CAPÍTULO 1

135 13 2
                                    

EMMA - 10 ANOS DEPOIS

— Quer que eu assuma a filial do Texas? — Sean parecia chocada com a possível promoção —

— Você tem potencial, sempre deu tudo de si na empresa, vou passar umas duas semanas com você para que possa se adaptar ao novo cargo, mas depois disso volto para cá.

— Você poderia assumir, você é do Texas, não é?

— Saí de lá há 10 anos, e não pretendia voltar, farei esse esforço pelo bem dos negócios, mas não é como se eu quisesse revirar o passado.

— Abriria mão do seu melhor amigo todos os dias? Detestaria ter que ouvir por telefone como você desiludiu o coração dos caras.

— Fazemos chamada de vídeo.

— Aí, não quero ver a cara de decepção deles.

— Então esteja contente com relatos diários por mensagem.

Existe uma longa história entre o momento que me despedi de Liam na porta de sua casa e o momento atual. Quando saí daquela varanda já estava com as malas prontas no meu carro, peguei a estrada para Los Angeles sem olhar para trás.

Sair de Austin foi a parte fácil, chegar em Los Angeles e me virar sozinha foi a parte difícil. Comecei do zero, com todas as dificuldades de uma garota de 18 anos que cortou relações com os pais e estava tentando ter a melhor chance possível.

Comecei a faculdade, trabalhava seis dias por semana, primeiro em uma lanchonete, e quando fiz 21 mudei de emprego e virei garçonete em um bar. Com o dinheiro que ganhava conseguia pagar o aluguel de um quarto em uma pensão e lá dentro, eu fazia a minha mágica.

Pra minha sorte, sempre tive facilidade em aprender sobre a era digital, e com meu dia de folga nas segundas, minha determinação, 4 horas de sono por dia e muito café, aos 23 anos, consegui criar meu jornal digital.

O E'Mills Journal começou apenas comigo trancada no meu quarto com o rosto colado no meu computador. Criei todo o site e comecei com pouco. Escrevia matérias sobre assuntos que estavam em alta e publicava, na esperança que algum jornal grande se interessasse em criar uma coluna para mim.

Só que isso nunca aconteceu.

O lucro com o jornal era pouco, por isso continuei trabalhando no bar e durante o primeiro ano, pensei em desistir da ideia diversas vezes e tentar arrumar um emprego como editora em qualquer lugar.

Mas aí, parecendo mais como um sinal dos céus, recebi em minha caixa de e-mail uma notícia que seria o que me colocaria no topo.

"Ryan Sutton desvia dinheiro de que seria utilizado para a construção de uma clínica de cuidados paliativos e tenta fugir do país."

Era isso que dizia no texto do e-mail. E lá estavam as fotos dele subindo no jatinho, todas as notas de transações ilegais, aquele era meu baú de ouro no final do arco-íris.

Fui rápida em publicar a notícia e divulgar em todas as redes, não sei o que aconteceu, mas o E'Mills foi o primeiro a fazer isso, assim como o primeiro a ser chamado pela polícia para cobrir o caso e noticiar os civis.

E lá estava eu, com quase 25 anos, tendo minha primeira matéria grande, e graças ao Ryan Sutton, um grande babaca que ninguém gostava.

Obrigada Sutton.

Depois desse dia, meu site teve milhares de visualizações, e as milhares se tornaram milhões. Eu tinha estourado.

Foi o começo da minha carreira. Mas foi nesse momento que eu percebi que não tinha ninguém para comemorar comigo.

Fazia quase 7 anos que tinha saído de Austin, e mesmo tentando no primeiro ano, não consegui manter contato com Liam. Era doloroso demais.

E como passei boa parte do tempo trabalhando ou em sala de aula, ou planejando minha carreira, não tinha criado vínculos com ninguém em Los Angeles. Ninguém me conhecia o suficiente para saber o quanto o sucesso do E'Mills era importante pra mim.

Foi aí, que me senti mais sozinha do que jamais estive na vida. 

COMO A MEIA-NOITE [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora