— Claro que sim, novato! — Gustavo foi quem respondeu, assim que conseguiu parar de rir — Acha que somos robôs, por acaso? Não sei que retrato pintou de nós, em todo caso pode apagá-lo, pois está totalmente errado. E, além do mais, trabalho é trabalho, não dá para comparar. Somos solteiros, heterossexuais, logo é natural que nos interessemos por outras mulheres.

— É que... Desde que cheguei, nunca vi vocês acompanhados... — Leonardo tentou se explicar, provocando uma nova onda de risadas.

— É por conta de um detalhe simples, Leo — Thalles disse bem-humorado — Podemos até ficar com algumas garotas, mas a República não é o lugar para trazê-las. Uma mulher aqui seria um problema e tanto — depois se voltou para Fael, interessado no estado de espírito do amigo — Mas, essa empolgação toda e nem aconteceu nada. Acho que já foi melhor, Fael!

Fael riu.

— Talvez tenha razão. Mas, o que posso fazer, se tenho uma queda por mulheres de personalidade forte e língua afiada? E se esse pacote vier em uma bela embalagem, aí só melhora — Fael sorriu malicioso — Posso lhes garantir que é uma linda embalagem!

— E pretende fazer o que a respeito? — Gustavo olhou-o interessado, pois fazia muito tempo que não via Fael falar tão empolgado de alguém. Principalmente, de alguém que mal conhecia.

— Vou aguardar ela me ligar — sua voz saiu desanimada — Embora saiba o seu endereço, ela deixou bem claro que não me receberá, se aparecer lá sem ser convidado, então... Vou jogar o jogo que ela quiser, desde que eu vença esta partida.

— Quem te vê e quem te viu, dando as rédeas nas mãos da garota! — Thalles zombou — E eu pensando que nada mais me surpreendia nesta vida.

— Também não é para tanto — Fael riu — Só preciso mais uma chance com ela e depois me garanto.

— Se está dizendo, só nos resta acreditar — dessa vez foi Gustavo quem comentou, fazendo Fael sorrir ao se recordar da bela companhia.

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 — Devo confessar que ficou delicioso — Heloísa disse após experimentar o macarrão recém-saído do forno. Os três estavam sentados à mesa pequena para quatro pessoas e que ficava na sala, espaçosa e, ao mesmo tempo, aconchegante.

— Divino — Isadora concordou — Verdade que duvidei um pouco dos seus dotes culinários — virou-se para o amigo — Definitivamente, eu o subestimei.

— Sim, já pode até casar — Heloísa comentou, fazendo André quase engasgar e Isadora olhá-la com um ar de reprovação.

— Estive pensando — André começou, após escolher beber um gole de água em vez de vinho, e também para mudar de assunto — Por que não liga de uma vez para o número do cartão e tira a prova dos nove? Se der uma mensagem de que o número não existe, então terá a sua resposta.

— É uma boa ideia. Aliás, não sei como a Lorena aguentou. Se esse cartão estivesse comigo, já teria ligado, ainda mais depois de tudo que aconteceu com ela — Heloísa disparou, concordando com o amigo.

— Como se eu já não tivesse essa intenção — Isadora comentou pretensiosa e os dois sorriram. Eles viram-na levantar, apanhar o celular e o cartão que havia recebido de Lorena e voltar a sentar — Se ninguém atender, então, desisto. E, antes de voltar para os outros e-mails e mensagens, digo para a Lorena que tudo não passou de um engano.

— Por mais doloroso que seja, às vezes, o melhor é saber a verdade; ou seja, que talvez se trate apenas de um caso de abandono e ela esteja procurando uma desculpa para tornar o fato mais aceitável — André continuou cético e, por mais que Isadora não tenha gostado de ouvir isso, teve que admitir essa possibilidade. Tomou um gole de vinho, antes de discar o número que estava no cartão.

Projeto Don Juan (Degustação)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα