LIAM - ATUALMENTE
Olhar para a Stella parada na minha porta era como estar olhando para um fantasma do passado que eu achei que já tinha sido enterrado.
Fechei a porta atrás de mim para que ninguém visse com quem eu estava conversando. Fiquei parado na varanda esperando ela falar alguma coisa. Passamos alguns minutos em silêncio até eu começar a perder a paciência.
— Primeiro, como me achou aqui?
— Um telefonema aqui, outro ali, nada muito difícil quando se tem o recurso certo.
— Mas por que exatamente você veio? Não venha me dizer que sentiu saudades por que isso é a última coisa que deveria sair da sua boca.
— Quero ver minha filha, Liam. Eu nem sei que nome você deu pra ela.
— Claro que não sabe, por que você deixou ela, não se importou em escolher um nome, ela não é sua filha, Stella, ela é minha.
Eu queria que ela fosse embora.
Estava com tanto medo que Darya abrisse a porta e encontrasse com a mãe, que sentia meu coração acelerado e a garganta fechando.
Encarei a rua e vi um carro estacionando na frente da minha casa e Emma saindo dele. Ela não tinha avisado que estava voltando, pelo menos não hoje, mas o fato dela estar caminhando na minha direção estava me ajudando a respirar outra vez.
Stella encarou ela dos pés a cabeça e depois voltou a sua atenção pra mim, esperando que eu falasse alguma coisa. Emma passou por ela, seu olhar preocupado me analisando.
— Você veio mais cedo.
— Quis fazer uma surpresa. — ela beijou meu rosto e segurei sua mão — Atrapalho?
— Não, essa senhorita já estava de saída.
— Não estava. Eu vim aqui ver a minha filha, e só saio daqui depois disso.
— O que você tem na cabeça pra achar que pode ir embora por seis anos e depois voltar como se nada tivesse acontecido? Resolveu ser mãe?
— Liam, eu não quero tirar a menina de você, só quero ver como ela é. — ela olhou outra vez para Emma — Ou você colocou outra mulher no meu lugar?
— Olha aqui, Stella, certo? — Emma soltou a minha mão e deu um passo a frente — Não ocupei seu lugar, por que você não tem um lugar aqui, e desde que eu descobri a história completa, eu só consigo pensar que tipo de pessoa você é pra largar um bebê, o seu bebê.
— Eu não tinha condições de ser mãe.
— Agora tem? Eu devo te lembrar que você quase interrompeu a gravidez?
— E você me fez seguir em frente.
— Você ia se matar no processo. Fez uma escolha, deixou a menina comigo, durante todos esses anos eu cuidei dela, amei, dei tudo que ela precisava, ela não precisa de você.
— Por que ela tem a sua namoradinha de adolescência? Acha que eu não reconheço ela? Das fotos que você guardava com tanto carinho, da vez em que eu achei uma foto de vocês dois e eu vi seus olhos brilhando quando perguntei quem ela era? Eu nunca tive um lugar na sua vida.
— Essa não é a questão aqui. Eu só quero que você saia.
— Eu não vou.
— Stella, agir desse jeito não vai te favorecer em nada.
— Cala a boca.
Nesse momento a porta abriu e Darya apareceu, ela estava com o rosto animado e correu para abraçar a Emma.
— Emma! Vi quando você desceu do carro, mas meus tios estavam tentando me distrair.
— Eu já ia entrar, peixinha.
— Quer ver meu quarto novo?
— Eu vou adorar.
— Pode ser agora? Não quero ficar aqui fora. — ela estava olhando desconfiada para Stella —
— Oi pequena. — Stella ficou na mesma altura que Darya e sorriu pra ela — Eu sou...
— Eu sei. — ela respondeu e se agarrou ainda mais em Emma — E eu não quero falar com você.
— O que você falou de mim pra ela?
— Ele não disse nada, eu escutei. Escutei ele falando pra minha avó que você me deixou.
Stella ficou muda.
Ela se levantou e balançou a cabeça e depois voltou seu olhar pra mim.
— Eu volto quando tiver menos gente, talvez seja mais fácil conversar.
Ela deu meia volta e foi em direção a um carro que estava estacionado do outro lado da rua. Esperamos até que ela fosse embora e eu olhei pra minha filha.
— Darya, você está bem?
— Só quero mostrar meu quarto pra Emma. — elas entraram em casa e eu fiquei parado na varanda, até que meus pais e Dylan se aproximaram —
— Desculpa, tentamos deixar a Darya dentro de casa, mas ela queria falar com a Emma.
— Tudo bem.
— O que ela queria?
— Disse que queria ver a Darya, e que vai voltar.
— Não consigo acreditar que depois de seis anos ela tem instintos maternos. — meu pai quase nunca demonstrava raiva, mas via agora uma veia saltando em seu pescoço —
— Quando ela voltar, eu vou estar mais preparado. Melhor voltarem pra festa, vou ver a Darya.
Entrei e fui em direção ao quarto da minha filha. Elas estavam sentadas na cama e Emma fazia carinho nos cabelos da Darya.
— Acha que eles vão me obrigar a falar com ela?
— Eles vão fazer o que for melhor pra você.
— Não quero que ela seja minha mãe. Queria que fosse você.
Acho que Emma sentiu que eu estava na porta, pois seus olhos encontraram os meus, assustados e sem saber o que responder, ela me pedia ajuda silenciosamente, então eu entrei no quarto e fechei a porta.
— Filha?
— Não quero falar com aquela mulher. Não quero que ela seja minha mãe.
— Algumas coisas não podemos mudar, peixinha. — sentei na cama com as duas e ela veio para o meu colo — Você não é obrigada a falar com ela, mas se mudar de ideia eu vou estar com você o tempo todo.
— Por que a Emma não podia ter sido a minha mãe?
— Acho que tem perguntas que nunca vamos saber as respostas, mas sabe de uma coisa? Eu teria adorado ser sua mãe.
E aquela resposta aqueceu meu coração. Mas eu sabia que a Stella ainda estava na cidade e que ia aparecer de novo, e que dessa vez teria que encarar, não só pela Darya, mas por mim.
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COMO A MEIA-NOITE [COMPLETO]
רומנטיקהClassificação indicativa: +16 • Não contém HOT Ela queria um recomeço. Ele queria conforto. Ela escolheu a carreira. Ele escolheu a família. Mas será que mesmo ele sendo um raio de sol e ela uma meia-noite chuvosa, não poderia acontecer um eclipse...