Heart By Heart

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Algum tempo depois...

Puxei a faca da cabeça do zumbi, sentindo aquele sangue nojento caindo no meu braço e depois o corpo morto batendo no chão.
Respirei fundo, limpei a faca nos jeans e coloquei as mãos na cintura, olhando em frente.
Estávamos no meio do nada, eu e Aaron, olhando o que sobrara de uma casa, ou algo assim, totalmente queimada e feita em escombros.
Assenti e fiz um aceno com a cabeça.
- É... Essa daqui já era. - Falei.
Aaron suspirou, passando por mim, em direção ás traseiras.
- Essa e todas as outras. - Falou.
Olhei ele. Aaron estava estranho desde que saíramos para procurar comida. Aliás, Aaron estava estranho desde os Sussurradores.
Decidi que só iria ajudar se ele assim o quisesse, caso contrário, eram os demônios dele e ele que deveria cuidar.
Tirei o mapa da Maggie do bolso e abri, olhando ele.
- Neela.
Ergui a cabeça e segui na direção do Aaron, parado mais na frente.
Parei do seu lado e vi para onde ele estava olhando.
Três corpos estavam deitados no chão, completamente carbonizados. O que restava de uma pequena família.
Mordi o lábio. Que merda acontecera ali?
E foi exatamente isso que Aaron perguntou.
- Acho que deveriamos regressar a casa. - Disse ele. - O mapa da Maggie não está levando a gente a lugar algum.
Suspirei. - Não podemos, com a vinda da Maggie e do grupo dela, a comida não está chegando para todos. Temos de continuar.
Me afastei dele, colocando um fio de cabelo para trás.
- Estamos á semanas, longe da nossa família. - Disse Aaron. - Eu tenho de pensar na Gracie, você deveria pensar na Lydia e no Tyler.
Parei de andar e girei, encarando ele.
- Eu estou pensando neles e é exatamente por isso que vou continuar.
Aaron respirou fundo. - Eu já fazia isso, antes, eu sei como é e sei quando precisamos parar.
Assenti. - Eu lembro disso, quase arranquei sua cabeça na porrada, mas não vou desistir. Quer ir embora? - Ergui a mão. - Vai.
Ele olhou o chão, abaixando a cabeça, e depois ergueu de novo para mim.
- Como se eu fosse capaz de deixar você sozinha. - Ele andou até mim, sorrindo fraco. - Negan iria adorar.
Sorri e segui do lado dele.
- Eu sempre penso nas crianças, não só no Ty e na Lyd, mas em todas elas. Todas, Aaron.
- Foi mal, mas é que andamos procurando á semanas e não achamos nada! E você continua aí, toda plena, com um sorriso nos lábios e a ideia de que vai correr tudo bem.
Assenti, devagar, e depois olhei ele.
- Porque vai.
Andamos pelo meio dos terrenos vazios e depois parei, fazendo Aaron parar também e ergui a mão, indicando um edifício baixo, mais na frente.
Tirei o mapa do bolso e olhei. - É ali.
Seguimos nessa direção e parámos junto da entrada, onde as portas estavam fechadas e presas com madeira e correntes.
Aaron me olhou. - Pode ter zumbi.
- Com certeza tem.
Bati com o punho fechado na porta e esperei.
Aaron usou o braço metálico para tentar quebrar a madeira de uma das portas, mas não estava resultando.
- Isso é uma ideia suicida! - Esbravejou ele.
Assenti e tirei a faca do cinto.
- É... - De repente, vários mortos surgiram nas janelas, batendo com as mãos nos vidros. - Mas é a unica que temos.
Um morto surgiu na porta em que Aaron estava, passando os braços pela abertura que ele já fizera e esticando eles, tentando chegar no Aaron e fazendo ele pular de susto.
Espetei a sua cabeça e depois guardei a faca, olhando Aaron.
- Me ajuda?
Ele revirou os olhos.
Segurámos os braços do zumbi e puxámos, mas não deu resultado.
- Aos três. - Falei. - Um, dois, três!
A pele dos braços do morto rasgou, escorregando sobre sua carne morta, e eu e Aaron acabámos no chão.
Fechei os olhos de dor, mas quando abri, tive uma ideia.
- Já sei como entrar. - Levantei, espetei a cabeça do morto e me afastei. - Fica de olho.
Aaron levantou, sem entender nada.
- Onde você vai? Como vai entrar?
Sorri e indiquei o telhado. - Por cima!
Subi no topo do edifício mas parei assim que vi o que estava ali.
Vários corpos, um deles havia virado, amarrado a um poste, todos os outros estavam realmente mortos. Vi um casal deitado em uma cama...
Tinha várias coisas ali e, escrito em letras enormes e brancas, estava a frase "Salvem-nos".
Respirei fundo. Eles nunca foram salvos.
Abri a porta que dava para entrar no edifício e tirei a faca do cinto, me preparando para um ataque e desci.
Estava escuro lá dentro e tive de esperar alguns segundos para meus olhos se adaptarem à escuridão, mas depois percebi que tinha vários zumbis ali.
Fui chamando a atenção deles aos poucos e matando um e depois outro, até que todos acabaram no chão.
Olhei em redor. Não tinha nada ali que a gente pudesse usar.
Abri a porta e vi um Aaron de braço erguido, pronto a bater na minha cabeça.
Ergui as mãos. - Me rendo.
Ele revirou os olhos e abaixou o braço.
- E aí?
Neguei com a cabeça e foi quando ele perdeu a paciência.
- Chega! Eu quero voltar para casa, eu quero voltar para a minha filha! Estamos nisso á semanas, semanas, e até agora só achámos uma mão cheia de nada! Para mim chega dessa merda! Quer continuar, vai! Eu vou embora! Esse mapa da Maggie não tem nada, mesmo!
Respirei fundo e passei a mão pela testa.
- Só mais uma. - Pedi.
Aaron negou. - Não, eu não.
Assenti e guardei a faca.
- Tá, eu vou sozinha, então.
Me afastei e depois percebi que estava sendo seguida e olhei por cima do ombro, vendo Aaron.
- Não ia embora?
Ele fez um som muito pouco amigável.
- O que eu iria falar para o Daryl e para o Negan?
Eu ri, ri alto e depois ri ainda mais, fazendo Aaron me olhar como se achasse que eu perdera o juízo de vez.
- Neela?
Parei de andar, rindo e depois ergui a mão, deixando ela cair de novo.
- Eu perdi.
Ele franziu o cenho. - Perdeu?
- O mapa. Eu perdi o mapa da Maggie!