EMILLY | 𝓒𝓪𝓲𝓾𝓼 𝓥𝓸𝓵𝓽𝓾𝓻𝓲 ⁽ᶜᵒᶰᶜˡᵘᶤ́ᵈᵃ⁾

❦ 𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝟑

Inverno de 1892
Interior da Inglaterra

     CAIUS NUNCA VOLTAVA para o lugar onde fizera vítimas anteriormente tão cedo. Mas ninguém poderia prever um problema com recém-criados no interior da Inglaterra dois meses depois de se alimentar por lá.

     Felizmente o problema não era extenso, limitando-se a um pequeno grupo de pouco mais de vinte de pessoas que logo foi decapitado e queimado. Já era noite, fazendo as chances de um humano ver a fogueira serem mínimas.

     Enquanto retornavam para a Itália, estando ainda em território inglês, ouviram o som de passos ao redor. Todos pararam automaticamente.

— Quem vai fazer a refeição? — Demetri murmurou com um sorriso.

     Caius revirou os olhos irritado, jogando a tocha acessa na neve — que ainda nao havia derretido — e a cobrindo, deixando-os na escuridão. Além do rastreador, ele havia trazido consigo os gêmeos, Félix e Afton.

— É claro que se alguém tiver que se alimentar, esse alguém vai ser o mestre. — Jane concluiu, respondendo a pergunta de Demetri com todo o desdém que possuía.

— Puxa-saco — Felix resmungou.

— Calem-se — Caius ordenou, rosnando baixo. Todos se calaram — Afton, fique na nossa frente e impessa seja lá quem for de nos ver.

— Sim, mestre.

     Afton, que tinha o poder de invisibilidade mental — pouco útil na opinião dos mestres — fez o que lhe foi ordenado, mesmo que de pouca vontade. Não era segredo que ele só estava lá por causa de Chelsea, que por sua vez era a peça-chave que mantinha todos os membros dentro do clã; ir em missões que lhe obrigavam a ficar longe dela o fazia ficar extremamente chato e irritante, mas ainda obedecia as ordens. 

     O som dos passos ficou mais alto, logo revelando uma jovem encapuzada que escorregou e caiu a poucos metros na frente deles com uma cesta de frutas.

— Me perdoem! Por favor, me perdoem o inconveniente! — ela exclamou assustada, recolhendo as frutas rapidamente.

     Caius escondeu a expressão de surpresa ao ouvir a voz. A senhorita intrometida, ele pensou. Mas a senhorita Lewis era tão boba ao ponto de sair a noite?

     Jane deu um passo a frente com a intenção de usar o próprio dom, mas ele estendeu o braço para o lado, impedindo-a de fazer qualquer coisa.

— Por favor, me deixem ir. — Lucy continuou implorando, abaixada no chão, coberta por seu manto escuro e abraçando a cesta de frutas em seu colo — Não estou vendo seus rostos, prometo que jamais me verão e eu não contarei para ninguém sobre esse encontro indesejado.

     Ninguém disse nada, e mediante ao silêncio, ela ousou olhar para trás, franzindo a testa em confusão.

— Mas eu... eu jurava que tinha alguém por aqui. — murmurou, se levantando.