|30|E tudo começou a mudar.

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Oliva.

Eu não esperava que o primeiro Natal com todos reunidos, terminaria com Anne saindo em uma ambulância com Robin desacordado. Seguido por Gabby sentir fortes dores no ventre e sair carregada por meu tio. Sem contar com Gemma, que na pressa quebrou o dedo mindinho do pé.

Ou seja, estamos chegando agora no hospital. Uma família inteira entrando pela emergência. Algo bem diferente.

Meus pais estão amparando Anne, enquanto meu irmão ajuda Gemma a entrar mancando, e meu tio carregando Gabby para uma maca. Acaba que eu fico sobrando, e infelizmente meus pensamentos traiçoeiros me levam para última vez que entrei por essa mesma porta, enquanto Peter me carrega nos braços.

Luto contra eles, tentando focar em ajudar quem realmente precisa, mas não consigo. Conto até dez, mais isso só me estressa mais. Quando penso em sair pela porta que acabei de entrar, ela se abre e uma mulher com uma barriga enorme grita de dor. O homem que está atrás dela diz "A bolsa da minha mulher estourou! Meus filhos vão nascer!"

Ao mesmo tento que ele grita isso com a felicidade explicita em seu rosto, sua mulher grita novamente pela dor angustiante que sente. E infelizmente nesse momento minhas pernas falham, e uma enfermeira esbarra em mim, me levando ao chão.

A última coisa que me lembro foi de ver a enfermeira se virar, e depois tudo escureceu.

Esse realmente não foi o Natal que eu esperava.

Quando meus olhos se abrem, vejo luzes brancas ao meu redor. Eu morri!?

— Olivia? Olá, tudo bem? Eu sou o Dr. Garcia, e você sofreu uma pancada na cabeça. Está no hospital, se lembra de algo?

Penso em várias coisas mais nada me preocupa mais do que saber sobre Robin.

— Robin?— O Doutor me olha, preocupado.— Cade a minha mãe? O Robin... A Gabby, meu Deus e a Gemma?

Digo tudo de uma vez, e minha cabeça dói.

— Com calma, minha filha. Eles estão bem.— O Doutor fala.— Sua cunhada teve que imobilizar o pé, Robin está fazendo alguns exames mais ainda está desacordado e Gabby teve algumas dores por conta do estresse. Mas te garanto que estão todos bem.

— E a moça grávida?

— Que moça grávida?

— A que entrou pela emergência!— Digo, e ele me olha com carinho.

— Bom, eu não cuido da parte de maternidade, mas vou procurar saber. Agora se me der licença, vou avisar que você acordou, e se quiser posso deixar o rapaz de cabelos comprido entrar.

— Harry?

— Pelo que eu ouvi no corredor, ele ficou o tempo todo aqui na porta, e hora ou outra ele ia procurava pelos outros. Mas ele não quis sair daqui. Posso deixar ele entrar?

— Por favor.

Eu me sento na cama do hospital, assim que ele passa pela porta e a fecha. Harry vem na minha direção rapidamente e me abraça. Me sinto uma tola, pois na hora que ele mais precisava, eu falhei.
Seu corpo treme assim que ele se ajeita em meus braços. Sei o que está passando pela sua cabeça, pois é a mesma coisa que se passa pela minha.

— Eu estou com medo.— Me diz com a voz embargada.— Eu nunca fiquei com tanto medo na minha vida. Robin teve um infarto, e depois você desmaiou e eu... eu pensei que fosse perder duas pessoas que eu amo, e eu não queria. Minha mãe não parava de chorar, e eu não sabia o que fazer, me senti como um incapaz.

Ele desabafa, e no meio desse seu desabafo ele diz que me ama. Sei que não é como eu esperava que fosse, que ele não me ama como eu gostaria, mas ele me ama pois eu sou a Olivia, sua melhor amiga e acredito que seu porto seguro.

Une Courte Distance •|H.S|•Onde as histórias ganham vida. Descobre agora