora quando essa criança nascer. - Respondeu por fim, engolindo o choro que estava preso em sua garganta.

- Ninguém vai mais a lugar algum, não vou conseguir me esconder por muito tempo, irei morrer de qualquer jeito. Mas eu não vou sozinha, iremos juntinhas de mãos dadas para o inferno junto com nossos filhinhos para reencontrar Henry. - Falou pegando uma caixa de whisky e abrindo uma por uma enquanto jogava por todo local, inclusive pelo corpo de Maite e até em seu próprio.

- O que está fazendo? Para com isso, maluca! - Gritava a morena. - Pensa pelo menos no seu filho, ele não tem culpa de nada.

- Eu não me importo. - Falou com um sorriso diabólico enquanto acendia o fósforo e jogava no chão.

Ela se sentou em uma cadeira de frente para Maite e não deixou de rir nem por um segundo enquanto o fogo se alastrava.
Perroni continuou tentando se soltar da cadeira, e começou a tentar prender a respiração para evitar a inalação de muita fumaça. Em poucos minutos Kathy já estava desmaiada.
Maite sabia que só conseguiria se soltar de uma forma, ela respirou fundo e soltou um rugido de dor quando puxou sua mão esquerda com tudo a destroncando, com isso conseguiu se soltar das amarras.
Com um esforço sobrenatural ela ainda pegou Kathy pelos cabelos para tentar tirá-la dali, o único lugar que ainda não estava pegando fogo era a janela do lado esquerdo. Mesmo sentindo uma dor imensa ela ainda conseguiu colocar Kathy para fora e saiu logo em seguida.

- Meu Deus... - Murmurou quando já estava fora da casa e viu que a bolsa da mulher havia estourado.

Apesar da fraca pulsação Kathy ainda estava viva, portanto ela ainda tentou acordar a mesma para fazer o parto, mas nada.
A morena se levantou e enquanto olhava ao redor se permitiu finalmente tossir e secou o suor de sua testa com o dorso direito. Com o fogo a janela que até então intacta explodiu, voando pedaços de vidros, ela pegou um caco que mais lembrasse uma faca e seguiu se ajoelhando ao lado da mulher cortando seu vestido, mas com a mão esquerda inútil estava demorando demais.
Maite nunca foi muito crente em Deus, mas naquele momento não parou de orar nem por um segundo. Iria tentar fazer a cesarea que aprender com Lurdes, a diferença é que estava com uma mão quebrada e não tinha se quer uma faca.
Quando a ponta do vidro encostou no pé da barriga já começou a escorrer sangue, ela não pensou muito e simplesmente continuou com o corte. Levou bem mais tempo que Lurdes, mas estava dando o seu melhor. A pior parte foi quando chegou ao útero, se pressionasse mais que o necessário poderia o vidro atingir o bebê o levando a morte.
Mas logo a mulher estava com o neném nos braços, era um menino. Ele era bem pequenino e magrinho por conta de ser prematuro, mas aparentava estar tudo bem.

- Obrigada Deus. - Disse segurando firme o garoto. - Apesar de tudo, espero que faça uma passagem em paz, lady Kathy.

Como se tivesse ouvido a mulher abriu os olhos e a encarou por alguns segundos, mas logo os fechou e Maite soube que seria para sempre.

Aos Cuidados de um Duque Where stories live. Discover now