Quando meu consciente e corpo se preparavam para retornar suas ligações, meu aparelho celular começou a tocar novamente, com o nome da minha melhor amigas iluminando todo o visor, imediatamente decidi atende-la e tentar entender o que estava acontecendo.

- Oi Valentina... – minha voz era rouca e sonolenta e minha respiração calma e tranquila, ao contrário da respiração que ouvia na ligação telefônica, totalmente alterada.

- Que inferno, Luiza! Lembrou que existe celular e decidiu finalmente atender essa merda! Para que serve esse celular se não consigo falar com você? – Valentina demonstrava que estava extremamente irritada e mau humorada, com a respiração ofegante e descompassada. Sério que ela está me tratando desta forma? Quando tenho certeza que ela estava aproveitando uma noite regada a álcool e mulheres, está enganada se acredita que suportaria esse comportamento.

- Vá a merda, Valentina! Me deixe refrescar sua memória, trabalhei o dia todo no escritório, coisa que não faz, peguei um trânsito infernal para chegar ao estúdio e lecionar minha aula, voltei para casa em um engarrafamento pavoroso com o objetivo de descansar e quando estava fazendo isto, você me interrompe com toda sua grosseria. Espero que suas ligações sejam um importante e convencível álibi para me dizer o porque está me ligando neste horário. – mesmo esboçando toda paciência do universo, minha vontade era desligar meu celular e retornar para o mundo dos sonhos sem qualquer preocupação em minha mente.

- Acredite, sei muito bem que trabalha no escritório, meus pais e meu irmão fazem questão de me lembrar todos os dias; para título de curiosidade, também trabalho meu anjo. Desculpa minha grosseria, fiquei preocupada quando não atendeu as ligações, principalmente as minhas, afinal, sou considerada sua melhor amiga. – a voz da garota era galante e sedutora, além de esboçar um tom suave e calmo a cada palavra. Confesso que essa mudança de atitude faz bem ao meu ego, saber que exerço algum poder de dominação em sua vida, era extremamente prazeroso.

- Me diz, qual o motivo de suas ligações?

- Preciso de você, Luiza. Preciso agora! Estou no meu apartamento, por favor, venha se encontrar comigo. – sua voz soava de forma suplicante.

- O que? Agora? Neste exato momento?

Sério, Valentina? Você realmente acredita que exista alguma possibilidade de deixar minha cama e cobertas para ir até seu apartamento? Será?

- Sim, Luiza...por favor. Você é a única pessoa que pode me ajudar. – ouvir a voz de súplica de Valentina me transmitiu coragem e vontade de afastar minhas cobertas, levantar de minha cama, andar até meu closet e escolher uma roupa adequada para encontra-la, mesmo que meu cérebro implorasse por uma noite tranquila de sono. Era ela, não podia negar minha ajuda. – Prepare um café, logo chego.

Deixei meu apartamento e segui rumo ao apartamento de minha melhor amiga. Conheci Valentina através do importante elo que unia nossas famílias, meu pai e o seu, se conheceram no colégio e juntos ingressaram na faculdade, abriram seu próprio negócio e alcançaram o sucesso em suas carreiras. Esta amizade se estendeu aos filhos, minhas irmãs Carol, Sara e eu, crescemos ao lado de Igor e Valentina, aprontando as maiores peripécias, estudando juntos no mesmo colégio e nos apoiando em todos os momentos da vida. Em meio a tanta cumplicidade, não era segredo para ninguém que minha grande parceira era a garota de olhos verdes e sorriso faceiro. Ao lado de Valentina vivenciei grandes aventuras, curti inúmeras festas, dediquei a ela meus melhores conselhos e apoiei grandes transformações em suas vidas como, deixar a advocacia para se dedicar a fotografia e se assumir perante a família e os amigos, que a receberam de braços abertos.

Valentina foi e continua sendo uma pessoa de grande importância em minha vida e decisões. Foi ela que me ajudou na empresa de nossos pais com os mais difíceis processos e documentos, enquanto ainda trabalhava no local; me estimulou a seguir meu sonho de abrir um estúdio e aproveitar tudo o que dança pode oferecer, acreditando sempre em mim. Ao mesmo tempo que era doce e sensível, Valentina conseguia ser uma cafajeste de primeira instância, sair ao seu lado era presenciar inúmeras mulheres se jogando aos seus pés, até mesmo nas visitas que fazia a empresa, sua beleza e bom papo chamavam a atenção de todos os presentes. Que estúpida! Se sentia ciúme? Óbvio! Era minha melhor amiga, que agora precisa da minha ajuda.

Mi Persona Favorita - ValuWhere stories live. Discover now