AEQUALIS // larry stylinson

TIME IS INFINITE

 É uma menina.

Harry quer batizá-la de Darcy e me diz isso sorrindo enquanto segura minha mão com força, nossos dedos entrelaçados e o gel gelado do ultrassom completamente espalhado pela minha barriga. Quase já é perceptível que não ando sozinho, o bastante para que eu me visse obrigado a solicitar uma uma nota de aviso com a obstetra de modo a encaminhá-la ao meu diretor na escola uma vez que ver-me saindo para sessões rápidas de vômito no banheiro infantil havia trazido algumas preocupações ao conselho. De qualquer forma, mal percebo que estou sorrindo também até que sinta minhas bochechas meio dormentes, a imagem na tela em branco e preto não é mais do que um formato minúsculo de ser, um humano completo, no entanto. Parte eu e parte Harry. Ambos juntos, unidos e transformados em um terceiro. Uma, no caso. Quase dezenove semanas depois da nossa foda apressada no balcão da minha cozinha e há uma garotinha dentro do meu útero. É uma sensação estranha, confesso, ter alguém em mim dessa forma. A enfermeira passa papel sobre minha barriga para se livrar do gel e a sinto pular dentro de mim. "Uma garota forte" penso sem conseguir desfazer o sorrio rasgando meu rosto e, ainda com nossas mãos entrelaçadas, Harry se estica para deixar um beijo suave nos meus lábios. É algo simples e nada sexual que faz com que meu coração salte como um maluco dentro do peito. Droga, eu acho que o amo. E, por mais difícil que seja dizer isso em voz alta – quiçá aceitar –, sei que é verdade. E, também, sei que o sentimento pouca coisa tem a ver com o fato de sermos a aequalis um do outro. Não. É muito além disso. Harry é... excepcional e não me canso de admirar dia a pós dia, a cada momento possível, a maneira diligente e fodidamente genuína com a qual ele move dia vida. Seus olhos verdes sempre brilhantes em minha direção, covinhas fundas e mãos sempre ao alcance de um abraço. Duas semanas atrás, enquanto eu tinha um episódio especialmente tenso de náuseas quase convulsionais, ele apenas manteve-se ao meu lado por todo o tempo, mãos massageando minhas costas e palavras doces sussurradas calmamente em meus ouvidos. Toalha morna para o incômodo na base da barriga e um jantar leve preparado por si próprio. Tudo isso apesar da pilha de trabalho acumulado na mesa de seu quarto, desenhos a terminar, tatuagens em grandes clientes para planejar e também a merda burocrática que era de sua responsabilidade. Ele nunca reclamou.

No carro, traço meus dedos por todo o contorno da sequência de fotos nas minhas mãos.

— Ela tem o seu nariz — digo em tom sonhador sem realmente saber com quem Darcy irá parecer. Tenho esperança de que a genética Styles a abençoe.

— Não há como saber — ele retruca apesar da satisfação clara em seu tom, metade de seu corpo está arrumando nossas mochilas jogadas no banco de trás. — Apenas espero que tenha os seus olhos, oceânicos como os da grande deusa.

Nós estamos indo para Doncaster essa noite, agora que minha barriga está quase por aparecer... bem, não há como mantemos isso a salvo por mais tempo. Mamãe não sabe o que a espera e, em algum lugar dentro de minha cabeça, tenho sério receio de acabar mandando-a para o hospital mais próximo.

— Você nem sequer é religioso, Harry.

— Bem... — ele volta a se acomodar no banco do motorista, deixando um beijo rápido em meus lábios no caminho. — Eu sou devoto à você e acho que isso me basta.

O calor que se espalha por minhas bochechas é terrível, tão malditamente óbvio quanto o soar alto e ruidoso do meu coração. Nós não dissemos as palavras ainda, apesar de toda a coisa realmente rápido acontecendo ao nosso redor. Às vezes, acho que não mereço algo assim. Na última sexta, escolhemos a cor das paredes da sala de jantar da nossa nova casa. Harry começou com a reforma dois dias após me levar lá e... droga, não consigo decidir o que pensar sobre isso.

— Você tem certeza de que está tudo apenas aparecermos assim, de repente?

Harry está preocupado com o que minha família pode achar dele com esse rosto de um maldito deus e pele coberta por tatuagem, um par de anos mais novo. "Somente o fato de você ser minha aequalis já é o bastante para mamãe, Harry, prometo" foi o que eu lhe disse da primeira vez. Ainda assim, não parece que soou confiante o bastante para que ele se acalme. Em um movimento rápido, puxo seu rosto para junto do meu antes que ele tenha a oportunidade de dar partida no carro. Nossas testas estão unidas e meus olhos se perdem nos dele. Quando o beijo, é como se todas as terminações nervosas do meu corpo fossem carbonizadas, como se centelhas intermináveis de pequenas labaredas acendessem dentro do meu ser a partir do momento em que minha língua rasteja sobre a dele. Droga. É tudo tão intenso quando se trata do alfa – meu alfa – que às vezes me perco entre as emoções. O cheiro dele imediatamente enche meus ouvidos e um gemido rouco explode no final da minha garganta, um pouco mais abaixo, sinto meu pau sacodir dentro das calças enquanto minha cueca corre um grande risco de ser arruinada. Quando seus lábios se afastam dos meus e são arrastados pelo contorno do meu maxilar em direção ao pescoço, não consigo me conter a tempo de impedir que o meio grito cheio de malícia se escape através da minha língua.