Capítulo 1 - O ultimato

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Um raio de sol atravessou as frestas da janela e caiu sobre o rosto de Gilbert que resmungou aborrecido, enquanto mantinha os olhos fechados, se recusando a acordar. Ele jurava que tinha fechado as cortinas na noite anterior antes de colidir com a cama que ele mal encontrara no escuro, pois estava tão bêbado que sequer se despira para dormir. A noitada tinha sido boa, e a bebedeira também. Depois de trabalhar o dia todo fechado no escritório da empresa de sua família, Gilbert resolvera sair com amigos e acabara em um barzinho popular de Nova Iorque, cheio de amigos, bebida de boa qualidade e o mais importante, cheio de garotas.

Ele tinha consciência de que era um bon vivant. Sua vida boêmia começara bem cedo, especificamente na época da faculdade, quando finalmente se livrara das rédeas do pai que lhe cobrava o máximo de disciplina e dedicação aos estudos, por isso, ele passara a adolescência confinado em seu quarto de onde só saía quando todas as suas atividades acadêmicas estivessem terminadas.

Enquanto seus amigos estavam em festinhas e flertando com garotas, Gilbert estava resolvendo equações e aprendendo outras línguas por exigência também do pai, que era dono de uma das maiores empresas petrolíferas do pais, e idealizava um futuro na presidência de seu escritório central para o filho, que estaria em contato com pessoas de todo o mundo, por isso, saber se comunicar sem precisar de um intérprete a cada reunião, ou mesmo em uma conferência internacional era imprescindível. Até seus quinze anos, tais exigências não incomodavam o jovem rapaz que crescera ouvindo de John Blythe que ele seria seu substituto um dia, mas quando fora para a faculdade, e se vira livre para viver por sua própria conta, suas prioridades começaram a mudar.

Ele virava a noite em festas das fraternidades no fim de semana, tomou gosto por bebidas fortes, e por namorar garotas diferentes a cada duas semanas. Milagrosamente, suas notas acadêmicas não sofreram nenhuma queda de rendimento, graças ao seu Q-I alto, e sua memória quase fotográfica. John Blythe nunca descobrira sobre sua vida dupla, pois Gilbert sabia bem como esconder seus rastros, e tinha amigos leais que o ajudavam a resolver suas confusões. Quando ia para casa de férias, ele bancava o bom moço, seguia as regras de seu pai, e assim sua conduta de filho obediente e dedicado nunca era contestada.

Ele se formou em relações internacionais com méritos, e foi o orador de sua turma, escolhido a dedo por um de seus professores mais exigentes, encantado por sua articulação oral perfeita. Gilbert Blythe, apesar de adorar cair na noite e viver aventuras excitantes, também levava a sério sua herança genética, e entendia que por ser filho único, o seu papel nas empresas do pai seria de grande relevância no futuro. Assim, um mês após ter deixado a faculdade, o rapaz foi trabalhar na empresa da família, e em pouco tempo aprendeu tudo o que precisava para comandar aquele império grandioso.

Isso não o impediu de continuar com sua vida libertina. Logo que foi possível, o rapaz comprou seu próprio apartamento e foi viver por sua própria conta. Seu pai não gostara muito da ideia, mas compreendeu que um rapaz de vinte um ano preferia ter sua própria moradia do que depender eternamente de seus genitores, e deste modo, não ofereceu grande resistência quando Gilbert lhe dissera que não voltaria mais para sua antiga casa.

Embora, John Blythe tivesse afrouxado seu controle sobre a vida do filho, sua atenção nunca realmente saíra de cima dele. Ele estava plenamente consciente de suas diversões noturnas, e mesmo não lhe agradando de fato, ele fez vista grossa para as ações de Gilbert, as quais considerava inapropriadas ao nível social de sua família. Entretanto, Gilbert nunca deixara que sua vida pessoal influenciasse em sua vida profissional, e continuava trabalhando eficientemente naquilo para o qual fora preparado.

Alguns poucos anos se passaram, e aos vinte e sete anos Gilbert continuava levando sua vida como antes, extremamente focado no trabalho, e totalmente sem compromisso com sua vida pessoal. Ele não tinha uma namorada firme a bastante tempo, mas isso não o preocupava de forma nenhuma. Com o tempo, ele constatara que não fora feito para ser um homem preso pelos laços do matrimônio, e quando via seus amigos de noitadas se casando e levando uma vida totalmente regrada, insípida e enfadonha, ele tinha certeza ainda que ficaria solteiro para o resto da vida, mesmo ouvindo de seu pai que ele deveria arrumar uma esposa e ter filhos que no futuro seriam seus sucessores.

Love Game- AU- Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora