- Caramba, você realmente entende sobre bebês. Estou impressionado. – Seu tom apresentava admiração e deslumbre, seus olhos brilhavam enquanto me encaravam. Lancei em sua direção uma piscadela e alcancei uma torrada da bandeja, iniciando meu café da manhã diferenciado.

- A advocacia muitas vezes também está a serviço da criança, já se esqueceu? Precisamos entende-las e enxerga-las para ajudar e auxiliar em complexos e grandes casos.

Em minha vida, sempre tive extremo orgulho dos caminhos que trilhei, seja como advogada ou professora de dança, me sentia útil na vida de algumas pessoas. Na empresa de meu pai, estava envolvida com todo trabalho burocrático e acabava envolvida com pequenos e grandes casos empresariais, alvo de nossa empresa, mas entre uma papelada e outra, apareciam casos que de alguma forma iriam impactar na vida de crianças e adolescentes. Meu pai foi minha maior fonte de apoio, exigindo trabalho e resultados, mas, também reconhecendo todo meu esforço e entrega. Em menos de um ano, estava ocupando uma posição de destaque na empresa obtida por meus méritos. Valentina sempre se orgulhava do meu trabalho e sucesso, segundo suas próprias palavras e observações, mesmo longe de todos os processos.

- Acredito que serei obrigada ouvir suas palavras com maior seriedade. – Brincalhona! Mostrei-lhe a língua e joguei um dos travesseiros em sua direção, acertando em cheio seu rosto, provocando risadas no pequeno.

- Ao que parece, ele curte piadas e pancadas direcionadas para você, Valentina... – Meu sorriso era de glória e o seu era de tristeza, fazendo com que ela se aproxime da criança e segure sua mãozinha.

- Como posso ter um filho, se não tenho a menor ideia de fazer e que parece não querer qualquer conexão comigo?

Seu tom era de pesar. Valentina mantinha fixação em mulheres, bebidas, festas e trabalho, perceber que o universo poderia estar lhe abalando internamente, fazia com que seu cérebro elaborasse inúmeros questionamentos. Conheço minha amiga. Deveria estar se perguntando o que se passou pela cabeça de Ana em lhe confiar uma criança. Dinheiro, talvez? Afinal, a família de Valentina tinha um patrimônio financeiro invejável e a mulher, com seu trabalho, construiu seu próprio império no ramo fotográfico. Ao contrário do que poderia estar criando em sua cabeça, dentro de mim, duvido que seria este o motivo. Valentina não consegui entender, quão maravilhosa era e como poderia crescer com essa criança em sua vida.

- Ana era apaixonada por você...tenho certeza que o motivo desta criança aparecer em sua vida é porque ela conhecia a linda alma dentro de você. – Aquele bebê não tinha ninguém e esse fato fez com que me sentisse empenhada e dedicada em ficar com ele, enquanto não surgia uma babá, uma excelente babá. – Esse pequeno veio para ficar, Valentina...acostume-se com essa ideia e que se tornou mãe. Infelizmente não existe um curso preparatório e não se encaixa como um emprego possível de exoneração. – Acariciei seu rosto e abri um sorriso em sua direção. Ela devolveu o sorriso, se aproximou e beijou meu rosto.

Esta ação era como um pacto entre nós. Valentina sempre depositava um beijo em meu rosto quando desejava agradecer algo. Um movimento natural, singelo e puro de nossa amizade de anos, era carinhoso e despertava a melhor das sensações em mim.

- Quando abri a porta do meu apartamento e me deparei com o oficial de justiça, que deixou Léo em meus braços, somente sua imagem vinha em meus pensamentos, desejando te encontrar, pedir ou implorar por sua ajuda. Encarando a criança em meus braços, sentia que estava cansado da viagem ou realmente me odiava desde do barulho ecoado da campainha, seu choro foi durante alguns minutos, o único som que reverberava por estas paredes. – Sorriu – Você, meu anjo salvador, apareceu e me salvou de todos os problemas e medos. Não consigo imaginar minha vida sem sua presença.

Mi Persona Favorita - ValuWo Geschichten leben. Entdecke jetzt