MEU MUNDO

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Alice fez como os amigos pediram, passou a morar com eles, ainda foi visitar a tia, porém suportou apenas um mês, sentiu que tudo estava diferente e suas primas deram a impressão que evitavam conversar com ela. Tentou obter mais informações do pai, mas sem sucesso, ela negou-se, nem quis ouvir suas reais intenções.

"Fico feliz que tenha esquecido o que seu pai fez com você!"

Ouviu de sua tia quando pediu mais uma vez detalhes para lembrar dele, depois disso, simplesmente desistiu, pois havia problemas maiores para preocupar-se, principalmente depois do nascimento do Danilo.

Para início ficou desempregada, logo após os quatro meses, como era apenas um contrato, mesmo sendo uma das melhores atendentes da farmácia. Também desistiu do curso de direito, não era o seu desejo, mas o sonho da Clarice.

E o mais grave e o que estava lhe tirando o sono: sentia que estava atrapalhando a vida dos amigos. Solange cedeu parte do seu quarto para ela e o bebê, os choros no meio da noite não lhe deixava dormir, indo muitas vezes para o sofá.

Max passava mais tempo fora do que em casa, até uma namorada arrumou e passava noites com ela. Ele também não tinha espaço para estudar e nem silêncio. Danilo com seis meses ela tomou uma decisão.

- Você não vai morar em outro lugar, Alice, isso é loucura, o Danilo é ainda bebê...

- Sol, eu já aluguei um lugar.

- Aqui nós te ajudamos com ele. Alice, por favor não faça isso! Como vai se sustentar? - Max insistiu.

Estavam há mais de meia hora tentando impedir que ela arrumasse suas coisas. Max com o Danilo no seu colo, dando sua mamadeira, dois meses que deixou o leite materno, Solange tirando da mala as roupas que ela acabara de guardar.

Alice parou por um momento, olhou para os dois e pediu que a Sol sentasse ao lado do Max na cama. Sabia que ela queria sua presença como proteção para o homem ao seu lado, Alice esperou ela prender seus cabelos, há muito estava castanhos escuros com mechas mel.

- Eu amo vocês, meu filho também, mesmo sem entender, mas eu preciso fazer isso, entendam, a minha vida toda foi levada pela Clarice, estou com vinte e dois anos, nem a profissão eu pude escolher.

- Enquanto descobre pode continuar morando aqui. - falou Max.

- Eu não sei o que eu gosto de fazer, essa é a verdade, mas não vou me encostar em vocês até descobrir.

- E onde vai morar, como vai fazer com nosso anjinho, é loucura, ele só tem seis meses...

- Não Sol, vocês podem ir comigo e ver, é pequeno e barato, mas posso pagar, tem creche perto, já escrevi nosso anjinho e Max quero que venda meu carro.

- Tudo bem, você tem razão, não vamos fazer o mesmo que ela fez com você, mas, não pense que vai se ver livre de mim, promete que vai estar sempre aqui e vou continuar te ajudando no que puder.

Alice esperou Solange falar, dando a entender que não iria mudar de ideia.

- Não concordo com nada... mas como sou voto vencido. Venha Danilo, a tia Sol não vai largar você.

Ela não largou nem pararam de ajudar, não gostaram do local onde Alice alugou de princípio, mas com o tempo ao verem que ela estava conseguindo sobreviver com a ajuda deles.

Alice conseguiu um outro emprego, novamente em uma farmácia, mas passou apenas oito meses, ainda trabalhou em uma lanchonete por quatro meses, mas o pagamento não era certo, sem outra opção passou a viver de bico e a ser representante de produtos de perfumarias onde conseguia sempre uma grana.

UMA NOITEWhere stories live. Discover now