Capítulo 25

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Uma semana havia se passado, Maite evitava o máximo possível de se encontrar com William, ela saia todo dia cedo e voltava tarde do trabalho. E como sempre quando ela abria a porta do quarto para sair tinha um buque depositado no chão como ele vinha fazendo todos os dias. Ela suspirou enquanto pegava o arranjo de lírios, depois o colocou do lado da cômoda onde havia cinco jarros com diferentes flores.
Ela saiu sem nem tomar café, sabia que o Duque deveria estar tomando o seu nesse momento.
Assim que chegou na casa de Lurdes as duas já saíram rumo a casa de uma das aristocratas da cidade, a viscondessa Martin.
Na sala o marido andava desesperado de um lado para o outro, enquanto os outros quatro filhos do casal estavam sentadinhos no sofá. Naquele momento Maite soube que havia algo errado.

- Ainda bem que chegou, Perla está muito mal. - Disse o homem em pânico.

- Maite, já sabe o que fazer, né?

A mulher apenas concordou e saiu em disparada até a cozinha onde pediu para as criadas esquentarem água, arrumarem as toalhas e ela ficou responsável pela desinfetação dos utensílios. Depois seguiu para o quarto da viscondessa guiada por uma das empregadas.
Dos três partos que havia auxiliado até agora nenhum fora tão apavorante quanto aquele, a mulher estava desmaiada em cima da cama que estava encharcada com o líquido vermelho espesso que Perroni conhecia muito bem.

- Voltei a trabalhar na guerra e não fiquei sabendo? - Falou se referindo a quantidade de sangue no lugar, mas o olhar de reprovação que Lurdes a lançou lhe fez ficar quieta.

- Vê se consegue despertá-la, eu farei o exame de toque.

A morena concordou e se aproximou tocando a testa da mulher que estava queimando de febre e pingando suor.

- Senhora Martin, consegue me ouvir? - Como não houve se quer uma reação ela deu uma leve chacoalhada na mesma.

- Duquesa? Eu estou delirando mesmo... - Murmurou e logo após deu um dolorido gemido em virtude do toque que Lurdes estava fazendo.

- Sou eu mesma, querida. Vim te ajudar trazer esse bebezinho para o mundo, fique tranquila e tente se manter acordada.

Lurdes solicitou a presença do senhor Martin, coisa que ela nunca tinha feito antes.

- O que foi? - Perguntou Maite, mas a velha fez um sinal com a mão para ela esperar.

Logo o homem chegou, dava para ver que estava fazendo muita força para não deixar as lágrimas caírem.

- Senhor, a situação é crítica. Ela perdeu muito sangue e o bebê não está encaixado, eu não tenho dúvidas que ela irá morrer de qualquer jeito, mas tem uma técnica nova que talvez eu consiga trazer pelo menos a criança viva, só que pode ser muito dolorosa e terminará de matá-la.

- Não, não quero que ela sofra mais.

- Eu já estou sofrendo, e vou morrer... Deixe-a tentar trazer nosso filho ao mundo.

- Não Perla, não! - Disse gritando entre lágrimas enquanto se ajoelhava ao lado da cama e segurava a mão da mulher.

- Eu te amo, querido. Um dia voltaremos a nos encontrar. Salve esse bebê, dona Lurdes e vossa graça.

Maite não fazia ideia que técnica Lurdes usaria para isso, mas secou a lágrima que escorreu dos seus olhos e se pos pronta para o que fosse preciso.

- De três doses de conhaque para ela.

A morena e o senhor Martin olharam confusos para ela, afinal grávidas não podiam ingerir bebida álcoolica.

- Isso ajudará amenizar a dor, não será isso que afetará a criança.

O homem então apenas correu para pegar a garrafa e ajudar sua esposa a tomar, em poucos segundos ela desmaiou novamente. Foi então que Lurdes pegou um bisturi e começou a fazer um corte no pé da barriga.

- Isso que está vendo agora é o útero... - Falou cortando. - Pegue uma toalha.

A jovem obedeceu e em poucos minutos tinha uma criança enrolada nela, fez os primeiros procedimentos para ajudar obstruir as vias respiratórias e o choro ecoou pelo local.

- É um menino. - Falou sorrindo enquanto o entregava para o pai.

- Ela ainda está viva, darei os pontos normalmente e apenas nos restará rezar para que sobreviva... Porém, não crie expectativas, será muito difícil.

- Deixe que eu dou os pontos, sou muito boa nisso. - Pediu Maite.

A mulher apenas concordou e saiu com o homem e o bebê dali.
Enquanto Maite passava a agulha e a linha pela pele de Perla, não pode deixar de reparar como as pessoas se importavam apenas com o bebê e não com a mãe, até agora pouco o visconde chorava desesperado, mas agora que estava com o herdeiro nos braços não exitou nem um segundo de deixar o quarto e sua quase falecida esposa para traz.

- Que Deus te proteja, rezarei por sua recuperação. - Disse quando terminou.

Logo após deu ordens para as criadas cuidarem bem do corte, lavando todos os dias com água, sabão e secando muito bem também.

- Visitaremos a senhora Lincoln hoje? - Perguntou quando já estavam do lado de fora.

- Não, esse parto foi extremamente cansativo, foi a primeira vez que apliquei essa técnica que aprendi recentemente, exigiu muito de nós duas.

- Qual o nome dessa técnica?

- Cesarea. Além do mais, a senhora Lincoln está ótima, apenas apreensiva por se tratar de sua primeira gravidez. Amanhã cedinho a visitaremos.

- O que devo fazer então?

- Está liberada, vá para casa descansar. Sua parte no trabalho de hoje. - Disse lhe entregando duas moedas.

- Obrigada, até amanhã então. - Disse já se virando para partir.

- Espere! O senhor Martin nos disponibilizou a carruagem para nos deixar em casa.

- Não precisa, moro perto e caminhar nessa fase final faz bem.

- Vá com cuidado, até mais.

A jovem andava tranquilamente, passou pelo centro, até conversou com algumas pessoas. Para chegar até a mansão ela precisava andar um pedaçinho que era afastado de tudo, mas sempre caminhava  por lá e nunca teve problema, não até aquele momento...
Uma carruagem se aproximou, ela não teve nem tempo de entender o que estava acontecendo e derrepente já estava jogada no banco de trás, com as mãos amarrada, uma fita tampando sua boca e um homem com uma faca encostada em seu pescoço.

- Quietinha senão eu te mato, vossa graça.

Aos Cuidados de um Duque Where stories live. Discover now