Eu corro para acompanhá-la. O sol está se pondo, o que faz com que sua pele cinzenta pareça quase cálida. Eu sei que está incendiando meu cabelo.

– Lauren. – digo, fria, sorrindo como se seu nome fosse um segredo.

Ela vira a cabeça de leve para me ver.

– Grande. – Ela parece cansada.

– Não conversamos desde que você voltou. – digo.

– Nós conversamos antes disso?

Resolvo ser ousada.

– Não tanto quanto eu gostaria.

Ela suspira.

– Por Crowley, Grande, deve haver um jeito melhor de chamar a atenção dos seus pais.

– O quê?

– Nada. – diz ela, seguindo em frente.

– Lauren, eu pensei... pensei que você pudesse precisar de alguém com quem conversar.

– Não, eu estou bem.

– Mas...

Ela para e suspira, esfregando os olhos.

– Olha... Ariana. Nós duas sabemos que seja lá qual for o motivo pelo qual você e a Cabello estão brigando, logo vão se acertar e se unir em seu destino dourado. Não complique as coisas.

– Mas nós não estamos...

Lauren havia recomeçado a caminhar. Está mancando um pouco. Talvez seja por isso que não está jogando futebol. Eu continuo a segui-la.

– Talvez eu não queira um destino dourado. – digo.

– Quando você descobrir como driblar o destino, me avise. – Ela caminha o mais rápido que consegue com sua coxeadura, e eu decido não correr para acompanhá-la. Isso seria deplorável.

– Talvez eu queira algo mais interessante! – grito.

– Eu não sou mais interessante! – responde ela, em outro grito, sem virar para trás. – Sou simplesmente errada para você. Aprenda a diferença.

Mordo meu lábio inferior e tento não cruzar os braços como uma criança de seis anos.

Como é que ela sabe que é errada para mim?

Por que todo mundo acha que sabe onde é o meu lugar?

Lauren

Cabello tem olhado fixamente para mim o dia todo – faz semanas já –, e eu realmente não tô no clima. Talvez tia Fiona tenha razão; eu deveria ter ficado mais tempo em casa repousando. Eu me sinto uma merda.

Como se não conseguisse encher a barriga nem me aquecer – e, na noite passada, sofri algo como um ataque nas Catacumbas. É escuro pra cacete lá embaixo. E embora eu possa enxergar no escuro, me senti como se estivesse de volta naquela porra de caixão dos lorpas.

Eu não pude mais ficar no subterrâneo. Apanhei seis ratos, bati a cabeça deles no chão, amarrei os rabos em um nó, depois os trouxe para cima e os drenei no pátio, sob a luz das estrelas. Podia ter enviado um anúncio por escrito para a escola toda, contando que sou uma vampira. Uma vampira que tem medo do escuro, pelo amor de Crowley!

Joguei as carcaças dos ratos para os licarenos. (Eles são piores do que ratos. Eu drenaria cada um deles, se o gosto não ficasse na boca por semanas. Como carne de caça e de peixe, ao mesmo tempo.)

Ascensão e queda de Camila CabelloWhere stories live. Discover now