Capítulo 20

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Agora entendo o por quê dele ter feito aquela expressão de medo quando me declarei para ele. Ele tem receio que eu acabe como Bethy, e que ele não possa fazer nada para me salvar. Mas não sou como ela, não sou a Bethy, sou a Carrie Manson, e se me transformar em vampira me dá mais tempo com Levi além de ele não precisar se preocupar mais sobre eu morrer, então eu quero ser uma vampira. Mesmo que nossa relação não dure para sempre, eu quero estar ao lado dele quando precisar. Olho para a criatura adormecida ao meu lado na cama, dessa maneira parece até um anjo. Estava prestes a encostar nas mechas do seu cabelo preto que escondiam seu rosto, mas seu reflexo é rápido, agarrando meu pulso antes que eu concluisse o ato. Suas pálpebras se abrem, me possibilitando ver suas íris escuras como a noite.

- Bom dia. - Digo. Ele rola para cima de mim, segurando meus pulsos acima da minha cabeça com uma das mãos.

- É perigoso mexer com um vampiro enquanto ele dorme. - Me alerta.

- Pensei que vampiros dormissem num caixão. - Sorrio.

- É mais confortável na cama. - Sorri, me dando um selinho em seguida. - Está com fome?

- Um pouco.

- Vou te levar para tomar café da manhã. - Ele puxa meus pulsos para si, nos fazendo ficar sentados na cama, um de frente para o outro. - Considere isso como um encontro.

...

Não acredito que no nosso primeiro encontro eu esteja vestida dessa maneira, com um vestido de festa amassado, cabelo desarrumado e... sem calcinha. Seria nojento e desconfortável ficar com ela encharcada de suor, mas acho que tirá-la também não foi uma boa opção. Que burrice! Puxo meu vestido para baixo me condenando pela má escolha que fiz.

Estamos na Dreams, o que me faz lembrar de uma certa ocasião com Jade. Depois de ter ignorado seus avisos, ou melhor, ameaças, e ainda ter trepado com seu "amor", com toda certeza posso afirmar que cavei minha própria cova. Já até consigo imaginar ela me matando enquanto grito por socorro. Sentamos em uma mesa disposta dentro do lugar e recebemos o menu de uma garçonete. Levi deixa o cardápio de lado enquanto eu faço meu pedido. A garçonete se retira quando Levi diz que não quer nada.

- Não vai comer?

- Vampiro, lembra? - Ele ergue o canto superior da boca com o polegar, mostrando sua presa pontuda.

- Você é tão humano que me fez esquecer disso. - Ele esboça um sorriso triste.

- Não diria isso se soubesse do meu passado.

- Como você disse, é passado, então não me importa. Não vou parar de te amar mesmo que seja algo horrível. - Confesso.

- Mesmo que eu tenha sido um monstro?

- Eu já disse, é passado. - Minha refeição chega, fazendo-nos esquecer da discussão.

...

Depois de apenas eu comer enquanto Levi olhava atentamente cada movimento que eu fazia, ele se ofereceu para me levar para casa. Por mais que eu quisesse ficar o resto do dia com ele, outra pessoa provavelmente estava me esperando em casa, Peter. Eu certamente não posso contar à ele tudo o que se passou com Levi, já que conhecer um vampiro não é algo tão normal assim, mas com certeza devo explicações à ele, ainda mais depois do que teve que presenciar e sair machucado de uma briga que não era sua.

- É ali. - Digo apontando para casa contemporânea de cor branca, a minha casa. Levi estaciona a moto em frente ao local e desce da mesma logo depois de mim. - Obrigada por me trazer. - Lhe entrego o capacete. - Tchau. - Me viro para ir para dentro da casa.

- O seu namorado não ganha um beijo de despedida? - Sorrio mordendo o lábio e me viro de volta para ele.

- Namorado?

- Não quer ser minha namorada?

- Eu quero! - Ele sorri, se aproximando lentamente.

- Que bom. - Ele coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, levando a mão à minha nuca em seguida. Sua boca se aproxima e meus lábios se abrem para recebê-lo.

- Seu canalha! - Somos interrompidos pelo grito de Peter que sai da casa sendo segurado por Alicia. - Quem você pensa que é para sair sequestrando garotas por aí!? - O aperto de Alicia é fraco, pois logo Peter já está frente à frente com Levi. Reparo no curativo presente em seu rosto e me sinto um tanto culpada por ele estar assim. - Me responda! Quem é você!? - Peter encosta seu peitoral junto ao de Levi e levanta a cabeça alguns milímetros para ficar olho no olho com ele, já que agora noto que Levi é um pouco mais alto.

- Peter, se acalme. Eu estou bem, não vê? - Tento dissipar a tensão, mas os dois continuam colados e Levi esboça um sutil sorrisinho.

- A estranha está certa, se acalme, não vale a pena brigar por essa aí. - Reviro os olhos.

- Sério que vai começar com sarcasmo agora, Alicia? - Digo, tentando manter a situação o mais calma possível. Aliás, se Levi usar sua real força no Peter com certeza ele voa longe.

- Antes eu quero saber o nome desse cretino. - Continua Peter, exaltado.

- Por que não disse antes? O nome dele é Levi Fitzroy. - Revela Alicia. Eu a fuzilo com o olhar, como se a mandasse calar essa maldita boca.

- Já sabe meu nome, agora pode parar com o show. - Sinto que Levi o provoca, mesmo que sutilmente. Peter solta uma risada sarcástica.

- Você tem coragem. - Diz Peter, que se vira de costas para Levi, mas logo volta lançando um soco em sua face, e balançando a mão em seguida como se tivesse doído. Levi leva sua mão ao lábio que sangra aos poucos, parecendo surpreso. - Estamos quites agora.

- Levi, tudo bem? - Pergunto preocupada e também surpresa pelo soco de Peter ter surtido efeito em um vampiro.

- É melhor eu ir embora já que não sou bem vindo aqui. - Me despeço novamente de Levi e o observo sumir da minha visão.

- Você! - Chama Peter, me fazendo virar para encará-lo. - Vamos entrar e conversar sobre isso. - Droga! Preciso arranjar uma explicação agora mesmo.

Da Cor Do SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora