Capítulo 9 - Apelido

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Kara Danvers | point of view

Acordei com a minha cabeça explodindo de dor. Odiava quando isso acontecia; odiava perder o controle dessa maneira, mas ver o maldito do meu tio fez com que meu cérebro surtasse.

Passei o dia zanzando com o carro, até parar num bar. Minha mente não me dava trégua, então eu precisava me anestesiar.

Joguei um pouco de água no meu rosto para menizar o desconforto e, em seguida, saí do banheiro. Obviamente que eu não estava em minhas melhores condições, mas foda-se!

Caminhei em direção a cozinha, massageando minha nuca. Eu precisava de um remédio urgente.

— Bom dia!

— WOU! – gritei assustada — Que porra, Lena! Tá louca?

Pisquei, com a mão no peito. Olhei para frente e encarei a mulher que estava carregando o meu sobrenome há poucos dias. Lena estava sentada na bancada, com uma xícara de café nas mãos. Notei que ainda usava o pijama.

— Quer café? – peguntou com os olhos trincados de quem sequer dormiu.

Franzi o cenho, desnorteada.

— O que foi? Madrugou? – quis saber, enquanto trilhava o cômodo. Me aproximei dela e peguei a xícara da sua mão a fim de roubar um gole do líquido quente.

— Não consegui dormir na verdade – confessou, me fazendo arquear as sobrancelhas.

— Por quê? Você parece elétrica mesmo – observei — Por acaso teve sonhos eróticos comigo? – insinuei, me inclinando sobre ela, que me empurrou.

— Ai, cala a boca, Kara – ralhou. Desceu da bancada, enquanto eu me servia com café — Pare de se achar o último biscoito do pacote. – revirou os olhos.

Dei risada, mas logo me calei, porque minha cabeça latejou. Puxei uma cadeira para me sentar. Lena me seguiu.

— Eu não dormir, porque passei o restante da noite ocupada com isto. – depositou o diário do meu pai em cima da mesa, diante dos meus olhos. Levei a xícara fumegante de café a boca — O seu pai tinha uma amante!

O baque das suas palavras me fez cuspir todo o café.

— O que? – minha voz mal saiu — Por que... como assim? – enxuguei a boca.

Então ela se aproximou um pouco mais, pegando o diário e se estabelecendo em minhas costas. Foi impossível não inspirar seu perfume inebriante e ignorar o desejo de puxá-la contra meus braços.

— Seu pai tinha um tom de romantismo na maneira de escrever e descrever sua rotina diária – ela começou, folheando as páginas envelhecidas — Aqui, por exemplo, ele está dizendo que chegou a Central City, mas que primeiro precisou fazer uma parada a fim de admirar as Margaridas. Entretanto, essa expressão se repete frequentemente... – explicou, apontando — Aqui ele está dizendo que não estava preparado para ver ninguém sofrer, e nem ver as suas margaridas murcharem.

— De repente ele podia estar usando essa expressão para se referir a minha mãe – comentei, tentando entender.

— “A parte ruim era o turbilhão de sentimentos que eu me encontrava, muitos por causa da minha personalidade. Culpa, autopunição e medo. Eu pensava nas outras pessoas envolvidas...” – Lena leu uma passagem. — Se você observar verá que são frases aleatórias jogadas no início, no meio e no final de cada narrativa. Mas há um significado por trás, Kara. O seu pai tinha duas famílias e provavelmente estava sendo chantageado por isso.

Eu estava estática e tentando absorver as novas informações. Não entendia. Não podia aceitar essa verdade. Sempre considerei o meu pai como um exemplo, embora houvesse passado algum tempo o odiando por ter priorizado o trabalho a mim, a nós, e isso acabou o matando.

De Repente CasadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora