Capítulo 14 - Hospital

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Lena Luthor | point of view

Eu praticamente flutuei para dentro de casa, uma vez que mal estava sentindo meus pés. Meu coração estava sufocando. Minha mente estava tão bagunçada quanto à sala. Quando Sam ligou mais cedo para avisar do meu pai, eu sequer pensei direito e, simplesmente saí desgovernada.

— Lena, por favor, vamos conversar – ouvi a voz de Kara, mas ignorei totalmente. Nesse momento, ela era a última pessoa que eu queria ver — Lena, espera...

— Vou tomar um banho, pois preciso voltar ao hospital – avisei num tom seco.

Entrei no banheiro, sentindo meus olhos marejados. Tudo o que minha mente me mostrava era o meu pai numa cama de hospital. Ele estava piorando. O tratamento com a Quimioterapia estava acabando com ele.

Arranquei minhas roupas e fui para debaixo do chuveiro. A água quente me fez gemer quando a mesma entrou em contato com minha pele. Estava vendo minha realidade passeando diante dos meus olhos, zombando de mim. O que eu faria sem o meu pai? Ele era a minha âncora.

Meu rosto se contorceu e deixei as lágrimas descerem livremente, me permiti chorar tudo o que tinha para chorar. Eu estava com medo e essa sensação era muito ruim.

Empertiguei-me quando a porta foi aberta lentamente. Kara entrou de modo cauteloso. Na mesma hora, eu desliguei o chuveiro e peguei a toalha para me cobrir.

— Lena... – chamou baixinho.

— Sai – exigi, secando minhas lágrimas enquanto deixava o box — Me deixe em paz.

Tentei passar por ela, que estava bloqueando a porta, mas sua mão segurou meu braço.

— Ei? – seu tom soou manso — Você não precisa ser durona o tempo inteiro.

Meu coração idiota se apertou quando novamente a realidade se fez presente em minha mente. Não resisti às lágrimas que se acumularam em meus olhos. Desabei, mas Kara estava ali para me segurar em seus braços fortes. Agarrei-me a ela como se fosse minha única saída. Como se de alguma forma, ela pudesse ela pudesse me transmitir a força que eu precisava.

— Se algo acontecer ao meu pai, eu ficarei sozinha – solucei, sentindo os espasmos do choro dominando meu corpo.

— Você tem a mim – garantiu, acariciando minhas costas e braços.

— Isso não é verdade – falei, ressentida — Quando tudo isso acabar, eu estarei sozinha, com uma empresa bem sucedida e um coração vazio.

Ela não falou nada, o que não me surpreendeu.

Afastei-me, fungando o nariz. Kara trouxe os dedos abaixo dos meus olhos e enxugou minhas lágrimas. Por alguns instantes nos encaramos, mas sem nada dizer, embora as palavras quisessem flutuar pela minha boca.

— Eu... – respirei fundo, esforçando-me para raciocinar — Preciso voltar ao hospital.

— Vou com você – foi um aviso.

Não neguei, pois no fundo precisava do apoio de alguém. Não sabia quanto tempo mais aguentaria de pé.

(...)

— Sobre a garota no táxi, eu...

— Não precisa explicar nada, Kara – cortei, fazendo uma careta e tentando dispersar a sensação ruim que me abateu. Entretanto, eu jamais a deixaria saber que imaginá-la com outra me causava incômodo.

— Mas eu quero explicar, poxa! – exasperou-se. Ela estava dirigindo o nosso carro em direção ao hospital. Soltei um suspiro e decidi olhar para a paisagem do lado de fora da janela — Eu estava com raiva de você, sim, mas juro que não a traí. Não traí a promessa que fiz de respeitá-la – continuei em silêncio — Fui até o bar e passei algum tempo lá, bebendo e conversando com o pessoal. Na hora de ir embora, a garota se ofereceu para dividir a corrida comigo, já que aquele era o único táxi disponível – dei um pulinho quando ela buscou minha mão, forçando meu olhar — Mas foi apenas isso, Lena. Por favor, acredite em mim.

De Repente CasadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora