Capítulo 35

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Sentir o perigo cara a cara já era costume na minha vida, mas nunca pensei que ele viria de alguém próximo a mim, como Peter. A imagem descomunal dele, de olhos vermelhos e presas à mostra, como um animal raivoso e descontrolado, me assustou, tanto que meu cérebro travou, fazendo meu corpo paralisar de choque. Já até havia me conformado de que iria ser mordida por ele agora, mas Levi não deixaria isso acontecer. Por isso, ao invés do meu pescoço, Peter cravou seus dentes no braço de Levi que o pôs entre mim e Peter para impedir que me mordesse. Um misto de alívio e preocupação pela feição de dor que Levi demonstrava me invade por completo e faz meu cérebro voltar à ativa.

- Levi! - Digo, preocupada, enquanto Peter aperta com as mãos o braço de Levi contra sua boca para sugar o máximo de sangue que conseguir.

- Ele está faminto, não deve ter comido esses tempos. - Supõe Levi que deixa por livre e espontânea vontade que Peter beba do seu sangue.

- Meu bebê!! - Alicia vem correndo da cozinha e abraça minha barriga. - Tudo bem, foi só um susto. - Ela fala como se o bebê dentro da minha barriga pudesse compreendê-la.

- Você não notou que ele estava com fome? - Pergunta Levi para Alicia.

- Não, ele estava normal. - Ela para de murmurar com o bebê e ergue-se com uma mão no peito e outra na testa, parecendo chocada. - Ai meu Deus! Ele podia ter me mordido! - Reviro os olhos por sua falta de atenção, mas não posso julgá-la já que nem eu reparei algo estranho nele.

- Provavelmente ele iria te matar por sugar todo seu sangue, como pode ver. - Comenta Levi, olhando para Peter que continua agarrado em seu braço.

- O que eu posso fazer para ajudar? - Pergunto.

- Seu canivete de prata pura, traga-o para mim. - Pede Levi.

- Certo. - Vou até minha bolsa no quarto dentro da casa e pego o canivete. Quando volto à varanda, Alicia não está mais lá. - Onde está Alicia?

- Ficou enjoada ao ver o sangue e foi no banheiro. - Reparo no sangue que escorre do seu braço onde Peter continua mordendo. - O canivete. - Levi me estende a mão desocupada e eu o entrego a arma branca.

- O que vai fazer? - Vejo-o abrir o canivete, deixando a lâmina do objeto à mostra.

- Ele não vai parar se eu não o impedir. - Ele ergue o objeto afiado e o finca no ombro de Peter que para de mordê-lo em seguida, soltando um gemido de dor.

- Você vai matá-lo! - Levi tira a lâmina da ferida aberta, e Peter leva a mão ao local parecendo notar o que está acontecendo.

- Vai se curar logo, não se preocupe. - Levi tenta me confortar.

...

Depois de Peter parecer ter voltado ao normal já que pedia desculpas simultaneamente sem pausa, eu e Levi o levamos para se sentar dentro da casa e esperar sua ferida se curar. Levi foi lavar seu braço ensanguentado que já estava curado e eu me sentei ao lado de Peter para conversar com ele. Alicia ainda está se recuperando em algum banheiro.

- Por que não tem se alimentado? - Pergunto-o.

- O único sangue que eu bebia vinha daquela mulher que te sequestrou e agora ela está morta.

- Por que não tenta beber sangue humano? Não precisa ser direto da fonte já que Levi tem algumas bolsas de sangue aqui.

- Não quero ser comparado com esses sangue sugas. - Ele diz com rancor.

- Mas você já não tem mais de quem beber sangue vampiríco, vai acabar morrendo de fome ou atacando qualquer outra pessoa como o que acabou de acontecer.

- Eu não pedi para ser isso, seria melhor mesmo se eu morresse.

- Não diga uma coisa dessas! Tudo tem seu lado positivo.

- E qual seria o lado positivo disso? - Ele finalmente me olha.

- Bom, seus sentidos se aguçam e você pode usar isso a seu favor nos jogos de futebol. - Ele ri.

- Isso seria trapaça.

- Quem nunca trapaceou na vida? - Sorrio de lado, levantando uma sobrancelha. Ele para de sorrir, parecendo ficar sério.

- Me desculpa, não queria ter feito aquilo.

- Está tudo bem, sei que aquele não era você. - Sorrio para aliviar sua preocupação.

- Onde está Alicia? Eu a feri também?

- Não, ela apenas não se dá bem com sangue.

- Que bom.

- Está doendo? - Olho para sua ferida que felizmente parou de sangrar.

- Um po... - Ele é interrompido pelo soar da campainha, e eu estranho que alguém tenha vindo a essas horas, ainda mais porque não revelamos nossa localização para mais ninguém.

- Eu já volto. - Me levanto e vou até a porta, sendo cautelosa ao olhar pela câmera do interfone. Não há ninguém. Abro a porta e encontro um envelope de carta preto, com um símbolo que remete a uma cruz, jogado no chão da entrada. O pego.

- Merda. - Ouço a voz de Levi atrás de mim, e me viro para ele, notando que ele olha fixamente para o envelope em minhas mãos com cara de que algo deu errado.

Da Cor Do SangueUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum