21 Capítulo: Cicatrizes

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Depois do almoço preparado por Damian, Katherine agradeceu pela refeição e em poucos minutos Beca saiu do quarto carregando suas malas

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Depois do almoço preparado por Damian, Katherine agradeceu pela refeição e em poucos minutos Beca saiu do quarto carregando suas malas. Prontamente Dylan caminhou desanimado até a irmã e pegou as malas para si, o que levou ela a sorrir agradecida.

Enquanto Beca se despedia de Damian, Katherine notava seus olhos brilhando com lágrimas. O abraço apertado que Damian retribuiu a ela fez Dylan contrair o maxilar, e ao notar o rosto fino dele se endurecendo, Kath suspirou reconhecendo aquela expressão de desapontamento que ela conhecia tão bem.

Quando saíram do prédio, sentiram o sol queimando suas peles, era o domingo mais quente dos últimos meses, o verão se aproximava com maior intensidade conforme o ano ia acabando. As ruas ao redor ficavam cada vez mais cheias de crianças brincando, som dos pássaros cantando e as flores das árvores ainda formosas após a primavera. Mas nada do que houvesse naquela tarde de domingo fazia Dylan sorrir. Sua expressão endurecida sumia aos poucos, dando espaço para seus olhos caídos e sua postura desarmada a cada passo que davam mais próximos do ponto de táxi onde deixariam Beca.

Beca caminhou olhando de soslaio para o irmão enquanto lembrava de todas as vezes em que passaram por aquela despedida, e a cada vez que acontecia, sentia ele cada vez mais frio, talvez estivesse se acostumando com a dor da partida. Aquele pensamento fez Beca engolir a seco o nó que se formou em sua garganta. Ela sacudiu a cabeça espantando as lágrimas pesadas de seus olhos e num supetão abraçou Dylan com toda sua força.

- Eu prometo que nos veremos em breve - Beca beijou o rosto do Dylan e o segurou pelas bochechas encarando seus olhos que se tornavam mais distantes na visão dela.

- Eu prometo que vou ficar de olho nele - Katherine sorriu ao abraçar Beca após os dois se afastarem

Beca abriu a porta do táxi amarelo e apoiou a mão no teto do carro antes de entrar, olhou novamente para Kath e Dylan que estavam parados um do lado do outro observando ela partir e acenou.

- Vão me visitar assim que possível! - Ela deu um sorriso amargo e entrou no carro batendo a porta para o motorista dar a partida.

- Vão me visitar assim que possível! - Ela deu um sorriso amargo e entrou no carro batendo a porta para o motorista dar a partida

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No caminho de volta para a casa, Dylan permaneceu em silêncio e Katherine respeitou aquele momento. Os dois caminharam lentamente pela calçada e foram para a mesma direção mesmo após entrar no condomínio, como se pudessem ler o pensamento um do outro, continuaram caminhando até o terraço do prédio de Katherine onde podiam se desarmar de qualquer sentimento que os estivesse sufocando.

Quando finalmente se sentaram na namoradeira de madeira, suspiraram aliviados de finalmente estarem debaixo da sombra. Ainda em silêncio, Katherine observava os traços do rosto de Dylan como nunca havia feito. Os olhos grandes e castanhos que estavam distraídos fitando o horizonte se tornava um pouco mais claro com a luz do sol invadindo parte de sua íris, o nariz reto e fino assim como seu rosto esguio pareciam mais relaxados agora, e os lábios finos levemente secos pelo calor. Cada detalhe parecia novo, como se o estivesse conhecendo naquele momento.

Quando aqueles mesmos olhos se direcionaram até os seus e se conectaram, Katherine segurou a respiração constrangida e soltou um soluço logo em seguida, fazendo Dylan soltar um riso disfarçado.

- E-eu só estava comparando você com a sua irmã, realmente são muito parecidos - declarou Katherine tentando disfarçar, Dylan apenas assentiu com um sorriso, mas ainda se manteve em silêncio.

- Ela é uma ótima irmã, se preocupa demais com você. Mas eu prometi a ela que iria cuidar de você e te ajudar em tudo o que precisar!

Dylan torceu o rosto ao ouvi-la e voltou seus olhos para o horizonte cheio de prédios a sua frente - Eu não preciso da ajuda de ninguém.

- E-eu só quis dizer que você sempre poderá contar comigo, seja para se divertir, conversar e até mesmo pra desabafar, contar sobre suas dores - Katherine falou lentamente cada palavra como se estivesse desarmando uma bomba, com medo de explodir a qualquer momento. Mas se surpreendeu ao vê-lo rindo.

- Deixa eu adivinhar, a Beca deve ter te contado alguma história triste sobre mim e agora você quer se envolver nisso? - a voz de Dylan se tornou mais forte com um tom irônico enquanto encarava Katherine - Mas olha só que surpresa, eu nunca precisei de ninguém e não vai ser agora que eu vou precisar - finalizou ele com um olhar sombrio. Katherine piscou, sem saber como prosseguir.

- Todos nós temos feridas Dylan, mesmo que não sangrem mais e apenas tenha ficado uma cicatriz, ela nos faz lembrar todo dia da dor que sentimos

- O que você sabe sobre cicatrizes, Katherine? Sua vida é perfeita - ele lançou o mesmo olhar sombrio novamente enquanto sentia um rubor subindo em seu rosto - Seus pais te apoiam, te amam, você tem tudo o que quer, a vida nunca te tirou nada, a única coisa que você tem pra se preocupar é com as suas notas da escola e com um cara que não dá a mínima pra você.

Katherine arregalou os olhos e engoliu aquelas palavras a seco, sentindo o chão sendo tirado de seus pés.

- Você também não sabe nada sobre mim, Dylan. Eu... - Katherine travou as palavras ao perceber que diria algo sobre Savannah. Ela se levantou pronta para ir embora e desistir daquela discussão mas exitou ao vê-lo rir amargamente.

- Realmente, sua vida não é tão perfeita assim. Deve ter alguma coisa que você esconde, ninguém pode ser bom o tempo todo, viver com um sorriso estampado em qualquer circunstância. A verdade é que eu nunca vou saber o que é verdadeiro em você. Eu posso até ter uma ferida aberta que sangra até hoje, mas se você tem alguma cicatriz como diz, está escondendo ela muito bem - suas palavras pareciam ter deixado algo claro em sua mente e Dylan se ergueu perdido pela raiva que tomava conta de sua mente. Mas um súbito arrependimento veio sobre ele ao ver os olhos de Katherine se enchendo de lágrimas, aquelas lágrimas e o queixo trêmulo que ele odiava ver mais que tudo no mundo.

Katherine se retraiu diante de todas aquelas palavras assertivas que expunha seus piores medos, ela sabia que ele estava certo em tudo o que disse, mas não conseguiu prosseguir e apenas se virou em silêncio caminhando até a porta de saída sentindo suas pernas anestesiadas. Escutou os passos apressados de Dylan tentando lhe alcançar, quem sabe para se explicar ou pedir perdão, mas os mesmos passos simplesmente silenciaram antes mesmo de chegar até ela.

Dylan ficou estático a poucos centímetros da mesma porta por onde Katherine havia saído, seus pés pareciam rendidos pela fúria descontrolada que voltava a dominar seu corpo. Ao mesmo tempo, sentia seu coração querer sair do peito com a visão de Katherine em sua mente.

Havia uma guerra infindável entre raiva e angústia lutando para dominá-lo. Até que um grito desesperado saiu de sua boca junto com as lágrimas que pareciam enterradas a tanto tempo.

O Garoto Ao LadoWhere stories live. Discover now