Capítulo 18 - O apartamento

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Eram oito horas da manhã, quando Gilbert acordou para ir ao trabalho naquela quinta-feira nublada. Estava um pouco atrasado, mas isso particularmente não o preocupava, pois como o pai lhe dera carta branca para resolver as coisas do casamento durante aquele mês, ele poderia usar essa desculpa caso John Blythe resolvesse perguntar por que não estava na empresa, no horário em que teriam algumas reuniões importantes.

Era uma forma de se rebelar contra o que ele pensava ser um abuso de seu pai sobre ele, pois desde que se formara e fora trabalhar na empresa da família, John parecia pensar que podia decidir seu futuro por ele. Gilbert só não assinava sua carta de alforria de uma vez, porque precisava estar presente naquele ambiente para assegurar de que nada do que pertencera à sua mãe seria surrupiado por outra pessoa.

Era por ela, que suportava a maneira como seu pai parecia exigir cada vez mais dele, sem nunca cumprimentá-lo por um trabalho bem feito, ou todo o seu esforço empregado em uma tarefa complicada, enquanto dava plenos poderes para Billy fazer o que quisesse.

Era como se mantendo seu primo por perto , John o fizesse se lembrar a todo instante tudo o que podia perder, se pisasse na bola de novo, e somente por essa constatação, o desprezo que sentia pelo homem que lhe dera seu sobrenome aumentava a cada dia.

Gilbert terminou seu café com calma, e enquanto estava indo para o trabalho, seu telefone tocou. Ele o colocou no viva a voz ao verificar que era sua avó, sentindo-se um pouco preocupado com a ligação, pois ela dificilmente ligava a não ser que o assunto fosse sério. Sua avó Cora dizia que a modernidade e ela nunca seriam boas amigas, e que preferia falar cara a cara com uma pessoa, do que através daquela tela metálica.

-Bom dia, vovó. Como a senhora está?- Gilbert perguntou, sentindo-se leve ao ver o sorriso largo de Cora, que o olhava de um jeito que o lembrava sua mãe. Ele tinha poucas lembranças dela, mas sua avó sempre lhe contava inúmeras histórias sobre ela em sua infância, para manter viva a memória dela, e Gilbert era-lhe muito grato por isso.

-Bom dia, querido. Eu estou ótima. E você?

-Estou ótimo também. - o rapaz respondeu, sorrindo-lhe de volta.

-Posso ver daqui sua carinha de felicidade. E como vai sua linda noiva?- Cora perguntou, fazendo Gilbert sorrir mais ainda. Pensar em Anne realmente lhe fazia bem. Ela vinha se revelando uma ótima companheira para tudo, e tinham se aproximado muito nos últimos dias, mesmo quando ela parecia ter sempre uma resposta ácida para lhe dar na ponta da língua quando conversavam, ainda assim, ele preferia a companhia dela a qualquer outra.

Sem contar os inúmeros beijos que trocaram no último fim de semana. Ele já estava totalmente viciado. Talvez pudesse usar a mesma tática que ela usara com ele no jogo, e calá-la com um beijo toda vez que ela tivesse algo desagradável a dizer a seu respeito, pois agora que tinham alcançado esse tipo de intimidade, Gilbert não pretendia mais parar.

-Anne está bem. Deve estar na faculdade a essa hora. - ele respondeu, consultando seu relógio de pulso. Em seguida, olhou novamente para a tela do seu celular, e perguntou, franzindo a testa de preocupação:- Tem algum motivo especial para ter me ligado a essa hora?

-Tem, mas não vou te dizer por telefone. Pode passar aqui mais tarde? Preciso falar com você.

-Não vai me adiantar o assunto? Vou ficar preocupado se não me disser nada. - Gilbert pediu, tendo a nítida sensação de que Cora estava lhe escondendo alguma coisa.

-Você sabe que odeio conversar por telefone. E não precisa ficar preocupado, pois o que tenho a te falar é algo relacionado ao seu casamento com Anne. Então, acha que consegue um tempo para me ver hoje?- Cora perguntou, com seus olhos inteligentes encarando Gilbert diretamente, e eram tão cheios de vida que o rapaz tinha a impressão que ela estava exatamente à sua frente, e não na tela do celular.

-Eu sempre tenho um tempo para a senhora, vovó. Que tal eu te levar para almoçar?- o rapaz sugeriu.

-Prefiro eu mesma preparar o almoço. Estarei à sua espera ao meio dia.- Cora afirmou.

-Estarei aí nesse horário. - Gilbert respondeu, entrando naquele momento na rua onde se localizava a empresa de seu pai.

-Tenha uma boa manhã de trabalho. - Cora falou, finalizando assim a ligação.

-Obrigado. - Gilbert respondeu, e em seguida entrou no estacionamento, onde um dos funcionários o esperava. Ele deixou o carro aos cuidados dele e entrou na empresa, sendo cumprimentado por sua secretária que lhe disse:

-Seu pai o espera na sala de reuniões. Ele me perguntou três vezes se o senhor havia chegado. - Sandy disse, parecendo aliviada por ele ter finalmente aparecido.

-Irei até lá. Pode por favor, entregar esses documentos no setor de exportações?- Gilbert pediu, entregando a ela um envelope lacrado.

-Certamente. - ela respondeu solícita.

-Obrigado.- o rapaz respondeu com um sorriso, e se encaminhou para a sala de reuniões.

-Bom dia. - Gilbert disse ao grupo de diretores que estavam sentados à mesa, discutindo um dos assuntos em pauta, e viu com desagrado Billy o olhando como se divertisse com algum assunto tenebroso, criado por sua mente pervertida.

-Filho, será que posso falar com você um instante? - John pediu com o rosto bastante sério, que não surtiu nenhum efeito sobre o psicológico de Gilbert, que ignorou completamente o olhar agudo que John lhe lançou.

-Claro, papai. - ele respondeu com toda a calma do mundo.

-Com licença, senhores. - John disse às outras pessoas presentes na reunião, e com um aceno de cabeça fez Gilbert segui-lo até o escritório.

No momento em que fechou a porta, o homem despejou sobre o rapaz toda a sua ira:

-Como se atreve a chegar atrasado em uma reunião tão importante?

-Achei que tinha me dito que iria aliviar meu lado nesse mês por conta do meu casamento. - Gilbert respondeu com uma serenidade que irritou ainda mais John.

-Mas não para esse tipo de compromisso. Você é um executivo importante nessa empresa, e está a frente de vários projetos igualmente importantes, e por isso, espera-se que tenha o mínimo de comprometimento e responsabilidades com eles.- John disse em seu tom autoritário.

-Achei que meu primo tivesse me substituído com eficiência nessa função. - o rapaz disse com certo sarcasmo que não conseguiu esconder nem mesmo de John.

-Ele não é meu filho. - John contra atacou.

-Que engraçado se lembrar disso somente agora. - Gilbert contra atacou de volta.

-O que quer dizer com isso? - John perguntou com a mão na cintura.

-Pela maneira como o elogia todo o tempo, eu tenho a impressão que o considera mais seu filho do que eu. Gilbert o acusou.

-Que besteira está dizendo? - John se espantou com aquela afirmação.

-Não é besteira nenhuma. É apenas uma constatação da verdade. Por que não o adota de uma vez? Acho que ele seria o filho perfeito que nunca fui. - Gilbert disse com certo ressentimento.

-Então, é isso que pensa? Que queria que Billy fosse o meu filho?- John nunca poderia ter imaginado tal coisa. Que Gilbert tivesse certa dificuldade em aceitar que era tratado como qualquer funcionário dentro daquela empresa, John podia entender, mas fazia isso para que ele fosse um líder justo um dia, tratando a todos com o mesmo respeito e consideração. Porém sequer imaginara que Billy fosse a causa de uma mágoa ainda maior.

-Eu falo o que vejo, e sinceramente nos últimos tempos, sinto que tenho sido uma completa decepção para o senhor, mesmo me esforçando mais do que a maioria. No entanto, tudo o que tenho ouvido vindo do senhor são críticas ao meu desempenho, então acho que essa conversa que estamos tendo aqui é uma completa perda de tempo.- Gilbert desabafou, suspirando profundamente.

-Filho, isso não é verdade. Apenas me escute.- John quase implorou. Seu relacionamento com Gilbert parecia desmoronar um pouco mais a cada dia, e ele simplesmente não sabia mais o que fazer para recuperar o companheirismo que um dia tiveram.

-Não temos mais nada para falar, papai. Acho melhor voltarmos para a reunião. - Gilbert respondeu, abrindo a porta novamente, e quando John ia dizer que esperasse mais um minuto que precisavam esclarecer aquele assunto, o rapaz já estava no corredor, indo em direção à sala de reuniões.

Naquela mesma manhã, Anne tinha feito a sua última prova do dia, e caminhou até a saída para esperar por Lindy, que ficara de ir com ela até a loja de noivas para experimentar o seu vestido de dama de honra, assim como Anne também faria a segunda prova do seu vestido.

Não estava propriamente animada para isso, mas Lindy estava, e até parecia que ela era a noiva e não o contrário. A amiga amava tudo o que se referia a casamento, desde os trajes até a recepção. Anne ficava imaginando que quando fosse a vez dela se casar, seria o acontecimento do ano.

-Desculpe a demora, mas Brian estava particularmente intenso hoje.- Lindy disse com uma risadinha, que fez Anne torcer o nariz e dizer:

-Não precisa me contar os detalhes. Não quero saber.

-Espere mais um pouco, e logo você e Gilbert vão estar do mesmo jeito.- ela profetizou, fazendo Anne responder:

-Você parece que se esquece que nada entre Gilbert e eu é de verdade.

-Como você consegue resistir, Anne? Aquele homem é tão....

-Gostoso. Eu sei.- Anne disse, completando a frase da amiga, que a olhou surpresa e perguntou:

-Então, você admite que Gilbert é uma tentação?

-Sim, eu admito que ele é gostoso, tem um beijo que é uma delícia, e mãos tão quentes que me deixam louca, Anne confessou, se sentindo completamente envergonhada.

-O que? Que história é essa de mãos quentes? Por acaso rolou alguma coisa que você não me contou? - Lindy perguntou, abrindo a porta do carro para Anne.

-Não. A gente só se beijou. Mas o jeito com que ele me abraça, me faz pensar nas mãos dele o tempo todo. Acha que sou pervertida por isso?- Anne perguntou com a testa franzida.

-É claro que não, querida. Isso é algo perfeitamente normal, principalmente quando se está atraída por alguém. Como se sente com a ideia de Gilbert te tocar?- Lindy sempre era direta nesses assuntos, mas Anne ainda tinha dificuldade em falar desse tipo de intimidade sem sentir seu rosto queimar.

-Não sei se quero descobrir. Esse casamento não vai ser por amor, Lindy, então, me parece errado pensar sobre isso com um homem que será meu marido por contrato.- Anne explicou. Não queria arriscar seu coração nisso, pois era perigoso demais ir por aquele caminho.

-Mas você não tem vontade de experimentar? Não tem que envolver sentimento, Anne, só desejo e paixão. Você tem vinte um anos e nunca teve experiência nenhuma sexual. Não acha que seria legal conhecer esse lado pelo menos uma vez?- Lindy perguntou, encarando Anne por cinco segundos, antes de voltar a prestar atenção no trânsito. Ela se preocupava demais com Anne no campo sentimental. Ela nunca namorara ninguém, e por isso era totalmente leiga no que dizia respeito ao que acontecia entre um casal. Por isso, ela tinha certeza que Gilbert era o cara certo para despertar esse lado dela ainda adormecido, pois ele tinha uma sensibilidade que talvez outro rapaz não tivesse.

-Talvez, mas não com o Gilbert. - Anne afirmou com veemência.

-Ele vai ser seu marido, Anne.

-De mentira. - ela disse quase com raiva.

-Por que não esquece esse detalhe e se concentra no que sente? Na maneira como Gilbert te afeta? Em tudo o que podem viver juntos? Seria uma história linda, se você se permitisse vivê-la.- Lindy aconselhou, mas Anne balançou a cabeça e respondeu:

-Não posso me dar a esse luxo. Ele é o cara que ameaçou meu pai, que está me forçando a esse casamento. Então, me diz como acha que isso pode dar certo?- Lindy não respondeu, pois não saberia o que dizer. Aquele era o ponto que poderia arruinar todo aquele relacionamento, se Anne apenas se concentrasse nisso e esquecesse todas as coisas boas que Gilbert poderia trazer para sua vida.

Elas chegaram no shopping e foram para a loja de noivas, onde Anne provaria o vestido. Dessa vez, como a vendedora a conhecia, ela foi imediatamente levada à costureira, assim como Lindy, e logo estavam usando os respectivos vestidos.

O de Anne ficou perfeito, e enquanto a ruivinha observava o efeito do tecido branco com seus cabelos ruivos, Lindy se aproximou em seu vestido azul, cujo único ajuste seria no comprimento, e disse:

-Está fantástica, amiga. Quem diria que eu a veria vestida assim antes de mim.

-Seu dia irá chegar, Lindy. E será muito especial, pois estará se casando com o homem que ama.- Anne disse com a voz entristecida. Não queria pensar sobre isso naquele momento, mas a ocasião acabava influenciando em seus pensamentos.

Ali estava ela, usando um vestido maravilhoso, e que celebrava exatamente o contrário do que deveria ser aquele compromisso que assumiria com Gilbert. Nunca pensara que usaria algo assim, pois casamento nunca fora uma de suas preocupações, mas agora que se via envolvida em um, ela desejava que fosse pelos motivos certos.

-Acha que seria difícil se apaixonar por Gilbert? - Lindy perguntou, fazendo eco a seus próprios pensamentos que muitas vezes lhe fizeram a mesma pergunta.

-Não acho que seria difícil me apaixonar, e é aí que está meu maior receio.- Anne respondeu com honestidade. Era fácil esquecer porque ela e Gilbert estavam juntos, quando ele a olhava com carinho ou lhe sorria com cumplicidade, por isso ela não se permitia viver os momentos com ele sem ter em mente o contrato que assinara.

-Não sei se entendi. - Lindy parecia confusa com suas palavras, e por isso Anne foi mais clara.

-Eu não posso me apaixonar por ele, sabendo que daqui a cinco anos terei que deixá-lo, levando comigo um coração partido.

-Você sabe que sentimentos não podem ser controlados - Lindy a alertou.

-Os meus, eu posso. - Anne falou com tanta convicção, que fez Lindy retrucar:

-Quando fala assim, é porque já estão totalmente fora de controle.

-Eu sei me preservar. - Anne respondeu, mas no fundo se perguntava se sabia mesmo, porque quando Gilbert a beijava, ela simplesmente perdia a noção de si mesma, e tinha medo do que aconteceria se ele a tocasse também.

-Você ainda tem muito que aprender. Vou deixar que descubra com o tempo.- Lindy disse, dando uma boa olhada em si mesma no espelho de corpo inteiro.

Um tempo depois deixaram a loja, depois de Anne marcar a última prova do vestido para uma semana antes do casamento e caminharam até o estacionamento, onde Lindy lhe perguntou:

-Você vai para casa agora?

-Não. Eu preciso ligar para o Gilbert, ele me pediu que fosse até o apartamento dele hoje para ver se quero mudar alguma coisa na decoração que deixasse o lugar mais à minha cara. Como se eu realmente entendesse alguma coisa sobre isso - Anne disse rindo.

-Que gentil da parte dele te pedir isso. Eu te disse que ele se importava com você. - Lindy disse com um sorriso conspirador.

-Não viaja, Lindy. É apenas uma gentileza como você mesma disse. E não acho que quero mudar alguma coisa naquele apartamento imenso, afinal eu não sou a dona dele. - Anne afirmou, dando de ombros.

-Mas vai viver nele por cinco anos. Talvez seja nisso que Gilbert tenha pensado. Ele quer que se sinta confortável em seu novo lar.- Lindy pontuou.

-Eu só tenho um lar que é a casa de meu pai.- Anne rebateu, pegando o celular para ligar para Gilbert.

-Ah, Anne. Por que tem que ser tão difícil?- Lindy balançou a cabeça.

-Eu só sou realista. - ela respondeu, discando o número de Gilbert.

Naquela hora, Gilbert estava sentado à mesa de sua avó Cora, saboreando uma lasanha que só ela sabia fazer. Era o prato que o rapaz mais gostava, embora qualquer comida que ela preparasse fosse deliciosa.

-Então, vovó o que tem de importante para me dizer?- Gilbert perguntou, ainda ansioso com aquela conversa.

-Não é nada demais, querido. Desejo apenas que convide sua noiva e a família dela para jantarem aqui em casa amanhã. - Cora respondeu, revelando o que Gilbert queria tanto saber.

-E não podia ter me dito isso por telefone? Eu realmente fiquei preocupado, vovó. - o rapaz disse, pousando o garfo ao lado do prato.

-E perder a oportunidade de ter você almoçando comigo? De jeito nenhum. - Cora disse, cheia de bom humor.

-Desculpe, vovó. Eu sei que não tenho vindo muito aqui, mas a empresa tem me tomado muito tempo, e agora com o casamento, tenho tanta coisa para resolver.- ele respondeu, se sentindo culpado por tê-la negligenciado. No passado, Gilbert almoçava ou jantava com Cora duas vezes por semana, e às vezes também dormia por lá pelo menos um fim de semana no mês, e faziam muitas coisas juntos.

Mas nos últimos tempos, isso tinha acabado, pois eram tantas as responsabilidades que o rapaz não conseguia mais conciliar seu tempo para passá-lo com sua avó .

-Está tudo bem, meu amor. Eu entendo que você tem sua vida e precisa passar seu tempo com sua noiva e não com uma velha como eu.- Cora disse rindo, servindo um copo de suco de caju para o rapaz.

-A senhora não é velha. Não gosto quando fala assim. - Gilbert disse contrariado.

-Mas é verdade. O tempo passa para todo mundo, e não é diferente comigo.

-Ainda assim, não é como a vejo. A senhora é mais jovem que muita gente por aí. - Gilbert falou, voltando a comer.

-Não é isso que vejo no meu espelho toda noite. - Cora riu de novo como se tivesse contado uma grande piada.

Gilbert abriu a boca para responder, mas não deu tempo, pois seu celular tocou, e ele sorriu ao ver que era Anne.

-Oi, Noivinha. Do que precisa?

-Oi, Gilbert. Você me disse que queria que eu desse uma olhada no apartamento. Pode ser hoje?

-Pode ser agora se quiser. Estou na casa da minha avó. Me diz onde está para que eu possa buscá-la. - Gilbert pediu, já sentindo seu coração feliz, pois ia ver Anne em poucos minutos.

-Tem certeza? Não quero atrapalhar.

-Tenho sim. Me diz onde está. - ele insistiu.

-Estou no shopping. Vim fazer a segunda prova do vestido de noiva.

-Me espere na frente da sorveteira que fomos outro dia, e passo para te pegar em quinze minutos. - Gilbert respondeu, olhando para Cora que balançou a cabeça em aprovação.

-Te vejo em quinze minutos. - Anne disse, e Gilbert concordou com um sorriso:

-Está bem..- ele desligou o telefone, olhou para a avó com certa tristeza, e disse: - Preciso ir, vovó. Eu e Anne estamos resolvendo as coisas do casamento.

-Claro, querido. Nós vemos amanhã. - Cora falou, correndo os dedos no topo da cabeça do neto.

-Sim. - Gilbert respondeu, deixando um beijo no rosto da avó, sem perceber que enquanto ele se afastava, o sorriso dela desapareceu, deixando em seu lugar uma expressão facial triste.

Gilbert dirigiu a tempo recorde até o shopping, e quanto mais próximo ficava de Anne, mais seu sorriso se alargava, e quando finalmente a encontrou, ele sorria de forma tão espontânea, que até Anne que estava sempre pronta a criticar as atitudes do rapaz se sentiu confortada por recepção tão calorosa.

-Oi. - ele disse, deixando um beijo na sua testa.

-Oi.- Anne respondeu, já sentindo o clima entre eles mudar. Ela queria voltar aos primeiros dias quando tudo o que sentia por Gilbert era uma raiva absurda, e se mantinha longe dele o quanto pudesse.

No entanto, ela tinha mudado, seus sentimentos por ele tinham mudado, e a ruivinha percebia que seu argumento de que não gostava de Gilbert de forma nenhuma não funcionava mais.

-Podemos ir. - ele disse, segurando em sua mão. Ela pensou em não permitir aquele contato físico, mas seu corpo decidiu por ela, e assim foram de mãos dadas até o carro.

O apartamento do rapaz não ficava muito longe do centro, e logo estavam entrando na sala de visitas. Anne estivera ali apenas duas vezes, e não se lembrava que era tão grande. Parecia um absurdo apenas duas pessoas morarem ali, pois tanto espaço assim parecia ser desnecessário. Mas Gilbert jamais viveria em uma quitinete, pois o dinheiro que ele tinha, dava para comprar cem apartamentos daquele tamanho ou mais.

- Então, já pensou em algo que gostaria de mudar por aqui?- Ele perguntou, ansioso pela opinião dela.

-Eu não acho que seja necessário, pois o conforto que esse espaço oferece é absurdo.- Anne respondeu com sinceridade.

-Sim, mas falta um toque feminino, e talvez você possa fazer isso.- o rapaz disse, sorrindo-lhe de forma charmosa, fazendo o coração de Anne bater como se estivesse em uma corrida louca.

-Me mostre os outros cômodos, aí, eu te falo.- ela disse, tentando não encará-lo demais.

-Vamos lá. - ele disse.

E assim, Gilbert apresentou a Anne os outros os cômodos do apartamento, e todos eles eram imenso. Ela se apaixonou logo pela biblioteca, onde poderia ler os mais variados livros que havia por ali, tendo como prêmio uma vista incrível da cidade de Nova Iorque. A ruivinha já podia se ver ali, em tardes de domingo, tomando uma xícara de café enquanto folheava um livro de romance, e assim, ela nomeou aquele espaço o seu favorito de todo o apartamento.

O último cômodo que o rapaz lhe mostrou foi o quarto. Ela já havia estado ali uma outra vez para deixar as compras que fizera com Gilbert no shopping, mas foi tão rápido que não tivera tempo de analisá-lo com cuidado. Mas agora, observando-o melhor, ela conseguia perceber que era um quarto tipicamente masculino, bastante organizado, e sem coisas desnecessárias.

Anne gostava da praticidade que Gilbert tinha, em transformar aquele apartamento em um lar para si mesmo, sem ostentar todo o dinheiro que tinha. Era certo que tudo ali era caro, mas podia se perceber o bom gosto e a utilidade que cada coisa tinha ali dentro.

-Eu separei uma parte do guarda roupa para você . - ele disse abrindo uma porta enorme, onde ele tinha pedido a empregada que arrumasse as roupas novas de Anne. - Se não gostar da arrumação, pode refazê-la como desejar, ou podemos comprar outro guarda roupa apenas para você.

-Não precisa. Esse espaço é suficiente para mim. - Anne respondeu pois não pretendia fazer compras com frequência. Queria continuar agindo como sempre agira em sua casa, substituindo as peças velhas pelas novas somente quando necessário.

-E a cama? O que achou dela?- Gilbert perguntou, e Anne demorou para responder, pois estava justamente evitando olhar para aquele móvel, pois só de pensar que dormiria ali noite após noite ao lado de Gilbert a deixava nervosa.

-Acho que deve ser confortável. - ela respondeu sem jeito.

-Você tem que experimentá-la. - Gilbert disse se deitando de costas no colchão, e apontando o espaço ao lado dele para que Anne se deitasse. Ela o encarou por um instante, mas pensou que não seria nada demais se deitar ali ao lado dele apenas para lhe fazer a vontade.

Assim que suas costas alcançaram o colchão, ela pôde sentir a maciez e o conforto que havia ali, e sem coragem de olhar para Gilbert, seus olhos se prenderam no teto branco do quarto.

-Ei, olha para mim.- Gilbert pediu, puxando a lateral do rosto de Anne em sua direção. Eles ficaram próximos, mas nada que fosse muito alarmante para que ela sentisse que havia algum perigo ali.

-Gostou da cama?- ele perguntou sem parar de olhá-la.

-É exatamente como pensei, bastante confortável. - Anne respondeu, observando os olhos de Gilbert brilharem, enquanto seu rosto adotava uma expressão séria como se avaliasse com cuidado uma questão.

Para sua surpresa , ele virou o corpo, e ficou acima do dela, apoiando as duas mãos ao lado da cabeça dela, o que fez Anne sentir seu peito subir e descer por conta da ansiedade de não saber o que Gilbert tinha em mente.

-Sabe que desse ângulo você é ainda mais bonita? - O rapaz perguntou, sorrindo ao ver as bochechas de Anne adquirirem um tom rosado. Se ela soubesse que somente isso era capaz de criar inúmeras fantasias em sua cabeça.

-Eu não penso dessa maneira. - ela respondeu, pensando em escapar dali, mas percebendo tardiamente que não seria possível.

-Pois devia. Você é maravilhosa. - ele aproximou o rosto do dela mais um pouco e perguntou: - O que você faria se eu te beijasse agora? Fugiria de mim, ou me deixaria fazer exatamente o que eu quero?

-Gilbert...- ela começou a dizer, mas parou quando se sentiu completamente presa nos olhos dele, e na maneira como eles se perdiam em sua boca.

-Eu sei que não quer que eu te toque, mas não pode me culpar por imaginar como seria se eu pudesse fazer exatamente isso.- Anne sentiu seu coração bater cada vez mais rápido, enquanto se mantinha sem mexer um músculo, por medo que Gilbert percebesse no estado em que se encontrava.

-Eu quero muito saber como é o seu cheiro.- ele murmurou, enterrando o nariz nos cabelos dela, e depois afastou uma mecha ruiva do pescoço dela, deixando o local exposto, enquanto dizia: - O seu gosto. - Anne sentiu um choque elétrico percorrer seu corpo, quando Gilbert começou a beijar bem devagar o seu pescoço, subindo e descendo tão lentamente, fazendo um gemido chegar aos lábios dela, mas a ruivinha o reprimiu a tempo, evitando que rapaz o ouvisse.- Deus! Você é tão macia, parece seda em meus dedos.- ele sussurrou no ouvido dela, fazendo Anne sentir seu corpo quente e sua intimidade umedecer. Nunca sentira isso antes, estava perdendo sua sanidade tão rapidamente, que se continuassem daquela maneira, ela faria algo do qual se arrependeria depois.

Mas Gilbert queria mais, queria saber como era tocá-la pelo menos uma vez. Assim, ele correu as mãos pela lateral do corpo dela, e chegou até a barra da blusa de Anne, insinuando sua mão por dentro dela, tocando devagar o abdômen liso, encantado com a suavidade da pele dela. Anne fechou os olhos, pois sensações intensas estavam crescendo dentro dela, e ela não sabia como lutar contra elas, mas queimando com elas ao mesmo tempo.

Gilbert distribuiu beijos pelo rosto dela inteiro, mas evitou os lábios, porque não iria beijá-la se Anne também não quisesse. Assim ele tirou a mão de dentro da blusa dela, o que fez Anne abrir os olhos e o encarar em silêncio.

Ela era tão linda, que ele não conseguia olhar para mais nada, quando estavam na mesma sala. Ele tinha consciência de que a queria, mas não iria avançar nenhum sinal se Anne não lhe desse permissão.

-Acho melhor ir para casa. - ela disse, se sentindo envergonhada por ter quase cedido aquele rapaz, que vinha a dias brincando com suas emoções. Os próximos cinco anos seriam um campo de batalha, e resistir aos apelos de Gilbert, assim como a rebeldia de seu corpo, que a traía sempre que sua cabeça lhe ordenava para não sentir nada quando estava com ele seria seu maior desafio.

-Está bem. Eu vou te levar. Mas antes posso te fazer uma pergunta?- ele perguntou, tocando o queixo dela com o polegar.

-Sim.

-Eu posso te beijar?- Anne arregalou os olhos diante do pedido, e decidiu recusar. Se o seu corpo pulsava com os carinhos suaves que ele lhe dera, ela não confiava em si mesma para deixar que aquela boca tocasse a sua, por isso respondeu:

-Eu acho que não é uma boa ideia.- Gilbert suspirou ao ouvir a recusa dela, mas decidiu que não ia pressioná-la. Anne tinha o direito de dizer não, e ele precisava respeitar a vontade dela.

Assim, ele deixou um beijo carinhoso no rosto dela, que estrategicamente pegou no cantinho da boca de Anne, se levantou da cama e a ajudou a fazer o mesmo.

Alguns minutos depois, Gilbert parou o carro nas extremidades da casa de Anne, e perguntou:

-Minha avó quer fazer um jantar para você e sua família amanhã. Acha que poderão ir?

-Sim. A que horas você passa para me pegar? - Anne quis saber, ao mesmo tempo em que abria o cinto de segurança.

-Às sete e meia.

-Estaremos esperando. - Anne respondeu, saindo do carro e sorrindo de leve, e só por aquele sorriso, o rapaz sentia que tinha ganhado o dia.

Na noite do dia seguinte, quando Gilbert apareceu para pegar a noiva, a família dela o esperava com cordialidade e descontração. A única que não estava presente era Josie, que alegara ter um compromisso com uma amiga, mas Anne sabia que ela estava mentindo, pois a vira entrar no carro de Billy horas antes.

Gilbert cumprimentou o pai de Anne com um aperto de mão, Diana e Ruby com um beijo no rosto, e a ruivinha com um beijo na testa.

-Espero que gostem do jantar , e quero apenas acrescentar que minha avó é uma cozinheira maravilhosa. - Gilbert afirmou, antes que entrassem em seus respectivos carros.

-Talvez eu e ela possamos trocar receitas. Como sabe, também adoro cozinhar - o pai de Anne disse, abrindo a porta do próprio carro, no qual Diana e Ruby iriam com ele.

-Eu tenho certeza de que ela vai adorar. Vovó participa desses grupos de culinária que existem por aí, e o que ela mais tem na casa dela são receitas de todos os tipos.- Gilbert contou, fazendo Walter lhe sorrir com aquela informação, e entrar finalmente no carro.

Sexta à noite, o trânsito parecia estranhamente calmo para o inicio de um fim de semana, e Gilbert agradeceu mentalmente por isso, pois sua avó detestava atrasos, e assim puderam chegar na casa dela tranquilamente e no horário combinado.

Cora os recebeu com um enorme sorriso e com aquela mesma simpatia que Anne conhecera da primeira vez. Gilbert lhe apresentou a família de Anne, e depois de algumas palavras cordiais trocadas entre ela , o pai de Anne e as duas irmãs da ruivinha, Cora se virou para a noiva de Gilbert e disse:


-Você está encantadora, minha querida. Com a beleza de meu neto e a sua, os filhos que terão também serão uma obra de arte.

Anne sorriu sem graça diante daquela afirmação e Gilbert percebendo seu desconforto, respondeu:

- É cedo para falarmos em filhos, vovó. Ainda nem nos casamos.

-Tem razão, meu querido. Desculpe minha indiscrição. - Cora disse, e se voltando para Anne novamente, ela continuou:- Não ligue para essa velha boba. É apenas ansiedade por ter um bisnetinho nos braços.

-Tudo bem. - Anne disse, deixando um beijo no rosto de Cora, sentindo-se triste por não poder realizar o sonho dela, já que não pretendia ter filho nenhum com Gilbert.

Cora os conduziu até a sala de jantar, onde aromas apetitosas provocaram água na boca dos convidados , e enquanto servia uma de suas especialidades, ela envolveu a todos em uma conversa animada e interessante.

-Sua casa é linda.- Diana disse, enquanto provava tão deliciosa refeição.

-Obrigada, querida. Gilbert me ajudou a reformá-la a alguns anos, e me sinto muito feliz vivendo aqui.- Cora contou, sorrindo para o neto por quem tinha verdadeira adoração. Anne podia perceber o mesmo tipo de afeto por parte de Gilbert, que fazia de tudo para dar atenção à avó na mesa.

-Gilbert me disse que a senhora tem muitas receitas. Talvez pudéssemos trocar algumas, pois também adoro cozinhar. - Walter sugeriu, enquanto se servia de mais salada.

-Claro, Sr. Shirley. Podemos fazer isso mais tarde.- Cora disse, olhando com simpatia para o pai de Anne.- E você, Ruby? Está gostando do jantar?

-Estou sim, obrigada. - Ruby respondeu, se escondendo por trás de sua timidez.

E assim, a conversa girou em torno de assuntos do cotidiano, e quando passaram para sala de visitas, onde Cora lhes serviu um excelente café, a avó de Gilbert se virou para Anne e perguntou:

-Querida, pode me acompanhar por um instante?

-Claro. - Anne respondeu, surpresa com o pedido, seguindo Cora para fora da sala depois de pedirem licença aos outros convidados.

A avó de Gilbert a levou até seu quarto, e abrindo um porta joias delicado, tirou de lá um colar de pérolas e disse:

-Esse colar pertenceu a mãe de Gilbert. Ela me pediu antes de falecer que o entregasse a mulher com quem ele fosse se casar, e fico feliz que seja você.

Anne olhou para a joia que Cora lhe estendia, e se perguntou como poderia aceitar tal presente se o seu casamento com Gilbert duraria por apenas cinco anos? Não era certo enganar aquela senhora que a tratava tão bem, por isso, respondeu:

-Não posso aceitar. É uma joia de família e deve ter um valor sentimental imenso.

-Ah, querida, por favor, aceite. Vou ficar imensamente feliz em vê-la usando esse colar no dia do seu casamento com meu neto.- A maneira dela falar aquilo era tão espontânea, que Anne ficou sem jeito de recusar uma segunda vez, por isso, disse:

-Está bem, se a senhora faz, tanta questão, eu aceito.

-Muito obrigada, Anne. Não sabe como me deixa feliz.- Cora disse sorrindo, mas logo seu sorriso morreu, e olhando para Anne com o rosto bem sério, ela continuou: - Eu queria te contar uma coisa, mas peço que guarde segredo.

-Claro. A senhora pode me dizer o que quiser.- Anne respondeu, se sentindo apreensiva mesmo antes de saber qual era aquele segredo que Cora queria partilhar com ela.

-Eu fui a um Cardiologista essa semana, pois não andava me sentindo muito bem, e descobri que tenho uma problema no coração que não tem cura. Meus batimentos cardíacos estão cada vez mais lentos, e ele me disse que uma hora vão parar de vez.- Cora disse com o rosto emocionado, o que fez Anne segurar a mão dela, sentindo seu coração apertado e dizer:

-Sinto muito. Não tem tratamento?

-Infelizmente não. - Cora respondeu com um sorriso triste.

-Gilbert sabe?- Anne perguntou, preocupada com o rapaz.

-Não. É por isso que quis te contar. Gilbert parece que é forte, mas por dentro é só um garoto carente que precisa de todo o carinho e atenção do mundo. Promete que vai cuidar dele para mim? Que não vai deixar que ele desista de nenhum dos seus sonhos?

-Eu prometo. - Anne respondeu, não sabendo exatamente como faria isso, mas naquele momento triste, ela teria prometido qualquer coisa para que aquela mulher incrível ficasse em paz.

-Obrigada, querida, eu...- de repente Cora parou de falar, e Anne, sem entender, permitiu que seu olhar seguisse o dela, e levou um susto ao ver Gilbert parado na porta que Cora esquecera aberta, como se tivesse sido atingido por um raio. Então , ele saiu dali sem dizer nada, e Anne percebendo o olhar aflito de Cora, disse:

-Não se preocupe. Eu vou atrás dele.

Assim, ela saiu do quarto e passou pela sala de visitas, onde Diana ao vê-la perguntou:

-Aconteceu alguma coisa? Gilbert foi até o quarto da avó dele para ver porque vocês estavam demorando, e logo passou por aqui como se tivesse visto um fantasma.

-Depois eu te conto. Sabe para onde ele foi?

-Para o jardim, eu imagino.

Sem dizer mais nada, Anne se dirigiu ao jardim, e logo encontrou Gilbert, sentado em um banco olhando para o nada

-Gilbert.- ela o chamou.

O rapaz demorou um instante para responder, e quase fez Anne pensar que ele não a tinha escutado. Porém, ele virou o rosto em sua direção deixando que Anne visse seu rosto transtornado, e disse em um tom baixo e desesperado.

-Como ela pôde esconder isso de mim?

-Cora não queria te ver sofrer. Entenda o lado dela, por favor.- Anne pediu, colocando uma mão no ombro dele para lhe dar conforto.

-Eu sou o neto dela, e tinha o direito de saber.- a voz dele saiu quase estrangulada pela dor, fazendo Anne sofrer junto com ele.- Eu não posso perdê-la, Anne.- ele continuou. - Ela é a única coisa que ainda tenho da minha mãe.

Anne pensou no que poderia dizer para tentar diminuir o sofrimento pelo qual ele estava passando, mas o olhar atormentado de Gilbert a impediu. Ela deu um passo em direção a ele, e segurando seu rosto com as duas mãos, perguntou:

-O que eu posso fazer para te ajudar?

-Só me abraça. Estou me sentindo tão sozinho e sem chão. - ele disse com os olhos marejados.

Sentindo a dor dele como se fosse a sua, ela deixou um selinho nos lábios de Gilbert e respondeu:

-Você não está sozinho, entendeu? Eu estou aqui com você.

Gilbert assentiu, e a abraçou pela cintura, enquanto Anne tentava conter em seus braços a vulnerabilidade daquele rapaz, sem saber que pouco a pouco, ele estava se tornando o seu mundo.

Olá, pessoal. Love game postado. M4 deixe seus comentários e votos se assim o desejarem. Beijos

Love Game- AU- Anne with an eWhere stories live. Discover now