Love Game- AU- Anne with an e

Capítulo 2- O plano

O olhar de Anne sobre o rapaz que a fitava com espanto deixava bem claro o que se passava em sem íntimo. A vontade de lhe dizer infinitos desaforos era imensa, mas a raiva que borbulhava dentro de si era tanta que Anne nem sabia o que faria se ele ousasse se aproximar dela. Era por isso que detestava a raça masculina em geral, andavam pelas ruas como se fossem donos de tudo, dirigiam seus carros como se as outras pessoas devessem lhe prestar reverência e deixar o caminho livre para que pudessem exibir sua arrogância escrachada e sem medida.

Ela deu uma olhada de relance para o veículo que o rapaz estacionara a poucos metros dela, depois de quase a atropelar, e viu com desdém que era um Lamborghini vermelho, último modelo, cuja ostentação era tão grande quanto devia ser o ego de seu dono. Anne desviou o olhar para o rapaz parado à sua frente novamente, e não podia negar que ele era um homem bonito. Seus olhos eram castanhos, circulados por cílios espessos e tão escuros quanto os cabelos cacheados, atraentemente arrumados com uma leve camada de gel para mantê-los no lugar. Os lábios eram cheios e sensuais, o nariz era reto e harmonizava lindamente com seus traços fortes e maxilar perfeito. O rapaz era mais alto do que ela, pelo menos três centímetros e usava roupas de executivo que lhe caíam muito bem.

No entanto, nada disso a impressionava. Ela conhecia bem esse tipo de playboy, endinheirado e cheio de si que achava que podia comprar qualquer coisa com sua gorda conta bancária. Na verdade, o mundo estava cheio de homens assim, e era por isso que desde cedo aderira ao feminismo, e a ideia de que nunca precisaria de um homem em sua vida para conquistar o seu espaço. Para desespero de seu pai, viúvo a anos, Anne não tinha a menor vontade de se casar ou ter filhos. O que ela queria era viver sua vida sem depender de uma presença masculina a ditar-lhe regras ou limitar-lhe os passos. Ela tinha um espírito rebelde que precisava de liberdade para ser feliz, e nunca se conformaria em viver presa ou em cativeiro emocional por causa de um homem.

- Senhorita, você está bem? - o rapaz perguntou com sua voz grave e rouca, despertando ainda mais a sua ira, que lhe respondeu com rispidez;

- Sim, mas não graças a você. Por acaso tirou sua carteira de motorista por correspondência? Não está vendo a placa ali na esquina? Quase que me atropela na faixa de pedestre.

- Você é que apareceu do nada. Se alguém está errado aqui, esse alguém não sou eu. - Gilbert respondeu, com sua voz um tanto alterada. Ele não costumava levantar sua voz para desconhecidos, principalmente para uma garota tão bonita quanto aquela. Normalmente, ele tinha uma natureza afável, raramente perdia a calma, e resolvia todos os seus problemas com um bom diálogo, pois detestava discussões sem sentido, mas quando se envolvia em uma, pagava para não sair dela a não ser que fosse o vencedor, e aquela garota o estava desafiando com seu desprezo declarado, como se achasse que ele não valesse o esforço. Será que ela sabia com quem estava falando?, ele pensou com certa irritação.

- Era você quem estava dirigindo o carro, portanto, o mínimo que deveria fazer era respeitar os direitos do pedestre. - Anne respondeu, pouco propensa a deixar que ele saísse daquela situação ileso.

- Você também deveria respeitar os direitos do motorista, ou acha que o pedestre pode fazer o que quiser sem sofrer nenhum tipo de punição? – Gilbert perguntou, sem deixar de admirar a beleza do rosto dela. Aquela garota era espetacular, pena que seu gênio desagradável a tornasse pouco aberta a uma conversa mais cordial.

- Podemos procurar por um guarda de trânsito e perguntar quem tem mais razão nesse caso. - Anne disse, erguendo o queixo, como sempre fazia quando ficava na defensiva.

- Acho que a senhorita já está indo longe demais. Tenho mais o que fazer do que ficar discutindo com uma garota mal educada. - Gilbert disse já no limite de sua paciência. Tinha que chegar ao trabalho antes que seu pai tivesse mais motivos para se aborrecer com ele.