❦ 𝕻𝖗𝖔́𝖑𝖔𝖌𝖔

3.4K 279 36
                                    

Inverno de 1892Interior de Londres

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Inverno de 1892
Interior de Londres

     A NEVE TOMAVA conta das estradas como um grande e grosso cobertor, o que dificultava a passagem de qualquer transeunte, quer estivesse a pé, quer estivesse a carruagem ou até mesmo automóvel, apesar de ainda não ser acessível para todos.

     Passando pela floresta, a mulher solitária tomou cuidado para não tropeçar em nalguma pedra, ou ser enganada por algum caminho em falso — mesmo que ela já conhecesse a trilha que seguia afinal, era a única que poderia levá-la até o vilarejo mais próximo.

— Pegar o vestido com a senhorita Clear, os sapatos com o senhor John, e voltar para casa — ela murmurou consigo mesma.

     A mulher permaneceu a repetir tais palavras, como um mantra, procurando não esquecer de nada que sua mãe lhe falara antes. Ela arrumou o manto escuro sobre seus ombros, se mantendo aquecida com ele.

     Ao avistar a pequena ponte que interligava a floresta com o vilarejo, ela sorriu e começou a acelerar os seus passos, ansiosa para finalmente ver o vestido que a costureira — conhecida por ter mãos de fada — fizera para ela.

     Em dois dias, Lucy teria um baile para ir, e aquele em especial poderia decidir muito em sua vida. Já tinha dezessete anos, mas apesar de seu pai já ter recebido alguns pedidos para cortejá-la, nenhum dos candidatos era... interessante. O baile de Lady Dipp — uma parente distante de sua mãe que morava em uma cidadela mais perto da capital — poderia ser sua última chance de arrumar um marido antes que começassem a criar fofocas sobre sua virtude e o dote. E se tinha uma coisa que sua mãe lhe ensinara, essa coisa era: sempre agarre a oportunidade com unhas e dentes.

     Ao acelerar os passos, a moça não tomou consciência de onde pisava, acabando que por fazê-lo em uma pedra lisa. Seus pés escorregaram, e ela caiu na pequena vala que havia ao lado da ponte.

     A neve amorteceu sua queda, e ela apenas rolou por pouco mais de dois metros, felizmente sem qualquer ferimento. Ao se levantar, batendo em suas roupas e cabelo para remover qualquer sujeira, ela ouviu um som, mas não soube identificar o que era.

     O sol ainda brilhava forte no céu, e a forte curiosidade de Lucy a impediu de simplesmente se agarrar em algumas árvores para retornar e prosseguir o seu caminho. Ela decidiu ir em direção ao som, que vinha do lado oposto.

— Olá? — ela perguntou, curiosa enquanto passava por algumas pedras maiores e árvores.

     Ela supriu um sorriso, imaginando o que sua irmã mais nova lhe diria se a visse fazendo isso. Quem quer que esteja se escondendo, fugiu assim que você abriu a boca, Lucy bobinha.

     Mais alguns passos, e Lucy finalmente encontrou quem fazia o tal barulho. Um homem, de costas para ela, usava uma pá para enterrar algo sob a terra e a neve.

— Está tudo bem, senhor? — ela perguntou.

— Vá embora — o homem respondeu friamente.

     A surpresa tomou conta de Lucy diante da voz do homem. Por um momento, ela se perguntou se ele era algum cantor dos bailes da realeza, pois sua voz era muito divina para que o dono não fosse amante da música.

— Está perdido? — ela voltou a perguntar.

— Apenas vá embora antes que minha paciência se esgote. — o homem resmungou firmemente.

     Um minuto se passou, mas a mulher não se moveu. Ele bufou em seguida.

— Você é tola? — questionou, soltando a pá logo em seguida. Seja lá o que ele estivesse enterrando, já havia terminado — Vá embora!

     Lucy riu levemente.

— O senhor não é da região, certo? — perguntou — Seu sotaque não é inglês, e nem da colônia britânica.

     O homem respirou fundo, se virando lentamente para encarar a moça, lhe lançando um olhar fulminante. Ela apenas arregalou um pouco os olhos diante do vermelho profundo de suas íris.

— Tens minha atenção agora — ele resmungou — O que você quer saber afinal de contas?

— O nome do senhor seria um bom começo — Lucy afirmou — Não é educado não se apresentar, e o cavalheiro deveria ser o primeiro.

     Com um outro bufar ele levou as duas mãos às costas, mantendo sua postura ereta. Aos olhos de Lucy, ele era muito mais alto, mas também muito bonito, com suas madeixas loiras penteadas para trás perfeitamente e a pele aparentemente intocável como porcelana.

— Caius — ele disse enfim — E a senhorita intrometida?

     Lucy segurou duas pontas laterais de seu vestido, as esticando enquanto se curvava levemente.

—  Sou Lucynda, meu senhor — ela respondeu educada — Lucynda Lewis.

— Agora, adeus.

     Com aquelas palavras, Caius se virou e se afastou rapidamente, logo sumindo da vista de Lucy. Ela riu novamente, dando meia volta e retornando para o seu caminho original.

     Ao atravessar a pequena ponte de madeira, ela olhou para trás, sorrindo antes de voltar sua caminhada rumo ao vilarejo, ao vestido e aos sapatos.

     Mas algo dentro dela dizia que ela ainda veria lorde Caius novamente.

Quantidade de Palavras: 820 Palavras

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Quantidade de Palavras: 820 Palavras

Olá! Tanta espera está no fim, pois amanhã começarão as postagens semanais da fanfic! ^^

O roteiro para os capítulos está bem adiantado, o que me ajudará a manter os capítulos prontos para toda terça-feira as 19:00h, como estava sendo antes com Apenas uma Garota Feminista.

Se você gostou, não esqueça de deixar sua estrelinha brilhar, e comente o que achou e quais suas expectativas para essa fanfic ^^

Até amanhã ^^

EMILLY | 𝓒𝓪𝓲𝓾𝓼 𝓥𝓸𝓵𝓽𝓾𝓻𝓲                 ⁽ᶜᵒᶰᶜˡᵘᶤ́ᵈᵃ⁾Where stories live. Discover now