Capítulo 17

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Nunca vi Levi agir daquele modo, sendo tão agressivo e insensível comigo. Aquelas palavras foram como uma facada no coração. Como ele pôde ser tão babaca? É claro que ele nunca foi um cavalheiro, mas dizer aquelas coisas daquele jeito frio foi além da sua arrogância natural. Foi cruel. Tento me confortar dizendo a mim mesma que o mundo não gira em torno dele, mas sei que é uma completa mentira. Ultimamente, tudo que acontece na minha vida gira em torno dele. Quando foi que eu fiquei tão dependente dele?

- Preciso voltar a ser independente. - Penso em voz alta, sentada no sofá da sala de estar que só agora pôde me proporcionar liberdade, já que meu pai e minha madrasta viajaram à negócios.

- Ei! - Mal percebo a chegada de Alicia no local já que estava divagando em pensamentos. - Nós vamos na Blood Kiss essa noite.

- Nós quem? - Pergunto enquanto ela passa pela minha frente para se sentar no outro canto do sofá.

- Eu e talvez Peter. - Peter e ela? Logo com quem ele prefere manter distância por causa das investidas nada discretas? - Não me entenda mal, eu não quero que você vá, mas Peter disse que sem você ele não iria. - Agora está explicado!

- E eu não vou. - É melhor manter distância daquele lugar se eu quiser ser independente do Levi novamente.

- Fala sério! Você realmente não tem um pingo de compaixão por mim?

- Não.

- Eu prometo ficar te devendo uma, farei o que você quiser. - Olho para ela que quase me suplica e levanto uma sobrancelha, tentada por essa proposta.

- Você jura? - Tento confirmar sua promessa.

- Juro. - Ela mostra as mãos enquanto pronuncia a palavra para que eu possa ver que não está cruzando os dedos.

- Ok. Eu vou. - É, eu estou literalmente me jogando na jaula do leão.

...

- Por que você não pensou nisso antes? - Discutimos do outro lado da rua em frente à Blood Kiss após sermos barrados porque ninguém pensou antes em como entraríamos sem estarmos acompanhados de um adulto.

- Brigar agora não vai ajudar em nada, se acalmem! - Pede Peter, o único que parece ter paciência aqui.

- Se vocês tivessem feito a merda da identidade falsa nada disso estaria acontecendo! - Continua Alicia.

- Essa não é uma das melhores soluções, você sabe. - Peter diz calmamente, sem aparentar nenhum pingo de raiva em seu tom.

Mas, lógico, eu sei de um jeito para entrar despercebida. O que o amor não faz, não é mesmo? Quando vim me declarar para Levi, consegui entrar pela janela do banheiro nos fundos da balada, que não sei o porquê de ser tão grande a ponto de caber uma pessoa. Enfim, parece que temos uma solução.

- Eu sei de um jeito. - Revelo.

...

- Eu não vou passar por aí. É nojento! - Reclama Alicia.

- Você prefere isso ou voltarmos para casa? - Informo e ela bufa parecendo ceder a minha estratégia.

- Tá legal, deixa eu ir de uma vez! - Arrastamos uma lixeira até o rumo da janela para que Alicia suba e consiga entrar por lá. Eu e Peter seguramos o latão para que não balance enquanto Alicia entra pela janela e esperamos ela dar o sinal de que está tudo bem. - Entrei!

- Ótimo! - Digo, satisfeita com o plano. Agora é minha vez. Subo em cima da lixeira bamba, mas pelo visto sou mais pesada pois a tampa se amassa me fazendo escorregar e cair para trás. Fecho os olhos, como se não enxergar fosse diminuir a dor de bater contra o chão. Mas, por um milagre ou talvez agilidade, caio nos braços de Peter assustada e aliviada por ser salva.

- Ei! O que estão fazendo!? - Um homem com roupas de segurança grita quando nos vê nessa péssima ocasião. Logo Peter me coloca de pé e corremos o mais rápido possível para longe dali, com o homem nos seguindo e gritando para pararmos.

...

- Nossa! - O ar entra e sai pelo meu pulmão com dificuldade quando paramos depois de despistar o homem, correr da encrenca cansa.

- Acho que nunca corri tão rápido em toda minha vida! - Diz Peter que também suspira com dificuldade, mas parece estar melhor que eu que sou uma sedentária de nascença. Quando recuperamos o fôlego, olhamos um para o outro e rimos. - Isso foi demais!

- Incrível! - Digo entre risos. De repente, Peter fica sério e cessa a gargalhada. - O que foi? - Eu faço o mesmo.

- E Alicia? Deixamos ela lá. - Caramba! Não acredito que fiz uma das coisas que mais queria sem nem perceber: deixar Alicia sozinha com seus pensamentos, e talvez assim ela pudesse repensar sua relação comigo.

- Ela sabe se virar sozinha, vai ficar bem.

- Tem razão.

- Obrigada por me salvar.

- Teria sido feio se eu não estivesse ali. - Sorri.

- Muito feio. - Sorrio. Sua aproximação é lenta, consigo sentir sua respiração cada vez mais próxima. Meu coração acelera quando percebo o que estamos prestes a fazer. Antes que pudessemos fechar os olhos para aproveitar a sensação do possível beijo, uma mão fechada acerta o rosto de Peter. Fico em choque por alguns segundos, mas quando vejo a identidade do agressor meus punhos se cerram em raiva. É Levi.

Da Cor Do SangueWhere stories live. Discover now