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Fui para a editora com pensamentos a milhão. Não consegui nem me despedir direito de Gustavo depois do que havia me dito. Eu odiava trabalhar com a cabeça na lua e essa lua estava enorme demais no dia de hoje.

A frase: "Eu vou amanhã", se repetia em cada coisa que eu pegava para fazer. Assisti duas reuniões, imóvel e em total silêncio na maioria do tempo. Dizendo sim e não para coisas que, sinceramente, eu nem sabia do que se tratava.

Peguei um café ao término da segunda reunião e fui direto para minha sala. Sentei no braço do pequeno sofá, encarando o céu, enquanto sentia a fumaça da minha bebida subir.

— Sim, para a criação de dois sites que trariam um total de zero lucro para nós, nesse momento, você, a nossa cabeça-pão-dura, disse sim pra essa ideia. Pode começar a falar, onde você tá? Aqui, não é.

Paloma entrou na sala, segurando um café também e veio caminhando até mim. Esbocei um risinho de sua explicação engraçada e olhei-a de relance.

— Parece que tá tudo desabando na minha cabeça.

— Tudo... Gustavo?

— Sim. Gustavo e nosso passado.

— Sério? Nosso passado, nosso? ou, o de vocês?

Paloma perguntou e sentou-se no sofá, prestando atenção.

— Vou pedir mais café, a história é longa.

[.....]

A noite caiu quando terminei de explicar a história para Paloma, ela havia ficado incrédula. Nós ficamos semi-deitadas no sofá, com os cabelos para trás, olhando para o teto.

Ela parecia tentar formular algum conselho que fosse útil nessa situação mas eu sabia que, nesse momento, nada seria.

— Não to conseguindo acreditar que exista alguém tão ruim quanto esse irmão dele. A felicidade do cara depende da infelicidade de alguém.

Disse Paloma, gesticulando com as mãos.

— Eu nem sei o que dizer sobre ele.

— E o Rodrigo? A sociedade? A faculdade do Gustavo? Meu Deus, o casamento de vocês?! Cara, não é possível!

— É possível...

Meu coração apertou assim que terminei a frase, deixei rolar algumas lágrimas. Minha chateação tomou proporções maiores ao lembrar de cada coisa que ela me perguntava.

Paloma me encarou, percebendo que, naquele momento, me lembrar de tudo isso, não teria sido uma boa ideia. Ela me puxou, limpando meu rosto e abraçando meu corpo.

Ficamos assim por um tempo, até ela me chacoalhar, com seu jeito serelepe. Sequei o rosto com a blusa mesmo, me inclinando para frente.

— Aí, minha irmã... Eu não quero te ver dessa forma. Vamos dar um jeito nisso. Eu vou falar com o Rod, tem que ter um jeito.

— Rod?

Brinquei, dispersando o assunto e me afastando um pouco, para visualizar seu rosto. Paloma corou, sem graça.

— Eu estava pra te contar... Para! Não me zoa.

— O que? Não... Você e o Rodrigo? Não....

— Para de me olhar com essa cara!

— Paloma?!!! Sua safada!

Tirei sarro dela, beliscando seu quadril. Ela gargalhou.

— Aí, para! O cara é um gato, eu não aguentei.

— Garota, como assim?

— Na inauguração da editora ele jogou algumas letras, insistiu para pegar meu número, que se eu precisasse de um advogado ele estava disposto. Eu precisei, dele na minha cama, ué. Já tem um tempo. Jurava que tinha comentado com você. Mas, aí, sei lá. Ele é um gato, faz gostoso, super amoroso com Miguel. Não sei, to apaixonada.

— Apaixonada? Sua safadinha! Mas, to feliz por você. Rodrigo é um cara legal.

— Vamos jantar hoje. Não quer vir com a gente?

— Não, amiga. Eu preciso organizar as ideias. Inclusive, se quiser deixar o Miguel lá em casa, preciso daquela energia de cem crianças em uma, hoje.

— Tudo bem, eu passo pra deixar ele lá às nove. Vou falar com o Rod, mesmo assim, certeza que ele vai ter uma solução.

— Obrigada, miga. Amo você. Rod...

— Amo você, minha pitica! Para!

Ela finalizou, gargalhando e me agarrando, enquanto eu beliscava ela, implicando.

La puta llWhere stories live. Discover now