BARRIGA REVELADA

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Alice acordou na ambulância, ainda desorientada, ouviu a voz da sua colega e do enfermeiro explicando onde estava, tentou tocar a barriga.

- Já avisamos a sua mãe, ela está indo para o hospital.

Tentou levantar, mas foi impedida por mãos fortes em seu ombro. Foi tranquilizada mais uma vez.

- Seu bebê está bem, mas para garantir a sua estabilidade e a dele é necessário uma avaliação hospitalar, sua pressão está alterada e não...

Ela não ouviu mais nada, seu pensamento foi para a Clarice e apagou novamente.

Já em um quarto devidamente instalada no hospital do seu plano de saúde, soro em um braço e uma enfermeira tirando sangue no outro, olhou a pressão arterial. "Continua alta senhora!" Ouviu da enfermeira enquanto olha para o teto branco. "O médico logo passará aqui, está sentido algo?"

Alice escutou a porta ser fechada após responder todas as perguntas da enfermeira para seu prontuário. A colega voltou para a farmácia. De olhos fechados com as mãos fazendo carinho em sua barriga sabe que a qualquer momento ela pode entrar ou não, ela pode simplesmente ignorar que foi informada que a filha passou mal. Tentou se acalmar e pensa no filho que não mexia.

De repente a porta foi aberta e ouviu a voz de dona Lúcia. Ela aproxima-se da cama, fala tanto carinho e preocupada que comove Alice

- Minha filha como está, eu estava com sua mãe quando ligaram. E o bebê? Desculpe, mas eu ouvi quando sua mãe falava com sua colega.

Alice abriu os olhos, mas não viu a dona da voz preocupada que falava com ela e sim um par de olhos vermelhos que lhe queimava e apertava a bolsa com tanta força, que sentia suas pernas sendo puxadas mesmo sem ela lhe tocar. Alice sabia que a Clarice não iria sair do seu papel de boa mãe, serva do Senhor e uma mulher temente ao seu Deus.

Não partia para cima dela, porque Deus enviou novamente um anjo em forma de uma senhora baixinha, cheia de carne, que lhe transmitia sempre paz, e como outras vezes havia lhe salvado de alguns ímpetos da Clarice.

- Estamos bem, dona Lúcia, foi apenas um susto.

- Clarice, sua filha está pálida. - Ela não respondeu, sentou no sofá de acompanhante ao lado da cama, dava para ver os nós dos seus dedos vermelhos.

- Alice, minha filha! - Sua voz saiu forçada entre os dentes, exigindo que Alice olhasse para ela. - Fale para nossa amiga há quanto tempo está escondendo a barriga!

Alice a encarou e viu o quanto ela estava se controlando, por instinto segurou a mão de dona Lúcia e a outra sobre a barriga.

- Alice, não vai falar, o gato comeu sua língua?

- Calma Clarice, não é o fim do mundo, sua filha nunca deu trabalho...

- E quando dar, arruma um filho - falou mais alto.

Dona Lúcia fez ela sentar-se novamente.

- Quatro meses... e ainda não sei o sexo.

Imendou a resposta da dona Lúcia.

- Um filho é uma benção, mesmo que seja gerado de forma errada, nós lhe daremos todo apoio, um neto Clarice, já avisou ao pai? Por que ele não está aqui com você?

Alice estremeceu.

- Neste momento está trabalhando - Suspirou, forçou um sorriso. - Dona Lúcia a senhora poderia guardar segredo por enquanto da minha gravidez, principalmente na igreja.

- É claro que posso, meu Deus, o pastor quando souber. Ah! Clarice, por isso sua agitação...

- Com licença e uma boa noite!

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