CAPÍTULO 24

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LIAM - ATUALMENTE

Olhar para a Stella parada na minha porta era como estar olhando para um fantasma do passado que eu achei que já tinha sido enterrado.

Fechei a porta atrás de mim para que ninguém visse com quem eu estava conversando. Fiquei parado na varanda esperando ela falar alguma coisa. Passamos alguns minutos em silêncio até eu começar a perder a paciência.

— Primeiro, como me achou aqui?

— Um telefonema aqui, outro ali, nada muito difícil quando se tem o recurso certo.

— Mas por que exatamente você veio? Não venha me dizer que sentiu saudades por que isso é a última coisa que deveria sair da sua boca.

— Quero ver minha filha, Liam. Eu nem sei que nome você deu pra ela.

— Claro que não sabe, por que você deixou ela, não se importou em escolher um nome, ela não é sua filha, Stella, ela é minha.

Eu queria que ela fosse embora.

Estava com tanto medo que Darya abrisse a porta e encontrasse com a mãe, que sentia meu coração acelerado e a garganta fechando.

Encarei a rua e vi um carro estacionando na frente da minha casa e Emma saindo dele. Ela não tinha avisado que estava voltando, pelo menos não hoje, mas o fato dela estar caminhando na minha direção estava me ajudando a respirar outra vez.

Stella encarou ela dos pés a cabeça e depois voltou a sua atenção pra mim, esperando que eu falasse alguma coisa. Emma passou por ela, seu olhar preocupado me analisando.

— Você veio mais cedo.

— Quis fazer uma surpresa. — ela beijou meu rosto e segurei sua mão — Atrapalho?

— Não, essa senhorita já estava de saída.

— Não estava. Eu vim aqui ver a minha filha, e só saio daqui depois disso.

— O que você tem na cabeça pra achar que pode ir embora por seis anos e depois voltar como se nada tivesse acontecido? Resolveu ser mãe?

— Liam, eu não quero tirar a menina de você, só quero ver como ela é. — ela olhou outra vez para Emma — Ou você colocou outra mulher no meu lugar?

— Olha aqui, Stella, certo? — Emma soltou a minha mão e deu um passo a frente — Não ocupei seu lugar, por que você não tem um lugar aqui, e desde que eu descobri a história completa, eu só consigo pensar que tipo de pessoa você é pra largar um bebê, o seu bebê.

— Eu não tinha condições de ser mãe.

— Agora tem? Eu devo te lembrar que você quase interrompeu a gravidez?

— E você me fez seguir em frente.

— Você ia se matar no processo. Fez uma escolha, deixou a menina comigo, durante todos esses anos eu cuidei dela, amei, dei tudo que ela precisava, ela não precisa de você.

— Por que ela tem a sua namoradinha de adolescência? Acha que eu não reconheço ela? Das fotos que você guardava com tanto carinho, da vez em que eu achei uma foto de vocês dois e eu vi seus olhos brilhando quando perguntei quem ela era? Eu nunca tive um lugar na sua vida.

— Essa não é a questão aqui. Eu só quero que você saia.

— Eu não vou.

— Stella, agir desse jeito não vai te favorecer em nada.

— Cala a boca.

Nesse momento a porta abriu e Darya apareceu, ela estava com o rosto animado e correu para abraçar a Emma.

— Emma! Vi quando você desceu do carro, mas meus tios estavam tentando me distrair.

— Eu já ia entrar, peixinha.

— Quer ver meu quarto novo?

— Eu vou adorar.

— Pode ser agora? Não quero ficar aqui fora. — ela estava olhando desconfiada para Stella —

— Oi pequena. — Stella ficou na mesma altura que Darya e sorriu pra ela — Eu sou...

— Eu sei. — ela respondeu e se agarrou ainda mais em Emma — E eu não quero falar com você.

— O que você falou de mim pra ela?

— Ele não disse nada, eu escutei. Escutei ele falando pra minha avó que você me deixou.

Stella ficou muda.

Ela se levantou e balançou a cabeça e depois voltou seu olhar pra mim.

— Eu volto quando tiver menos gente, talvez seja mais fácil conversar.

Ela deu meia volta e foi em direção a um carro que estava estacionado do outro lado da rua. Esperamos até que ela fosse embora e eu olhei pra minha filha.

— Darya, você está bem?

— Só quero mostrar meu quarto pra Emma. — elas entraram em casa e eu fiquei parado na varanda, até que meus pais e Dylan se aproximaram —

— Desculpa, tentamos deixar a Darya dentro de casa, mas ela queria falar com a Emma.

— Tudo bem.

— O que ela queria?

— Disse que queria ver a Darya, e que vai voltar.

— Não consigo acreditar que depois de seis anos ela tem instintos maternos. — meu pai quase nunca demonstrava raiva, mas via agora uma veia saltando em seu pescoço —

— Quando ela voltar, eu vou estar mais preparado. Melhor voltarem pra festa, vou ver a Darya.

Entrei e fui em direção ao quarto da minha filha. Elas estavam sentadas na cama e Emma fazia carinho nos cabelos da Darya.

— Acha que eles vão me obrigar a falar com ela?

— Eles vão fazer o que for melhor pra você.

— Não quero que ela seja minha mãe. Queria que fosse você.

Acho que Emma sentiu que eu estava na porta, pois seus olhos encontraram os meus, assustados e sem saber o que responder, ela me pedia ajuda silenciosamente, então eu entrei no quarto e fechei a porta.

— Filha?

— Não quero falar com aquela mulher. Não quero que ela seja minha mãe.

— Algumas coisas não podemos mudar, peixinha. — sentei na cama com as duas e ela veio para o meu colo — Você não é obrigada a falar com ela, mas se mudar de ideia eu vou estar com você o tempo todo.

— Por que a Emma não podia ter sido a minha mãe?

— Acho que tem perguntas que nunca vamos saber as respostas, mas sabe de uma coisa? Eu teria adorado ser sua mãe.

E aquela resposta aqueceu meu coração. Mas eu sabia que a Stella ainda estava na cidade e que ia aparecer de novo, e que dessa vez teria que encarar, não só pela Darya, mas por mim.

COMO A MEIA-NOITE [COMPLETO]Where stories live. Discover now