Kara Danvers | point of view
Acordei com a minha cabeça explodindo de dor. Odiava quando isso acontecia; odiava perder o controle dessa maneira, mas ver o maldito do meu tio fez com que meu cérebro surtasse.
Passei o dia zanzando com o carro, até parar num bar. Minha mente não me dava trégua, então eu precisava me anestesiar.
Joguei um pouco de água no meu rosto para menizar o desconforto e, em seguida, saí do banheiro. Obviamente que eu não estava em minhas melhores condições, mas foda-se!
Caminhei em direção a cozinha, massageando minha nuca. Eu precisava de um remédio urgente.
— Bom dia!
— WOU! – gritei assustada — Que porra, Lena! Tá louca?
Pisquei, com a mão no peito. Olhei para frente e encarei a mulher que estava carregando o meu sobrenome há poucos dias. Lena estava sentada na bancada, com uma xícara de café nas mãos. Notei que ainda usava o pijama.
— Quer café? – peguntou com os olhos trincados de quem sequer dormiu.
Franzi o cenho, desnorteada.
— O que foi? Madrugou? – quis saber, enquanto trilhava o cômodo. Me aproximei dela e peguei a xícara da sua mão a fim de roubar um gole do líquido quente.
— Não consegui dormir na verdade – confessou, me fazendo arquear as sobrancelhas.
— Por quê? Você parece elétrica mesmo – observei — Por acaso teve sonhos eróticos comigo? – insinuei, me inclinando sobre ela, que me empurrou.
— Ai, cala a boca, Kara – ralhou. Desceu da bancada, enquanto eu me servia com café — Pare de se achar o último biscoito do pacote. – revirou os olhos.
Dei risada, mas logo me calei, porque minha cabeça latejou. Puxei uma cadeira para me sentar. Lena me seguiu.
— Eu não dormir, porque passei o restante da noite ocupada com isto. – depositou o diário do meu pai em cima da mesa, diante dos meus olhos. Levei a xícara fumegante de café a boca — O seu pai tinha uma amante!
O baque das suas palavras me fez cuspir todo o café.
— O que? – minha voz mal saiu — Por que... como assim? – enxuguei a boca.
Então ela se aproximou um pouco mais, pegando o diário e se estabelecendo em minhas costas. Foi impossível não inspirar seu perfume inebriante e ignorar o desejo de puxá-la contra meus braços.
— Seu pai tinha um tom de romantismo na maneira de escrever e descrever sua rotina diária – ela começou, folheando as páginas envelhecidas — Aqui, por exemplo, ele está dizendo que chegou a Central City, mas que primeiro precisou fazer uma parada a fim de admirar as Margaridas. Entretanto, essa expressão se repete frequentemente... – explicou, apontando — Aqui ele está dizendo que não estava preparado para ver ninguém sofrer, e nem ver as suas margaridas murcharem.
— De repente ele podia estar usando essa expressão para se referir a minha mãe – comentei, tentando entender.
— “A parte ruim era o turbilhão de sentimentos que eu me encontrava, muitos por causa da minha personalidade. Culpa, autopunição e medo. Eu pensava nas outras pessoas envolvidas...” – Lena leu uma passagem. — Se você observar verá que são frases aleatórias jogadas no início, no meio e no final de cada narrativa. Mas há um significado por trás, Kara. O seu pai tinha duas famílias e provavelmente estava sendo chantageado por isso.
Eu estava estática e tentando absorver as novas informações. Não entendia. Não podia aceitar essa verdade. Sempre considerei o meu pai como um exemplo, embora houvesse passado algum tempo o odiando por ter priorizado o trabalho a mim, a nós, e isso acabou o matando.
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De Repente Casadas
RomanceExiste aquele ditado: os opostos se atraem. Mas como isso funciona na prática? É possível manter um relacionamento entre duas pessoas tão diferentes? Lena Luthor e Kara Danvers irão descobrir se isso faz sentido, considerando que serão obrigadas a e...