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Uma particularmente da casa de Ethan era que, nos quase dois anos em que estive aqui, nunca vi uma porta aberta.

No máximo, do quarto do mesmo, quando ele a deixava para que eu entrasse.

E me surpreendeu quando vi uma porta depois do seu quarto aberta.

Essa em específico eu nunca tinha entrado, mesmo que mal tivesse notado.

Em passos delicados para não fazer nenhum tipo de barulho, obrigando meus olhos a se adaptarem com a penumbra, entrei no quarto, me surpreendendo quando vi o que havia ali.

Era a menina, a garotinha de horas atrás. Ela estava virada para a parede. Seus corpo estava encolhido enquanto suspirava baixo, em um sono que parecia ser puro, em paz.

De repente, como se estivesse ignorando tudo o que havia acontecido nesses últimos messes e anos, me vi ali, admirando o sono calmo e pacífico que a garotinha estava tendo.

Vi a Maggie de anos atrás, se  alongando nas grandes barras de metal que havia no grande salão a qual aprendi a me aperfeiçoar no  ballet. Me vi sorrindo, enquanto tentava calçar a sapatilha e amarrar as fitas de forma certa e rápida. Me vi chorando quando meus dedos estavam doendo e comemorando quando havia conseguido fazer o salto perfeito.

Me vi ali, descendo as escadas — porque queria ser saudável e não usar o elevador — de onde estava, com um cesto de roupas para levar a lavanderia.

Lembro de hidratar meus cabelos com minha mãe e...

Senti meu coração falhar uma batida, quando lembrei de Marry.

Minha mãe.

Como se eu pudesse voltar ao passado, senti suas mãos em volta dos meus cabelos, quando ela estava os alisando com carrinho. Pude ver seus olhos lacrimejarem quando me olhava e seus soluços baixos, quando achava que eu estava dormindo.

Por um momento, olhando para a garotinha na penumbra da noite, lembrei do olhar que minha mãe me lançou quando me viu, depois que voltei de Ethan.

Seus olhos estavam fundos, mesmo que ela tentasse demostrar outra coisa. Seu sorriso já não era o mesmo, mesmo que fosse exatamente como o de antes.

Mas, por algum motivo desde que voltei de Ethan, Marry Nuevo nunca me tratou como antes.

Talvez ela tivesse percebido algo, talvez ela simplemente tivesse sentido, como várias vezes vemos que as mães tem pressentimentos em relação aos filhos. Talvez ela apenas estivesse cansada de sua rotina chata, que logo mudou quando voltei. Talvez eu não fosse a mesma, e isso talvez tenha me feito ver minha mãe com outros olhos. Talvez eu apenas tivesse amadurecido ou qualquer outra coisa que seja.

Eram muitos talvez mas nunca uma resposta conclusiva.

Fechei os olhos com força quando Ethan fechou seus braços sob meu corpo, me apertando contra si.

— você é tão pequenininha... — sussurrou — você sabe o quanto eu te amo, princesinha?

Não. Eu não sabia.

Na verdade, sabia de uma coisa.

Aquilo não era amor, e nunca iria ser.

Ou talvez... Talvez as pessoas apenas tenham formas diferentes de expresar seu amor ou... Não.

Quem ama não machuca, não lhe deixa triste ou lhe põe no hospital.

Mas, e se aquela forma de amor fosse a única que se aplicava a mim?

Passado vol.2 - El fin Where stories live. Discover now