Capítulo 3 - Sr. Harry Butter

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É no mínimo torturante ver Thomas e Emma abraçados, ela tocando a mão dele e ele permitindo. Vou para cozinha disfarçadamente encho uma taça com vinho e tomo.

Eliot - quer companhia? - percebo ele bebendo em um canto da cozinha.

Hayle - você tem que parar de me assustar desse jeito, Eliot - coloco a mão no coração e sinto ele bater forte.

Eliot - desculpa - ele se aproxima de mim - você não é muito nova para beber?

Hayle - e você já não bebeu muito?

Eliot - justo - ele da outro gole do vinho em sua taça - parece que o dia para você está sendo tão bom quanto é para mim - eu tomo um gole e faço uma careta quando sinto o líquido queimar por onde passa.

Hayle - eu não sei do que você reclama, pode fazer o que quiser

Eliot - não é verdade. Acha que eu quero ir a faculdade? Acha mesmo que quero ser senador igual ao papai?

Hayle - e o que você quer?

Eliot - eu não sei - ele fica pensativo.

Hayle - você é maluco por pensar dessa forma. Você pode ser o que quiser, arquiteto, senador, administrador, advogado. Eu só posso ser uma solteirona ou uma esposa

Eliot - as pessoas te chamam de maluca o tempo todo por pensar diferente. Acho que somos iguais

Hayle - você nunca vai ser chamado de maluco por não quere ser politico, mas eu com certeza seria se dissesse que quero ser

Eliot - sabe quem é maluca de verdade? Emma

Hayle - por ter que se casar com um homem porque todos pensam que as mulheres não são autossuficientes?

Eliot - por se casar com um cara que está visivelmente apaixonado por outra pessoa. É por isso que está triste, não é? - eu tomo outro gole e desvio o olhar - essa é a vida Hayle. Nunca vamos ter ou ser nada que queremos

Hayle - está mesmo se lamentando por ter que ser politico? O que está acontecendo de verdade Eliot?

Eliot - acho que eu também me apaixonei pela pessoa errada - ele diz cabisbaixo.

Hayle - o que isso significa?

David - aqui está você! - meu pai chega furioso na cozinha e eu escondo rapidamente a taça de vinho - seu imbecil! O que está fazendo? - ele tira a taça de vinho da mão do meu irmão - Hayle, nos dê licença - ele diz frio olhando nos olhos do meu irmão, então eu saio da cozinha e me misturo aos convidados.

Karen - Hayle! - minha mãe se aproxima de mim junto a um rapaz - Hayle, este é Jordan Smith, o pai dele é dono da firma de advogados que trabalha para o governo

Jordan - muito prazer - ele pega a minha mão e leva até seus lábios depositando um beijo.

Hayle - o prazer é meu - eu tiro a minha mão e disfarçadamente a limpo no meu vestido.

Karen - ele tem 20 anos e já esta na frente da empresa com o pai dele, não é incrível Hayle?

Hayle - ah sim, claro - é mais um branco e rico, conheço vários iguais a ele.

Karen - Hayle é muito boa na cozinha - sou? - faz pratos maravilhosos e limpa a casa como ninguém - limpo?

Jordan - aposto que sim - ele sorri para mim me olhando fixamente. Eu sei exatamente o que ela está tentando fazer, quer me atirar para um outro homem - podemos dar uma volta?

Hayle - lamento, mas estou com uma dor de barriga horrível. Acho que foram as entradas. Quando eu sentar naquela privada... - Jordan fica sem graça e minha mãe fica mais vermelha que um pimentão.

Karen - ela está brincando - ela diz rindo e Jordan força um sorriso.

Jordan - com licença - ele vai em direção a um circulo de pessoas.

Karen - Hayle Margaret Bucker! O que está pensando? Este homem seria um marido perfeito para você - ela diz baixo, porém irritada.

Hayle - eu não quero um marido, mãe!

Karen - por Deus Hayle, por Deus. Já estou vendo que não vai sair de casa nunca - ela leva as mãos ao seu rosto mas eu definitivamente não me importo com sua desaprovação. Não nessas circunstancias.

Todos estavam felizes e otimistas com o futuro do Thomas e da futura sra. Nolan. Alguém poderia me matar agora, eu com certeza estaria tranquila com isso. Talvez uma doença muito grave. Sério, qualquer coisa. Depois de ter encarado essa noite maduramente com uma garrafa de vinho eu me jogo na minha cama. Está tudo tão errado.

Dia 16/03/1860. Hoje. Estou a caminho da casa do Thomas para irmos juntos a palestra cujo o palestrante não me recordo o nome.

Thomas - tem certeza quer quer fazer isso? - ele diz assim que abre a porta da frente de sua casa.

Hayle - tenho

Nós vamos até o quarto do Thomas e eu começo a experimentar algumas de suas roupas.

Hayle - Emily tem razão, as calças são muito confortáveis. E até que me caem bem - digo encarando o meu reflexo no espelho usando roupas masculinas. Thomas me olha com um sorriso no rosto - o que foi? - eu viro de frente para ele.

Thomas - não é nada. Só que mesmo vestida como um homem... você é linda - eu sinto minhas bochechas corarem, sorrio timidamente e encaro o chão por poucos segundos antes de voltar a fita-lo - já está quase na hora, é melhor irmos. Se lembre, em hipótese alguma diga algo

Hayle - eu sei. Vai dar tudo certo - eu aperto sua mão para tentar passar segurança e ele aperta.

Nós chegamos no lugar e havia uma avalanche de homens. Um pesadelo, eu sei. Mas fazia eu me sentir mais segura, quanto mais gente menos a chance de repararem em mim. Estávamos quase entrando no local quando escutamos alguém chamar Thomas.

Thomas - oi Michael - ele fica nervoso.

Michael - oi. Desculpa te pedir isso, mas eu reparei que que tomou anotações da aula passada duas vezes. Poderia me dar uma delas?

Thomas - na verdade eu perdi, sinto muito

Michael - sem problemas. A culpa é minha, eu devia ter tomado anotações também - ele me olha - acho que não fomos apresentados. Eu sou Michael Pontingan - ele estende a mão.

Thomas - na verdade ela... Ele! ele não fala a nossa língua. Ele é um primo distante. O nome dele é Ha...rry Bu...tter. É. Harry Butter. Esse é o nome dele

Hayle - ah... tchurutaca tacum ya? - eu falo com a voz mais grossa que eu consigo a primeira palavra inventada que passa pela minha cabeça e Thomas me repreende com o olhar.

Michael - wow, que lingua é essa?

Thomas - alemão

Michael - e o que ele disse?

Thomas - disse que foi um prazer conhece-lo. Temos que ir, até mais Mike - ele pega meu braço e me arrasta para dentro do local onde vai ser a palestra - o que foi isso?!

Hayle - desculpa, eu entrei em pânico

Thomas - tudo bem, ele não desconfia de nada. Só tenta não falar com mais ninguém

Nós entramos em uma sala gigante com inúmeras cadeiras e um grande palco. Nós sentamos no fundo e um senhor de uns 50 anos senta do meu lado e me encara desconfiado.

Thomas - é meu primo alemão - ele intervém.

Hayle - ya - eu aceno com a cabeça e mais uma vez Thomas me encara com um olhar reprovador. O homem não parece se importar e começa a encarar o palco vazio.

Thomas começa a mexer seus lábios e entendo perfeitamente quando ele diz "para". Um homem sobe no palco e todos começam a aplaudir. Ele começa a falar sobre as técnicas de desenho e em como ter ideias para complementar um projeto, sorrio para Thomas, um sorriso que dizia claramente um "obrigada por isso" e seguro a sua mão e ele a minha. O senhor que estava do meu lado encara a nossa mão e faz um som estranho com a garganta, mas eu não me importo. Eu estava aprendendo tanta coisa, é injusto que as mulheres não possam ser arquitetas, ou professoras, ou o que quiserem!

Era uma vez em 1860Where stories live. Discover now