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Andei debaixo do sol quente, com a mochila presa em um ombro e a máscara do zumbi segura na outra mão

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Andei debaixo do sol quente, com a mochila presa em um ombro e a máscara do zumbi segura na outra mão. Olhei o chão enquanto andava, pensando.
Como Negan ficou para trás? Eu tinha de tirar ele de lá. Ele fora legal comigo, e nem parecia aquele homem horrível que nos ameaçou e matou minha irmã. Negan me protegera, sempre. Até quando eu machucara meu tornozelo. E ele ficara para trás, junto daqueles idiotas, por mim.
Passei a mão pelo cabelo, tirando alguns fios do rosto, e erguendo a cabeça. Hilltop se erguia lá na frente.
Sorri enquanto me aproximava.
Parei na frente e olhei o vigia, fechando um olho. Ergui a mão.
- E aí? Pode abrir?
Ele me sorriu. - Bem vinda de volta, Neela.
Levantei o dedo e entrei. Tudo o que eu menos precisava era um vigia me paquerando, e aquele adorava fazer isso.
- Romênia!
Olhei DJ e acenei. - Oi. - Continuei andando e vi Daryl surgindo da casa grande, junto com Jesus.
O caipira me olhou, pego de surpresa, e depois correu para mim, me abraçando e erguendo do chão.
Apertei ele nos meus braços. Estava cheia de saudades.
- Neela! - Me colocou no chão e se afastou um pouco. - O Negan? O que houve?
Suspirei. - É... precisamos falar.

- O quê?! - Daryl se afastou da janela. - Quer que eu acredite que ele fez isso?! Ficou para trás para dar uma chance a você de fugir? - Ergueu as mãos. - Isso era exatamente o que o Rick não queria! Era isso que tentávamos evitar!
- Daryl. - Disse Jesus. - Ele deu uma chance da Neela sobreviver.
- Ah tá. Agora virou o bonzinho.
Franzi o cenho. - Ele me ajudou. Eu me machuquei e ele me ajudou! Eu bati nele, deixei ele sangrando e ele nunca ergueu a mão para mim. Ele nem nunca ergueu a voz, sequer! Ele me protegia sempre!
Daryl franziu o cenho. - Você... está defendendo ele? Ficou com ele?
- O quê? Não!
- Porque ele matou a Laiane, lembra?
- Nunca vou esquecer, Daryl.
- Pois não parece.
Daryl saiu a casa, batendo com a porta e eu suspirei. Odiava discutir com ele.
- Isso é um jogo ou o Negan realmente fez isso por você? Porque não parece coisa dele. - Disse Jesus.
Olhei ele.  - Eu sei! Mas fez! Porque ninguém acredita em mim?
Jesus sorriu. - É o Negan.
Assenti mordendo o lábio. - Ele não é mais o vilão.
- Neela, caras como ele não mudam.
- Jesus...
Ele ergueu as mãos. - Tá, tudo bem, temos outros problemas.
Franzi o cenho. - Que problemas?
Ele me olhou. - Temos a filha da Alpha e o outro problema, terá de perguntar para o Daryl.
- Têm a filha da Alpha?

Desci as escadas da cave e vi uma garota sentada dentro de uma das celas, parecendo assustada.
Daryl desceu comigo e a garota o olhou, se encolhendo.
Me aproximei e ela abriu muito os olhos.
- Você...
Ergui o queixo. - Porque sua mãe anda atrás de mim?
Daryl se aproximou. - O quê? - Olhou a garota. - Isso é verdade?
A menina deu de ombros, assustada.
- É. Ela queria a loirinha, a garota que matou vários dos nossos.
Daryl me olhou mas eu mantive meu olhar na garota. - Onde ela está?
- Em todo o lado. Escuta, você não quer se colocar no caminho dela. Se esconde, some, deixa ela te esquecer.
Franzi o cenho. - Porque faria isso?
Ela negou com a cabeça. - Você não conhece minha mãe.
Assenti. - E ela não me conhece.
Saí da cave, dando as costas para ela e Daryl.
Assim que saí, respirei fundo e fechei os olhos. Aquilo tinha de acabar. Eu tinha de regressar, trazer o Negan e acabar com essa Alpha, fosse ela quem fosse.
Senti uma mão no meu braço e olhei, vendo Daryl.
- Aquilo é verdade?
Assenti. - Eu falei, lembra? Mas você não acreditou em mim. Negan ficou para trás para tentar levar eles para outro lado, para eu fugir. A Alpha quer a minha cabeça.
Daryl assentiu, parecendo pensar.
- Isso não vai acontecer. Ela deve vir pela garota, estamos esperando, mas ela não vai encostar em você. Nunca.
Sorri. - É... talvez.
- Tem outra coisa. - Falou ele.
Percebi algo no tom sa sua voz e franzi o cenho. Daryl nunca falava assim, só quando era algo grave.
- Que coisa? O que aconteceu?
Daryl fez sinal para que eu seguisse ele e andou na minha frente. Ajustei meu passo com o dele.
- Vamos esquecer essa coisa do Negan por dois minutos, tá? - Pediu. - Tem uma coisa que eu quero que veja.
Franzi o cenho mas assenti.
Parámos e Daryl ergueu o dedo, indicando algo na frente, mas quando olhei não vi nada, nada além de um garoto sentado nas escadas, rodando uma faca nas mãos.
- Quer que eu veja um garoto? Aliás, quem é ele? Nunca vi por aqui.
Daryl me olhou e suspirou. - É o Tyler. É... Ele é meu filho.
Me senti como se ele tivesse socado minha barriga. Olhei o garoto e calculei mentalmente e nada batia certo.
- Espera. - Ergui as mãos. - O quê?! Como... ele... Que idade ele tem?
- Seis.
Abri muito os olhos. - Seis?!
Daryl assentiu. - Eu conheci a mãe dele na floresta, era a dona do Dog. Eu... eu  em sabia da existência dele.
Neguei com a cabeça. - Calma! Espera. Você conheceu uma estranha e fez um filho nela? Você? Que é fechado e distante e nunca de aproxima de ninguém? Cadê a mãe?
Daryl respirou fundo. - Neela...
Eu ri. - Eu só estava tentando entender.
- Ela morreu. Um cara trouxe ele para cá.
Depois um pensamento bateu na minha mente, e eu olhei ele. - Eu tenho um sobrinho!
Daryl revirou os olhos. - Não vai bancar a tia maluca, vai? Ele nem confia em mim, ainda.
Olhei o garoto e sorri, olhando Daryl e ergui um dedo.
- Não esquece que eu pretendo acabar com os das peles, mas agora eu vou falar com ele.
- Neela, não. Volta aqui.
Sorri e mostrei a lingua a ele.
Avancei até chegar nas escadas e parei na frente do garoto.
Ele ergueu a cabeça e aquele olhar azul era tão idêntico ao do Daryl que quase morri.
- Oi, sou a Neela. - Estiquei a mão. - Irmã do Daryl. - Indiquei o caipira.
O garoto suspirou e apertou a minha mão. - Sou o Tyler.
Indiquei as escadas. - Posso?
Ele assentiu e eu sentei do seu lado.
- Então... Você é filho do Daryl?
Tyler deu de ombros. - Minha mãe sempre disse que sim.
Eu ri. - Você é a cara dele, sabia?
Ele riu. - Ele é um pouco assustador.
Ri de novo. - É mesmo, mas é muito legal. - Indiquei a faca. - Sabe usar?
Ele assentiu. - Isso, uma arma, um arco e uma besta.
- Nossa, garoto, aprendeu tudo isso?
- Minha mãe me ensinou.
Toquei na sua cabeça. - Vai ficar tudo bem. - Sorri. - Você vai gostar daqui e vai gostar do Daryl.
Levantei e me aproximei do caipira, que nos olhava, afastado.
- Ele é muito fofo.
- Quer parar? - Daryl me olhou. - Eu nem sei o que fazer e nem por onde começar.
Toquei no seu ombro. - Eu te ajudo. Eu adoro criança.
Daryl me olhou. - É... já deu para perceber.

Heart By HeartWhere stories live. Discover now