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Camila

Paro de procurar por Lauren em qualquer lugar onde ela devesse estar...

Mas não paro de procurar por ela.

Faço caminhadas pela Floresta Oscilante à noite. Dinah vê a expressão em meu rosto e não tenta se juntar a mim. Ariana está sempre distante, fazendo suas tarefas; ela deve estar levando a – talvez o pai dela tenha lhe prometido um cavalo novo ou algo do tipo.

Eu amava a Floresta, eu a achava tranquilizante.

Percebo depois de algumas noites que não estou apenas andando sem rumo; estou cobrindo a Floresta como se a vasculhasse. Como a vasculhamos no ano em que Elspeth desapareceu – todos nós de mãos dadas, caminhando lado a lado, marcando partes da floresta conforme íamos cobrindo o terreno. Agora estou marcando em minha cabeça, lançando feitiços de luz e agitando minha espada para lá e para cá para retirar galhos. Vou derrubar a porra da floresta toda se continuar desse jeito.

Não encontro nada. E assusto as fadinhas. E uma dríade aparece para me dizer que eu sou basicamente um apocalipse ambulante em formato de mulher.

– O que você busca? – pergunta a ninfa, flutuando sobre o chão apesar de eu já ter dito a ela que isso me dá calafrios. Ela tem cabelo semelhante ao musgo e está vestida como uma daquelas garotas de mangá, com botas vitorianas e sombrinha.

– Lauren – digo. – Minha colega de quarto.

– A morta? Com os olhos bonitos?

– Sim. – Lauren está mesmo morta? Nunca pensei nela desse jeito. Digo, ela é uma vampira, acho. – Espere aí, você está dizendo que ela está morta? Tipo, morta mesmo?

– Todos os sugadores de sangue estão mortos.

– Você já a viu beber sangue de fato?

Ela me encara. Minha espada está fincada no chão, ao lado dos meus pés.

– O que você busca, Escolhida? – Ela soa irritada agora. Deixa que sua sombrinha verde repouse no ombro.

– Minha colega de quarto, Lauren. A sugadora de sangue.

– Ela não está aqui – diz ela.

– Tem certeza?

– Mais certeza do que você.

Eu suspiro e cravo minha espada mais fundo no chão.

– Bem, eu não tenho nenhuma certeza.

– Você está queimando muita boa vontade aqui, bruxa.

– Quantas vezes preciso salvar a Floresta para conquistar vocês?

– É inútil salvar a floresta se você vai simplesmente derrubá-la depois.

– Estou procurando. Pela minha colega de quarto.

– Sua inimiga – ela rebate. Sua pele é de um marrom acinzentado, com sulcos e ondulações como casca de árvore, e seus olhos brilham como aqueles cogumelos que nascem no fundo das florestas.

– Não importa o que ela é – digo –, você sabe de quem estou falando. Como pode ter tanta certeza de que ela não está aqui?

A dríade inclina a cabeça para trás, como se escutasse as árvores atrás dela. Cada movimento seu soa como uma brisa soprando entre galhos.

– Ela não está aqui – diz ela. – A menos que esteja se escondendo.

– Bem, é óbvio que ela está se escondendo! Ela está se escondendo em algum lugar, caralho.

Ascensão e queda de Camila CabelloWhere stories live. Discover now