— Sério, amiga? — Indaga — Você não aprendeu nada com os livros que tem lido?

— Algumas posições novas, mas... — Ela ri.

— Não é só pelo hot, amiga — Bri começa — Esse desentendimento entre vocês causou tudo isso.

— Por favor, traduz para mim.

— A história de vocês ainda está no início e esse ódio de vocês é o que perdura toda essa atração.

— Pensei que você já ía começar a falar que no fundo nos amamos e essa baboseira toda. — Rebato.

— Não, pelo menos não ainda. — Acho que eu dei um gritinho porque ela ri e tenta me explicar. — Primeiro é a atração, iniciada depois que algo fará um pensar no outro incessantemente. No seu caso é muito pior.

— Muito obrigada pelo seu apoio, amiga. — Agradeço ironicamente.

— Estou te apoiando, boba. — Ela suspira. — Essas pequenas lembranças vão piorar tudo, quando lembrar das coisas a culpa que sentirá toda vez que olhar seu irmão vai fazê-la pensar nele mais ainda. Mesmo que você não tenha culpa nenhuma. Mas te conheço, você pensará assim, mesmo que não deva.

— Tá legal, visões da Raven.

— Bom, quando esses efeitos amenizarem — Ela para e dá um sorrisinho malicioso—, na nova temporada das corridas , querendo ou não, você verá ele. Todos os fins de semana, por meses.

Bufo.

— E aí? — Instigo-a e o sorriso da malandra fica maior.

— Curiosa?

— Claro, você está contando o meu "futuro" — Gesticulo com as mãos. — Por favor, continue para eu ter o conhecimento necessário para evitar tudo isso.

— Aí que tá, amiga, não adianta lutar contra. — Ela fala sorrindo. — E é vocês que ditarão o meio da história.

— Você é maluca.

— No entanto, sempre estou certa. — Ela completa.

— Não sei disso não, mas você falou só do meio da história — Falo pegando alguns sushis que estão na mesa. Arregalo os olhos ao perceber que não me lembro de ter pedido, estava focada demais em Bri. — E o final?

— Quer dizer o casamento ?

— Não vamos nos casar. — Meio que rosno, mas sai como uma lamúria.

— Vão, talvez não tão agora, mas irão. — Brielle pensa um pouco, torcendo a cabeça levemente para o lado esquerdo e depois sorri. — Vou precisar checar a dinâmica de vocês para determinar quando será a cerimônia.

— Como assim dinâmica?

— Ai amiga, você está por fora mesmo, vou ter que recomendar uns livros novos. — Olha para a mesa e depois me encara. — Você já experimentou esse uramaki? Está divino.

— Estão ótimos mesmo, mas não brinque comigo, Bri.

— Tá bom. — Ela revira os olhos. — Por dinâmica eu quis dizer química e o desenvolvimento entre vocês.

— E como você, senhorita Wilson, pretende fazer isso?

— Então, Lisa, te contei pelas mensagens, além do dinheiro que eu ganho pelo canal, os publis de livros e as parcerias com as editoras. — Ela relata com os olhos brilhando de alegria — Fiz alguns trabalhos como modelo.

É verdade, ela tinha me dito.

Minha melhor amiga é deslumbrante, cabelos cor de mel, não chega a ser loiro, mas também não seria um castanho e olhos castanhos claro. Quando faz uma maquiagem natural, como essa que está agora, passa um ar inocente. Porém, quando aposta em algo mais marcante parece um mulherão. São inúmeras oportunidades, acho que ela se daria muito bem nesse ramo.

— Sim, e pretende fazer algumas viagens de rotina para fiscalizar o meu envolvimento imaginário com Li...— Estremeço. — Com Byrne?

— Por que evitou de falar o primeiro nome dele?

— Por nada.

— Sei. Mas amiga, fica tranquila, não ficará morrendo de saudade de mim dessa vez. — Brielle diz — Assim que sair a ordem das cidades que ficam os circuitos, comprarei todas as passagens. Os ingressos para a corrida acho que você consegue com o Theo, não?

— Sim, consigo — Falo lentamente ainda processando tudo o que ela me disse. — Quer dizer que vai acompanhar todas as corridas para ver o que rola?

Como ela já tinha me dito antes, sabia que iria viajar junto comigo. Mas não fazia ideia que iria acompanhar todas as corridas. São realmente muitas viagens. E ainda mais para ver o que rola comigo e com Byrne.

É claro que eu sei que não vai rolar nada.

— Quer dizer que vou passar mais tempo do lado da minha melhor amiga e de quebra vou ver o live-action de uma adaptação literária.

— Hum? Que live-action, doida?

— O que você é a protagonista, fala sério, você não era tão lerda assim meses atrás.

— E ainda assim não roubei seu lugar. — Completo e ela ri. — Percebe que eu te chamei de lerda também, né?

— Sim, mas você admitiu que também é, então fico feliz.

— Idiota. — Digo.

— Não mais que você.

— Quanto amor envolvido, né? — Falo em tom irônico, entretanto é verdade.

— Muito.

Rimos e começamos a nos atualizar sobre coisas triviais de nosso cotidiano.

Gosto que ela acompanhe um costume brasileiro que sinto muito falta aqui no exterior. Nas refeições colocamos os assuntos em dia e comemos. Como se além da refeição, o socializar durante fosse tão importante quanto a comida.

Estávamos livres pelo resto do dia, então conversávamos e quando ficávamos com vontade de comer mais alguma coisinha, pedíamos. Os garçons passavam pelas nossas mesas encabulados, e mesmo que garantirmos que iríamos dar uma gorjeta bem gorda, sentia os olhares estranhos e impacientes voltado a nós.

— Acho que vão nos expulsar. — Falo ao notar uns funcionários conversando com a maître e olhando disfarçadamente para nós.

— Não irão se nós pedirmos mais alguma coisa. — Constata Bri.

Rio baixinho e levanto a mão.

— A conta, senhoritas? — Disse um jovem muito bonito que aparentava ter nossa idade.

— Ainda não, senhor, gostaríamos de fazer o pedido de uma porção com dez uramakis.

— Certo, senhoritas, já volto com os pedidos. — Diz para nós, mas seus olhos fixam mais em Brielle.

Interessante.

Assim que ele vai embora, me viro para a minha amiga.

— Parece que o garçom gatinho tá de olho em você.

— Quem? O que acabou de sair daqui? — Pergunta fingindo que não percebeu.

— Sim, ele é seu tipo.

— Nem percebi. — Ela fala e eu suspiro.

— Bri, às vezes acho que você foca tanto nesses romances que esquece do seu.

— Não tem nenhum romance para mim, amiga.

— Eita! Que deprê. — Percebo e ela ri.

— Não era para sair tão dramático assim, quero dizer que ainda não é a minha hora. — E então abre um sorriso para mim. — Estamos falando da sua história aqui, fico feliz sendo apenas uma coadjuvante. Quero ver o desenrolar da sua, por agora. Sua história com o Liam.

— Ah! Por favor. — Praticamente gemo em desespero. — Não terei nada com esse cara, o que eu preciso urgente é esquecê-lo.

— Boa sorte então, Lisa, apesar de que sei que no fundo você acredita em mim.

Amo minha amiga, mas ela é uma fanfiqueira profissional.

O que ela precisa entender é que não dá para espelhar o enredo de um livro na vida real.

Vida que segue, vai ser só eu esquecer que aquela noite existiu e tudo voltará a ser como antes.

Príncipe dos CircuitosOnde histórias criam vida. Descubra agora