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— Maggie — Ethan tentou se aproximar, mas me afastei com brusquidão — Maggie querida, você precisa se acalmar e...

— por que você me odeia tanto? — a pergunta saiu dolorosas dos meus lábios que estavam molhados, babados pelas lágrimas que caiam de forma insistente — por que você me odeia? O que eu te fiz, Ethan? Me diz, por favor!

A arma que eu havia pego do lado do sofá pesou em minhas mãos, quando cai de joelhos no chão, lembrando então de tudo o que havia acontecido nesses seis anos.

Minutos antes.

— Eu vou... — Ethan falou quando fiquei olhando para o local em silêncio, observando a pequena borboleta rotineira — eu vou pegar alguma coisa na cozinha, ok?

Confirmei em silêncio, enquanto ainda observava o lugar com atenção.

— você está me machucando, Ethan — falei quando ele estava fazendo o Martelo, que por sua vez era sexo anal — está me machucando muito.

Uma lágrima caiu dos meus olhos quando lembrei do ocorrido. Uma outra caiu novamente, quando lembrei dos meus olhos inchados e cabelos molhados e olhos focados além daquela parede de vidro pesado.

Aquela parede em que um dia, me deu esperança e me ajudou a tomar decisões.

Meus olhos piscaram de forma e dolorosa quando reuni todo fôlego que havia em mim, indo em direção a sala que estava totalmente destruída, percebi, quando saí segurando minha barriga para estancar uma dor a qual não sabia descrever.

Quando eu estava sendo abusada, em algum momento, pude sentir algo entrando em mim.

Não era um pênis, não era um dedo ou uma mão.

Era algo gelado, duro.

Era uma arma, percebi, quando o homem, Robert, sorriu para mim, colocando o dedo nos lábios.

A arma em algum momento caiu, pude sentir a mesma em meu pé e a chutei para debaixo do sofá sem pensar muito.

Tatei o chão com cuidado, me assustando quando encostei no material gelado.

A peguei com cuidado, mordendo os lábios quando vi o sangue seco ali, voltando a tudo o que havia acontecido.

Balançando a cabeça negativamente, voltei com a mão na barriga, para onde estava, tentando respirar normal quando Ethan entrou no quarto novamente. Seu rosto estava com uma expressão mais leve e seus olhos me analisaram com cautela, quando me viu com o peito pouco ofegante.

— você correu? — arqueou uma sombrancelha em minha direção, me entregando um copo — suco de uva. 

— não corri — falei o olhando de cima a baixo, ainda em pé.

Presente.

Os toques.

Os gritos.

As surras.

As ameaças.

Os desmaios.

Os xingamentos.

O Medo.

— você não tinha esse direito, Ethan — continuei ainda não querendo ele perto de mim, o ameaçando com a arma — você não tinha o direito de me destruir em nome do que você julga ser amor.

— Maggie, eu entendo — suas mãos estavam trêmulas enquanto estavam no ar, tentando me acalmar — abaixe essa arma, eu estou te pedindo. Eu te deixo ir...

— não! — gritei — você está falando isso por que quer que eu abaixe a arma! — gritei novamente, passando a mão no nariz que estava escorrendo — você disse que eu não era capaz de articular um plano simples.

— eu sei — seu rosto havia perdido a cor e me odiei por me preocupar com ele naquele momento — eu sei, mas solte a arma, Maggie. Por favor. Eu juro que esto fazendo isso por você...

— você me destruiu, Ethan — falei novamente, erguendo a arma — e eu vou destruir você.

— Maggie — as mãos trêmulas foram capaz de me distrair por um momento, mas não o suficiente para que eu vacilasse — Essa decisão estou tomando não por mim, mas por você. E é por isso que estou lhe deixando ir. Abaixe a arma, por favor.

Ethan não iria me enganar novamente.

Minhas mãos foram para a trava da arma prateada, a pondo na minha pálpebra.

O único meio de destruir a vida de Ethan era destruído a minha.

A única maneira de acabar com minha dor era destruindo Ethan.

A única maneira de fugir do Passado era destruindo a mim mesma e a Ethan.

Você pode fugir do passado, mas ele nunca foge de você.

Naquele momento aquela frase pareceu tosca para mim, dado as circunstâncias.

Mas se eu não tivesse tentando fugir do Passado, vivido ele e descoberto sobre, talvez nunca chegasse naquela conclusão.

Sorri para ele, sentindo tudo em mim despedaçar.

— acabou.

Passado vol.2 - El fin Where stories live. Discover now