VERY REVEALING

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Três minutos nunca pareceram tão longos antes em toda minha vida, droga, enquanto espero por Liam do lado de fora do banheiro, com o coração na mão tão fodidamente louco quanto minha cabeça, sinto que meus joelhos trêmulos podem ceder a qualquer segundo entre este e o próximo. Respiro fundo, suor meio que se acumulando em minhas têmporas conforme apoio o corpo contra a parede, olhos fechados e um súplica silenciosa ao universo para que o resultado seja apenas e somente um: negativo. É noite de sexta e estou ignorando Harry por quase três dias agora, minhas respostas às suas mensagens são curtas demais, secas, e venho inventando desculpas tolas para apenas não vê-lo. Não é minha culpa, no entanto. Quer dizer, merda, como qualquer pessoa pode supor que eu reaja normalmente quando há a possibilidade de haver um filhote dentro de mim? Porra. Como ômega, eu tenho um útero de merda e sei disso desde de sempre, mas... a porcaria da ideia de chegar o momento em que eu realmente o usaria, bem, nunca me ocorreu. Nunca. Não mesmo. Zero vezes. Meu celular vibra no bolso mais uma vez, é a décima mensagem de Harry no último par de hora. Não consigo deixar de imaginar o que diabos ele está pensando sobre tudo isso, não faz muito sentido que seu namorado de um mês que vinha passando todos os dias por perto, agora e de repente, apenas tenha se afastado sem nenhuma justificativa plausível. "Bem, eu não posso ir e mandar uma mensagem de texto sobre como acho que existe a chance de eu estar grávida, droga, nós usamos a merda da camisinha todas as malditas vezes desde a primeira" praguejo dentro da minha própria cabeça conforme toda a pesquisa rápida que fiz pela internet desde o dia no bar voltam através dos meus olhos. Noventa e oito por cento não é cem, certo? Sinto minhas mãos tremerem e acho que posso desmaiar a qualquer momento agora, algo se agita no meu estômago vazio e não tenho certeza se quero vomitar todas as coisas que não comi ou apenas me encolher sob cobertores pelos próximos anos e esquecer que a possibilidade sequer passou pela minha cabeça. Quer dizer, Harry e eu estamos juntos a pouco mais de um mês. Não é tempo o bastante. E... bem, sim, há o fato levemente relevante de que ele é a porcaria da minha aequalis mas para o inferno com isso, sinceramente, nada parece mudar a coisa de eu não querer um filhote no meu corpo.

Meus joelhos falham quando a porta do banheiro é aberta e o rosto impassível de Liam me encara sem deixar nenhuma pista do resultado entre seus dedos, a pressão comum que sempre queima minha pele quando o tenho por perto já não é a coisa mais terrível entre nós. O silêncio é pior. Não tenho certeza de quais seriam suas reações em ambas as alternativas, mas tenho certeza de que a coisa não é boa. Antes que eu perceba, estou chorando. Minhas costas escorregam pela parede em uma estúpida cena clichê de cinema porque... droga, está tudo tão claro que sequer preciso que meu melhor amigo empurre o positivo entre minhas mãos, ainda que ele o faça de qualquer forma. O teste pesa e arde dentro do meu peito, quase como uma sentença de morte com a qual não quero lidar. Grávido. Realmente. Não parece certo tanto quanto não é justo para nenhum dos envolvidos e tudo o que consigo fazer além de chorar convulsionamente agora é pensar em como Harry vai rir bem na minha cara com aqueles dentes estupidamente alinhados e covinhas fundas nas bochechas. "Você está brincando, certo?" quase consigo ouvir suas palavras descrentes corroendo meus tímpanos e depois todas as coisas que sei que ele fará. Droga. Mesmo que o conheço a apenas cerca de setenta dias, sei o bastante para supor o que ele vai propor. Merda. Não era para as coisas acontecerem assim.

Mal percebo Liam ajoelhado ao meu lado até seus braços estarem me segurando como se eu fosse uma das minhas crianças, chorando depois de se ferir por brincar demais. A comparação é quase uma maldita paródia de muito mal gosto que, inconsequentemente, trás uma gargalhada murcha para minha garganta. Segundos depois e já não sei mais o que é choro e o que é o riso mais sórdido que alguém poderia deixar escapar através dos lábios. Enquanto isso, meu amigo apenas bloqueia todos os seus próprios achares e continua acalentando-me como um bebê, suas mãos grandes massageando minhas costas, arrastando meus cabelos para longe do rosto e fazendo do silêncio o palco perfeito para minha meia loucura de não ter ideia nenhuma do que fazer com a informação. De repente meus olhos estão sobre meu ventre, seco, liso, algumas gordurinhas aqui e ali de alguém que não faz nenhum tipo de exercício. "Não deve demorar a aparecer" penso enquanto faço as contas depressa dentro da minha cabeça, ignorando as ondas calmantes que Liam me envia apenas porque não quero pular toda a coisa do desespero. Droga. Sinto que preciso colocar todas a frustração para fora, cuspir toda a surpresa e chorar as malditas lágrimas antes de decidir o que fazer a seguir. Sim, eu tenho uma escolha. Sempre há uma a se fazer. E eu... merda, somente não sei se poderei ser forte ou corajoso o bastante para seguir em frente com isso, não quando penso em todas as malditas consequências.

AEQUALIS // larry stylinson Where stories live. Discover now