CONFLITOS DA PAIXÃO

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Miguel havia passado mais uma noite, alguns minutos em pé na porta do quarto do Danilo, mas não se atreveu entrar.

- Eu te amo, Alice!

Sussurrou e voltou para a cama onde brigou com o sono e com a imagem dela chorando, decidido a não passar mais um dia com sua mulher evitando-o, iria surpreendê-la e pedir perdão.

Contudo conseguiu iniciar sua quarta-feira após conversar com ela e se desculpar, mas ainda não era o bastante só em lembrar como havia falado, seu corpo enrijeceu, se enfureceu consigo e se xingou.

Miguel passou o dia ocupado, seus dias eram raramentes de pouco movimento, o que lhe deu pouco tempo para pensar em Alice, desde o incidente com a paciente que por pouco poderia não mais clinicar que aprendeu a desligar seus problemas quando entrava no consultório.

Ao fechar a porta do seu consultório no final do dia, seu corpo doeu de exaustão por tanto brigar com sua mente para não pensar em Alice. Queria apagar aquela noite, mas não podia quando até ele sentia náuseas só em pensar em Alice magoada.

Quando foi a última vez que saíram para jantar, passear na praia, dançar, conversar e sorrir juntos enquanto cozinhavam?

Curvou o corpo sobre o seu carro no estacionamento da policlínica no fim do dia. A culpa foi como um soco no seu estômago. Como foi um tolo em pensar que Alice não era apaixonada por ele.

- Vou resolver isso, não posso perder minha mulher...

- Vai perder Alice por que, o que aprontou dessa vez?

- Cecília quer me matar, o que faz aqui?

Miguel perguntou fechando a porta do seu carro.

- Trabalho aqui, esqueceu, me responda por que Alice não veio trabalhar hoje? - perguntou Cecília jogando suas coisas em seu carro.

- Ela acompanhou a Solange ao hospital pela manhã, me respondeu há pouco que em casa me explicaria porque faltou a tarde.

- Mas, não está indo para casa?

Ele meneou negativamente a cabeça, desejava não ter que ir na casa da Yara, mas não podia adiar, já havia rejeitado suas ligações durante o dia.

- Se continuar assim, pode perdê-la, sabe disso? Eu também não aguentaria ver meu marido com a ex para cima e para baixo.

- Ela não está bem, mas... - Calou-se constrangido, passou as mãos nos cabelos e suspirou para cima e esclareceu. - Estou indo conversar com ela, vou me afastar dela.

- Desculpas, não tenho o direito de me meter em sua vida...

- Somos amigos! - ele fechou a porta do seu carro e cruzou os braços. - Estou agindo como um idiota, eu sei, ninguém entende que não tenho raiva da Yara, nem amor, porém não consigo ficar sem ajuda-la.

Ela o encarou por alguns instantes e passou a mão em seus braços, fazendo carinho.

- Ela quer voltar para você, Alice não me disse nada, desconversou quando perguntei, mas senti o quanto estava insegura com essa situação.

Eles silenciam ao ver pessoas passarem ao lado.

- Sabe o que sinto quando vejo o meu ex-marido? - perguntou Cecília com um sorriso. - Simplesmente isso, ele é o meu ex, todos os sentimentos que um dia eu senti ou os que descobri com ele, ficaram no passado, ainda continuo querendo ser feliz, mas ele não é quem me faz querer isso. Não devemos nada um ao outro, fim. Nem todo conto de fadas é para sempre.

Miguel escutava com atenção e sorriu após receber um beijo na bochecha.

- Pense nisso amigo, como vai começar uma nova história com outra querendo acrescentar novos capítulos - Ela se afastou em direção ao seu carro. - Alice precisa voltar a sorrir, cuide logo disso!

UMA NOITEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora