Desafio 30 dias de OTP (Parscal)

Bônus: (Mis)communication

Classes pelo dia já estavam acabadas, felizmente, muito de qualquer coisa e as costas sofrem. Com vinte e um pouquinho. Melhor nem pensar em quando mais velho.

O ânimo era que teria um encontro mais tarde, sentimento que tinha quase certeza que bae compartilhava - no final das contas o falso albino acabou entrando um pouco no caminho materno e ia tentar trabalhar com tradução na parte legal, o que era admirável mas o estressava terrivelmente. Scal tinha quase certeza ele precisava de um momento para só ver um filme numa tela minúscula trocando carícias tanto quanto a si.

Ou, pelo menos, era o que achava até pegar o celular para olhar as mensagens. Eram bem recentes, mas o recado era curto e  grosso o bastante para ser estranho:
"Por favor não vem até daqui umas horas.
Se achar melhor nem vir tudo bem."

Estranho à primeira vista, bandeira vermelha do tamanho da lua em segundos.
Emerald - o colega de quarto de Parser, o qual tinha um cabelo de cor bem apropriada - já havia confirmado que planejava visitar a namorada. Ele quer ficar sozinho por horas?

Talvez não fosse nada... mas se não fosse nada ele provavelmente diria o que é em vez de simplesmente "não venha". Esse é o cara que já escreveu seis colunas de texto se explicando por querer aproveitar uma hora extra para cochilar, mesmo as olheiras fundas que formou na última semana sendo sozinhas explicação o bastante.

Mandou mensagem perguntando o que foi, e começou a ir na direção do quarto enquanto esperava ao menos visualizar. Isso não aconteceu.

Talvez não fosse... acabar... se esse fosse o caso, já não era um adolescente que podia ser arrastado de volta pra casa a qualquer momento, e havia dito para passar mais tarde. Se deixar ser achado pelo próprio namorado era... sequer dava para pensar em uma palavra que servisse.
Mas também não queria ficar parado enquanto alguém com quem se importava tanto poderia estar se machucando e tentando disfarçar. Perturbação emotiva e impotência não são uma boa combinação.

Chegou na porta até antes do combinado. Tinha uma vozinha lhe dizendo que no último instante antes do que seria um encontro era um momento estranho, outra que às vezes essas coisas são impulsivas. As duas ficaram quietas quando abriu sem bater - destrancada, maravilha - e o único machucado que o falso albino acabou recebendo foi nas costas, quando foi empurrado no susto e bateu numa parede.

Emerald murmurou um "merda" estrangulado, levantou e foi para onde Scal sabia que era o banheiro, mas o momentinho foi o bastante para notar o vermelho nos e ao redor dos olhos, o que combinado com a umidade em uma das pernas na calça do mais velho - que o olhava do sofá com uma cara de confuso - foi o bastante para fazer o 2+2. Se o calor nas faces dizia alguma coisa, devia estar ficando tão vermelho quanto o Emy.

-- Não viu a minha mensagem? -- Parser perguntou, a expressão nunca mudando.

-- Desculpa. -- foi a primeira coisa que saiu -- Eu fiquei preocupado. Foi mal, de verdade. Eu volto depois...?
Mais para poupar a si próprio de deixar pior, saiu sem esperar resposta e foi para a própria ala. Em meio segundo uma bagunça de ideias passou a parecer pura paranóia.

Não houve mensagem nem nada assim por um tempo - ou melhor, por umas horas - e provavelmente era algo bom. Era melhor dar um respiro e cuidar logo de alguns trabalhos menores. Quando foi ouvir alguma coisa, foi uma batida na porta. Atendeu até que mais calmo (por fora), e aparentemente o namorado estava tão sem jeito quanto a si.

-- Eu tenho que me desculpar também. -- ele murmurou, por causa da hora -- Emy tinha chegado já chorando, a namorada largou por mensagem, parece. -- uma mão levantada foi o pedido silencioso para deixar acabar -- Acabei escrevendo na pressa e não notei que era preocupante com o meu, ãn, histórico. Desculpa por isso.

-- Tá tudo bem, de verdade. Eu acabei assumindo coisas ruins.

O olhar que recebeu indicava que aquele tênis "eu fiz isso" continuaria por algum tempo, mas felizmente isso não aconteceu.
-- Ainda quer ver aquele filme, ou só dormir abraçados?