Fingering each other's hair

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Apesar de não ser um adjetivo que normalmente usaria para si mesmo, às vezes outra pessoa indicava que Scalprum era um homem observador. Não por algo que fazia no consciente, apenas pequenas coisas que registrava e só notava que eram pequenas quando outro indicava.

Combine isso, e considere que, quando se está apaixonado, a tendência é reparar em detalhes, e quando se está apaixonado por bastante tempo, detalhes que sob outras circunstâncias não emergiriam tão facilmente. Se for para dar um exemplo envolvendo seu noivo, diria que era como "macio" parecia ser uma presença mais do que uma qualidade.

Quando se encontraram por acaso, notou como pessoalmente ficava mais macio do que atrevido; quando falhou em lhe assustar com sua aparência, ficou mais macio do que em qualquer outro instante antes de namorarem; o próprio Scal muitas vezes amaciava com sua presença, e a maciez no coração que teve após o "pequeno incidente" (que na verdade não era pequeno coisa alguma) que deu gatilho para ficarem juntos falou mais alto do que a raiva.

Então, não foi realmente uma surpresa - embora o fato fosse bem recebido - quando começaram a mostrar afeto fisicamente continuou sendo recebido em macio. A pele que não era cicatriz era macia e agradável de tocar, quando se aninhavam um no outro o tecido das roupas era bastante macio, e quando ele falava consigo (ele, não a doença dele) podia quase sentir a maciez na voz, mesmo quando parecia irritado.

Ok, para ser justo, as mãos dele não eram exatamente macias; haviam ganhado grossura e aspereza ao longo dos anos, graças às várias vezes que as machucou enquanto aprendia a costurar. Nada insuportável, no entanto; os produtos que usava para amolecer as cicatrizes e conservar a pele "salva" (adjetivo escolhido por ele, não por si) ajudavam a tornar as palmas menos ásperas, e com exceções quando as usava em si era com leveza o bastante para o que restasse mal ser notável. Então, o mínimo que podia fazer era ao menos tentar tornar recíproco, mesmo que as suas próprias palmas não tivessem muito que pudesse ser feito a respeito.

Podiam morar juntos e ter horários semelhantes, mas por razões variadas era comum chegarem em casa um mais tarde que o outro, então às vezes chegava em casa e o tinha lá para receber ou ele chegava e era cumprimentado, mas o resultado, a depender de sua linguagem corporal, era quase sempre semelhante: seu falso albino o chamaria para a cama ou o sofá e o deixaria usar suas pernas como travesseiro, e as mãos acariciariam sua cabeça. E esses momentos eram como ser banhado em maciez.

Já seria confortante por si só se fosse apenas o apoio sobre as pernas, que apesar de magras tinham uma maciez carnuda. E então as mãos. Se o que fazia com eles já aliviavam, através do cabelo sinais de aspereza eram praticamente inotáveis.
Fazia principalmente um vai e vem com os dedos em sua cabeça e passava os dedos pelas mechas então não embaraçava. Mesmo quando desfazia algum nó quase não sentia os puxões na pele. Às algum dedo escapava e tocava seu rosto, e também era algo agradável.

O contrário costumava acontecer menos, não por negligência ou o que quer que algum externo quisesse usar, simplesmente não havia criado costume, e como Parser lhe pedir algo era exceção, não regra (e pedir algo sem uma gota de depressão envolvida a exceção da exceção), lhe pedir para acariciar a cabeça não acontecia muito.
Não que fosse algo a reclamar. Era algo fácil, e é claro que tinha o cabelo macio. Ao mesmo tempo que parecia o deixar feliz, gostava de sentir os fios finos sob e entre os dedos, ainda melhor quando passou a deixar crescer, como se organizasse fios de algodão. Havia quase virado piada interna que deixava macio com tal propósito, embora o quanto era realmente uma piada fosse questionável.

Sim, uma relação em que maciez era bastante presente. Voz, gestos, roupas, pele, beijos, carinhos, e os próprios integrantes quando ficavam juntos.

Se notar isso era ser observador, então talvez estivesse certo.

Desafio 30 dias de OTP (Parscal)Where stories live. Discover now