Une Courte Distance •|H.S|•

|20|No sofá.

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Boa leitura

05 de dezembro, 2015. Sábado.

Harry.

O que um cantor/compositor faz quando não consegue dormir, porque seu coração está apertado e sua mente borbulhando de ideias?

Ele levanta da cama na casa da irmã grávida, às duas da manhã e vai tomar uma taça de vinho. Simples. E óbvio, ele faz isso em silêncio.

A taça já estava quase no fim, e eu não conseguia pensar direito. Sentimentos e mais sentimentos pesavam meu peito, e eu não sabia como parar. Tudo que está em minha mente agora, é o jeito como Olívia ficou ao ver a felicidade de nossos pais, quando viram a surpresa de Gemma. Algo no seu rosto me machucava. Ela sentia dor, era impossível de não ver.

Meu caderno estava ao meu lado, fechado ainda e minha caneta tampada. Fazia  quarenta minutos que eu estava sentado aqui. A garrafa de vinho, estava faltando um pouco de vinho, e minha taça já estava sem. Um pouquinho só...

— O que você está fazendo?— quase derrubo o vinho para fora da taça, quando Olivia diz atrás de mim.

— Jesus!

— Desculpa. Eu fui no banheiro e vi que você não estava em seu quarto, então eu só desci para ver se está tudo bem. Está tudo bem?

— Sim, eu só estou com muita coisa na cabeça.— olho para ela. Vestida com um pijama de camelôs. — Adorei seu pijama.

— Ah, obrigada. Minha mãe que deu no meu aniversário. Eles são bem confortáveis.— ela alisa o tecido.

— Me fala onde ela comprou, porque eu quero um.— brinquei, e ela riu.

Eu continuei olhando para ela, e ela para mim. Sem dizer nada. A cada dia que se passa eu tenho mais certeza de que eu...

— Quer ver televisão?— ela me pergunta.— Quando eu não consigo dormir, eu assito programas de acumuladores compulsivos. Quer ver comigo?

— Claro.— ela sorri.

— Eu só vou pegar uma água.

Eu ligo a televisão, e tiro meu caderno do meu lado. Assim que Olivia volta, ela se senta próximo à mim. Um sofá de três lugares, eu me sento em uma ponta e ela na outra.

— É sério que você vê programas de acumuladores?— pergunto.

— Sim, eu não gosto de ver, me dá agonia por isso eu durmo.— ela fala. Inteligente.

— Entendi.— bebo um pouco do meu vinho.

É agonizante ver como as pessoas acumulam coisas. Jesus! Uma moça acumulava clipes de papel, banquetinhas de pizza, o final do rolo de papel higiênico, caixinhas de chiclete vazia. Ela acumulava isso e muito mais. Bolsas velhas, roupas velhas. Tudo.

Olivia estava focada na televisão, e eu estava focado nela. Tentando ser discreto, mais não deu certo. Ela virou e bam, eu estava encarando ela.