SEM RUMO

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Miguel passou três meses viajando, entre a Europa e os Estados Unidos, voltou para João Pessoa determinado a retomar sua vida. Primeiramente divorciar-se da Yara, o que não foi fácil após aquela noite ela negou-se a conversar com ele e teve que insistir várias vezes e apelar para a sua ex-sogra, no fim obteve sucesso, mostrando que ela só teria vantagens para sua profissão e possíveis contratos futuros.

Durante esse processo ele fez um curso de atualização em pediatria, tornou-se mais participativo nas decisões da clínica e em pouco mais de um ano ao lado do Antônio conseguiram mais dois sócios e ampliaram seu negócio tornando a clínica em uma policlínica conceituada na cidade.

Miguel não mudou só sua vida profissional, também adquiriu novos hábitos: corridas na praia, trabalhar até sentir seu corpo cansar e mulher, ou algumas delas, por uma noite apenas.

Trabalhar para Miguel havia se tornado um escape, uma tábua de salvação, mas por tanto esforço, sua mente chegou a exaustão que o levou a cometer um erro colocando sua profissão em risco.

Em um atendimento a uma menina de nove anos, que estava se queixando de dores abdominais, ele receitou uma medicação com uma dosagem elevada para uma criança. Correu e ainda encontrou a mãe no estacionamento, dando tempo de corrigir seu grave erro.

Porém seus movimentos foram vistos por alguns funcionários e o deslize chegou a diretoria. Quinze dias afastado e mais uma vez na vida sentia-se infeliz.

Miguel acordou na cama da Cecília, em uma manhã de sábado, olhou suas costas e sem fazer barulho levantou-se, há pouco mais de um mês estava saindo com ela, mas a sensação de que não estava satisfeito com isso, não lhe agradava. Tomou banho tentando afastar o desânimo que insistia em atormentá-lo desde a noite anterior.

- Por que não me esperou, sabe que gosto de tomar banho com você?

- Preciso ir mais cedo para casa - Explicou enquanto vestia a roupa. - E além do mais você falou que tem planos em família hoje à noite, é melhor que descanse, nos veremos durante a semana na clínica.

Ao pôr a mão na maçaneta para sair, Miguel ouviu seu nome e virou apenas a cabeça para olhar a mulher.

- Miguel, espere! Não há necessidade de ser tão polido comigo - Levantando-se sem importar com a sua nudez, fala enquanto pega um roupão e cobre seu corpo esguio. - Eu não sou mulher para dramas por isso serei direta, não quer mais sair comigo isso é nítido.

- Cecília não é isso... - ele recua e encosta na porta. - Eu estou tão estranho assim?

Ela sorriu, e pegando sua mão o fez sentar na cama.

Eles se conheceram na universidade, mas nunca se envolveram, não porque ela não quis, Miguel já estava apaixonado por Yara.

- Não, mas sou gata escaldada, desde que me separei e você sabe que não quero uma relação estável tão cedo.

- Não entendi. - Miguel perguntou intrigado.

- Nosso sexo é bom, melhor falando muito bom, mas acho que para você só isso não é o bastante - ela segura sua mão. - Você cansou disso, eu não.

Miguel não pode conter o riso, durante o reencontro da amizade conversavam bastante, enquanto ele era um marido fiel, Cecília viveu uma relação com traições.

- Você está me dispensando, não acredito! - ela também sorriu e dando de ombro, foi a janela abrir as cortinas.

- Ainda não deram a resposta, é um bom sinal - falou Cecília, prendendo os cabelos. - Você é um ótimo pediatra, pare de sofrer, logo estará de volta a clínica.

UMA NOITEWhere stories live. Discover now