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A casa em que cresci em Doncaster permanece a mesma desde que sou capaz de me entender como se humano, o mesmo jardim bem cuidado nos fundos com grama verde aparada devidamente e balanço para crianças. A varanda da frente com escada de poucos degraus e uma mesa para chá da tarde ainda está aqui e é nela que encontro mamãe dividindo uma taça de vinho tinto com papai. Eles são ótimos juntos, obviamente. São a aequalis um do outro e isso significa perfeição, o encaixe perfeito. Amor eterno. Aproximo-me meio cauteloso, os presentes estão no carro com embalagens feias o bastante para denunciar a compra de última hora. O céu ligeiramente escuro no começo do anoitecer é um bom indício de que estou atrasado, especialmente quando o combinado era pegar a estrada logo pela manhã e ajudar as crianças a fazer biscoitos de manteiga para o Papai Noel. Em vez disso, rabisquei meu pulso e cobri minha sequência. Mamãe ficará furiosa quando souber e, apesar de sua aparência pacífica e calma de alguém que dedica a vida ajudando os enfermos... bem, ela ainda é a mulher impiedosa e rígida que vem criando sete filhos a anos com seus preceitos ligeiramente arcaicos, para ser honesto. Portanto, enquanto subo os degraus e sou recebido com olhares surpresos e cheios de suposições irritadas, tenho o cuidado de manter a mão esquerda longe das vistas de todos. Quer dizer, seu que é inevitável tentar esconder minha nova aquisição por muito tempo, mas evitarei estragar a ceia de natal tanto quanto possível.

- Há muitas coisas que ensinei aos meus filhos - mamãe diz quando me curvo para lhe dar um beijo na bochecha. Sua voz é impiedosa como sempre. Do outro lado da mesa, papai apenas sorri em um cumprimento silencioso. - Irresponsabilidade para com seus compromissos não foi uma delas, no entanto.

- Desculpe, mãe - digo com toda a sinceridade que consigo extrair do fundo da minha alma mesmo não estando nem um pouco arrependido. Fiz o que tinha que fazer e sinto-me satisfeito por isso. Finalmente o peso de uma sequência numérica não mais suga toda minha energia. - Eu tive um pequeno imprevisto.

- Um imprevisto? - ela repete com seus olhos nos meus, olhos capazes de arrancar todas as mentiras do mais bem treinado assassino. Às vezes pergunto-me como mamãe pode saber de absolutamente tudo. Nunca encontro resposta.

- Sim.

- Com Eleanor?

Mamãe não sabe que levei um pé na bunda, novamente. Tenho certeza de que seu cenho não estaria tão incrivelmente franzido caso soubesse. A verdade é que ela não é o que se poderia chamar de fã número um da minha namorada. Ex. Mamãe não acha que pessoas que não são a aequalis uma da outra deveriam ficar juntas. Ela é devota à Magia Ancestral com cada fibra de seu ser então não posso culpá-la, quer dizer, ela realmente vem se esforçando o bastante para ser simpática com todas minhas namoradas desde sempre. Não acreditar que eu devesse estar com elas nem sempre necessariamente significa ser estúpida ou algo do tipo. Johannah jamais seria estúpida com qualquer pessoa em sua vida, mamãe preza a boa educação quase que acima de qualquer coisa.

- Inclusive - ela continua com seus olhos ansiosos em direção ao meu carro estacionado junto ao meio fio. - Onde está ela?

- Eleanor não vem esse ano - sento-me em uma das cadeiras livres e não demora para que papai coloque uma taça de vinho diante de mim. Ele é um bom homem, meu pai. Bom do tipo que jamais serei. Ele é devoto à minha mãe com toda sua vida. Para alfas é diferente, eles têm apenas um ômega. Uma única pessoa a quem amar verdadeiramente. Papai tem Johannah. - Nós terminarmos. Definitivamente, creio eu. Uma olhada em seu Instagram e você saberia que ela está passando o feriado com um amigo. Um amigo beta. Um amigo beta que talvez não seja apenas um amigo.

Imediatamente sinto a mão do meu pai no meu ombro, o aperto é suave e significa apoio. Mamãe não diz nada. Ela nunca diz nada quanto aos meus términos. "Não é meu dever lhe dizer que ela não era a pessoa certa, o universo está fazendo isso muito bem" foi tudo o que já ouvi vindo de seus lábios. Eu tinha quinze, na época. Desde então seu desagrado seguiu silencioso como deve ser e para qualquer coisa que não tivesse crescido com ela como mãe, facilmente poderia confundir sua cordialidade para com Eleanor - e todas as outras - como simpatia e, quiçá, afeto.

AEQUALIS // larry stylinson Where stories live. Discover now