CAPÍTULO 27

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LIAM - ATUALMENTE

— Agora pode dizer o que você quer.

— Não vai me oferecer nem um copo de água?

— Stella, pode me dizer logo por que resolveu aparecer agora?

— Primeiro quero saber o nome dela.

Revirei os olhos. Ainda bem que Emma tinha saído com Darya, não queria que minha filha me visse estressado.

— O nome dela é Darya.

— Um nome forte.

— E então?

— Eu conheci alguém, ele me pediu em casamento.

— Meus parabéns.

— Ele sabe da Darya, contei tudo, e nós conversamos e ele achou que seria bom eu resolver essa parte da minha vida.

— Resolver exatamente o quê?

— Ele disse que eu não sabia como ela era, e que talvez eu mudasse de ideia.

— Ele te deu um ultimato?

— Não, ele me aconselhou a saber como ela é, se talvez eu quisesse participar da vida dela.

— Então não quer a guarda dela?

— Não, Liam. Eu realmente não estava pronta pra ser mãe, mas você disse que cuidaria dela, e nunca duvidei de você, não quero tirar os direitos que tem sobre ela.

— Só quer vê-la?

— Sim. Vou passar uns dias aqui, não quero nada demais, talvez levar ela pra tomar um sorvete, não sei.

— Olha, se você realmente não quer a guarda dela, eu posso conversar com ela. Se ela quiser te ver tudo bem, mas se ela não estiver com vontade eu não vou dizer nada.

— E com a Emma? Vi toda a delicadeza e carinho que você trata ela.

— Estou tentando seguir a minha vida. Na verdade, não fico com ninguém de verdade desde que a Darya nasceu.

— Desculpa.

Ela parecia sincera. Por seis anos eu senti tanta raiva, que muitas vezes me peguei pensando se eu era mesmo uma boa pessoa.

Eu via minha filha crescer sem uma mãe, sem carinho como eu tive e sempre me perguntava se eu tinha culpa. Podia dar todo o amor que fosse, moveria céus e terras pela Darya, mas eu não era uma mãe.

— Tem mais alguma coisa que você quer?

— Não. — ela pegou um bloquinho da bolsa e anotou um número me entregando — Quando tiver uma resposta me liga.

— Só peço uma coisa, e é o mais importante.

— O quê?

— Não ouse quebrar o coração da minha filha.

Ela assentiu, pegou a bolsa e saiu. Demorei uns 10 minutos até ligar para a Emma e perguntar se estava tudo bem e que já podia buscar a Darya.

Peguei minhas chaves e fui para a casa da Hannah. Bati na porta e Emma abriu, ela estava com um olhar de preocupação no rosto e saiu para a varanda, fechando a porta atrás de si.

— E então?

Contei o que conversamos e ela parecia sempre segurar sua opinião.

— O que você acha?

— Acho que quem tem que escolher se quer ou não, é a Darya.

— E como ela está?

— Minha mãe colocou a sobremesa antes do jantar, então ela está feliz. Quer jantar?

— Quero. Sei que a comida da sua mãe é deliciosa, e agora minha fome voltou.

Ela me convidou para entrar e encontrei a minha filha sentada, conversando com Paul, enquanto ele cortava uma cebola. Ela me viu e deu um sorriso.

— Oi papai!

— Boa noite! — falei com Hannah que estava mexendo algo no fogão e cumprimentei Paul — Como está, peixinha?

— Bem, a Hannah me deu pudim.

— Não acredito que eu perdi uma rodada de pudim da Hannah Mills.

— Você pode comer depois do jantar. — Hannah se virou para mim — Vai ficar, não é?

— Sim, Emma me convidou.

— Ótimo, estou preparando enchiladas.

Fiquei com água na boca só de ouvir o nome.

— Já experimentou, Paul?

— Ainda não, mas a Emma já rasgou elogios, estou com as expectativas lá em cima.

— E não é pra menos. Quando eu era adolescente, sempre que ela fazia enchiladas eu aparecia como quem não queria nada.

— Pelo menos, quando o Robert não estava em casa. — Emma falou do meu lado e todos olhamos para ela — Desculpa.

— Não querida, é verdade. — Hannah colocou uma travessa na mesa — Robert não gostava do namoro da Emma com o Liam.

— E por que não?

— Porque ele preferia que eu ficasse sem ninguém. — Emma virou para Darya e deu um sorriso — Peixinha, eu lembrei que você gosta de pelúcias, por que não vai no meu antigo quarto e escolhe uma pra você?

— É mesmo?

— Sim, pode ir lá.

Darya saiu animada e Emma ficou séria de novo.

— Prefiro não falar disso perto dela.

— Hannah fala pouco do Robert, sei da parte que ele batia nela e basicamente isso.

— Ele me empurrou uma vez. Mas também foi só aquela vez. — ela levantou um pouco a blusa e mostrou uma cicatriz pequena perto da costela — Ele entrou no meu quarto, até hoje não sei porque e viu uma foto minha e do Liam, ele sabia que estávamos namorando, mas mesmo assim ele ficou irritado e me empurrou quando tentei impedir ele de rasgar a foto.

Lembrava desse dia, na época não tinha visto o corte, apenas a mancha.

— Não achei que tivesse cortado.

— Tentei esconder de vocês.

Sempre senti desgosto por Robert e várias vezes tive vontade de aparecer na casa dele e descontar minha raiva. Todas as vezes que Emma me encontrava e estava chorando, seja de tristeza ou de raiva.

— Eu devia ter parado com isso há muito tempo.

— Sabe, eu não entendia quando você não pedia o divórcio, não tirava nós duas daquela situação, mas depois de anos eu entendi que eu não podia te julgar do jeito que eu fazia.

Agora que já éramos adultos eu percebia com muito mais clareza o quanto Robert deixou marcas em Hannah e em Emma, mas ficava feliz que elas estavam conseguindo recomeçar.

COMO A MEIA-NOITE [COMPLETO]Where stories live. Discover now