— Tenho uma ideia — os olhos de Heloísa brilharam — Não me recriminem por eu assistir programas de baixa qualidade, no entanto isso me ocorreu quando me lembrei de um deles... E se o André contratá-lo para testar a fidelidade da noiva, namorada, seja lá o que a Isadora venha a ser dele...

— Eu? — Isadora não escondeu a surpresa.

— Claro gênio, quem mais? — Heloísa sorriu e tratou de se explicar — Fui uma pessoa pública e, bem, minha vida não é assim tão privada, sempre sai uma notinha em alguma revista de fofocas e já sou comprometida. Ou seja, é impossível fingir ser alguém que não sou. No seu caso, porém, poucas leitoras conhecem a pessoa por trás da colunista Isadora Prates. Além disso, você é mais reservada, não saindo muito, e, para completar está solteira, ou seja, temos a combinação perfeita. Assim, nesse faz de conta você pode ser quem quiser, inclusive a namorada de Anselmo Correa.

André não conseguiu disfarçar o seu desconforto e Lorena olhou-o com atenção. Será que aquela relutância toda em fazer parte daquilo tinha a ver com o fato de ter uma queda pela jornalista? Mesmo sem conhecê-lo, era capaz de apostar todas as suas fichas nisto, embora parecesse que Isadora não percebia o modo como ele a olhava. À Lorena esse olhar não passou despercebido porque a fez recordar do modo que ela própria olhava para o Otávio.

— E então? — Heloísa puxou-os de volta ao assunto — Concordam com o motivo que eu sugeri?

— Para mim está perfeito — Lorena olhou primeiro para André e depois para Isadora. A jornalista assentiu com a cabeça, concordando e todos os olhares se voltaram novamente para André.

— O que vocês decidirem, apoiarei; pois percebi que falarei sozinho, se ousar discordar — o tom dele era o mais sério o possível, porém, Heloísa riu diante do comentário, provocando o olhar de todos.

— Ah gente! Desculpem-me, mas essa versão do André não conhecia — forçou-se a ficar séria e recebeu um olhar contrariado do amigo.

— Se está tudo decidido, peço que façam silêncio, porque já perdemos muito tempo — ele apanhou novamente o cartão — Que comecem os jogos! — e discou novamente aquele número de celular

****

Devia estar enferrujado, só isso explicaria seu nervosismo diante da ligação não completada. Então, quando o celular tocou novamente, esperou que chamasse três vezes, antes de atender.

— Alô, boa noite — André começou, um pouco mais nervoso do que no dia anterior — Don, estou ligando novamente para contratar o seu serviço.

— Boa noite — Thalles falou pausadamente, após escutá-lo. Ficou aliviado ao perceber que não era um trote — Você foi indicado pelo Dr. Siqueira? — quis confirmar se se tratava da mesma pessoa com quem Gustavo falara na noite anterior.

— Sim — André confirmou — Mas, não foi com você que falei, foi? Quer dizer, não estou reconhecendo a voz — foi sincero em expor sua dúvida.

— Não foi comigo que falou, contudo estou ciente do seu telefonema e, a partir daqui, cuidarei do seu caso — Thalles explicou, incomodado em tocar no nome do advogado e se recordar de Lorena.

— E como funciona? — André preocupou-se em não parecer ansioso demais.

— Esse contato telefônico é preliminar, dos detalhes do trabalho só posso tratar pessoalmente. Tem disponibilidade para me encontrar amanhã? — Thalles foi direto.

— Sim — dessa vez André não hesitou — Basta me dizer o horário e o local, que estarei lá.

— Há um hotel na Avenida Faria Lima — Thalles revelou no nome do hotel para André — Você o conhece?

Projeto Don Juan (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora