Capítulo 23 - Acordo

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Lena Luthor | point of view

Meu coração estava batendo descompassado quando estacionei o carro na minha vaga da empresa. Minha consciência estava pesada por ter feito o que fiz com Kara, mas no fundo, sabia que era o certo. Se ela soubesse das ameaças, certamente cometeria uma loucura.

Mantê-la no escuro e afastada de toda essa bagunça seria melhor. Eu dava conta sozinha.

Respirando fundo, saí do carro e trilhei a calçada até chegar à entrada da sede. Era gratificante observar o progresso do trabalho em conjunto. A empresa — renomada — UNIÃO, aos poucos, estava adquirido autonomia e espaço no mercado.

Tentei disfarçar o nervosismo que, a certeza do meu encontro com o Henry, estava me causando. Mas era impossível. A verdade é que desde nosso embate na minha sala, a pouco mais de duas semanas, eu estava tendo muita dificuldade em me concentrar e encontrar uma saída. Alura também estava obstinada a se livrar das chantagens impostas por ele, mas ambas estávamos de mãos atadas. Não havia alternativa a não ser pagar o que ele vinha pedindo semanalmente.

Eu estava com raiva e frustada, porque isso não era justo. A empresa estava crescendo sob o suor do trabalho de muitas pessoas e esse salafrário queria extorquir tudo o que estávamos conquistando.

Soltei um suspiro derrotado, num esforço de continuar acreditando que conseguiria resolver esse problema. Marquei de almoçar com ele na intenção de lhe propor um acordo único. Uma quantia x para que ele sumisse das nossas vidas de uma vez por todas.

Alura não sabia desse encontro, apenas a Kara. Embora eu houvesse dito que a polícia estava envolvida, o que não era verdade. Só falei isso para não deixá-la ainda mais desesperada.

Droga!

Meu coração se apertou ao saber do desespero dela naquele quarto, nua e algemada. Se a situação não fosse tão crítica, eu daria risada.

Assim que passei pela recepção, uma funcionária me pediu para ir direto a sala de Alura. Assim, eu fiz.

Dei duas batidinhas na porta, e em seguida, coloquei a cabeça para dentro.

— Queria falar comigo?

— Sim. Pode entrar querida, por favor – pediu.

— Alguma novidade? – sussurrei a pergunta.

— Sim – respondeu ela — Eu, finalmente consegui falar com aquele amigo da família que mencionei antes – explicou.

— Uhum – tomei um dos assentos — E então?

— Descobri que ele não está mais no país – respondeu — Quando consegui conversar com ele, o mesmo deixou claro que não quer se envolver.

Fiz um muxoxo.

— Que merda! – fui obrigada a xingar, devido a frustração.

— Calma – disse ela, apressada — Eu não desisti tão fácil – franzi o cenho, tentando entender — Fiquei insistindo até ele ceder.

Alura pegou o celular e clicou numa mensagem gravada:

Alura, querida, eu jurei que nunca mais me envolveria nisso, pois lá atrás, já estava farto de me sentir um traidor por saber tudo o que o Jeremiah fazia com você, mas não ter coragem de fazer nada para empedi-lo. Obviamente que ele nunca foi obrigado a nada, traía por puro esporte... – nesse momento, entortei os lábios, sentindo indignação pela honra da mulher diante de mim, que estava firme — Jeremiah Danvers gostava de se divertir e não media esforços. Na época, eu tentava não ser conivente, mas era impossível, já que as viagens nos forçavam a ter convivência. Então, eu me lembro de tudo, Alura. Lembro de quando o Henry apresentou uma mulher para o seu marido, depois disso o Jeremiah não tinha mais olhos para mais ninguém, apenas para ela, Eliza. A última coisa que me lembro, antes de aceitar uma proposta para trabalhar em outro país, foi do Jeremiah falando que ela estava grávida. – ele parou de falar por um instante — Realmente sinto muito por tudo o que aconteceu. Sequer soube da morte dele. Talvez o endereço não seja o mesmo, entretanto se ainda quiser saber onde a mulher mora, eu estarei enviando a localização a você. Só peço que se cuide e seja feliz. Por favor, não me procure mais”.

De Repente CasadasWhere stories live. Discover now