A MISTAKE IN A MILLIONS OF HITS

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Uma garrafa e meia de vinho, três doses duplas de uísque barato e uma piña colada à base de gin seco depois... e, bem, digamos que os meus problemas não são mais tão grandes assim. Estou sorrindo largamente por nenhum motivo em específico conforme ignoro com grande prazer o estranho ardor em meu pulso esquerdo. Zayn diz alguma coisa sobre seus óculos aviadores jogados em cima da mesa no centro da sala e então estou concordando enfaticamente sem nem ao menos ter entendido adequadamente uma única palavra sequer. Ao meu lado, seu colega de quarto parece relaxado o suficiente com o corpo esparramado no sofá, metade de um bolo de chocolate no colo – bolo esse que vem comendo com uma colher de sopa desde que se juntou a nós a alguns minutos quando Zayn aparentemente percebeu que não teria nenhum avanço real em nosso relacionamento além de piadas estranhamente constrangedoras e uma conversa meio melancólica sobre assuntos que não deveriam ser tratados com estranhos que acabo de conhecer em corredores de bebida no supermercado. Em todo caso, ele parece parece não bêbado, diferente de eu mesmo que sinto o teto girar cada vez que desvio o olhar do copo meio cheio entre meus dedos. Não estou realmente prestando atenção à conversa apesar de assentir ocasionalmente sempre que ouço meu nome. Minha cabeça pesa para a direita e logo pensamentos meio sombrios enchem meu cérebro. Coisas como Eleanor e um anel de noivado que vinha planejando comprar até a páscoa porque ela é realmente uma boa pessoa. E eu amo estar com ela e seus coturnos, botas de salto alto demais e casacos de pele. Tem um sorriso bonito e cabelos com cheiro de abacate que, apesar de me dar algum enjôo ocasionalmente, são gostosos de afagar. Eu sinto falta dela, para ser honesto. E não a vejo a algumas semanas apenas, provavelmente menos. "Talvez somente sinta falta de estar com alguém" penso meio ébrio, a queimação no pulso mais crescente do que nunca. "E, também, talvez deva processar o maldito estúdio por me causar uma infecção de merda".

— Você está certo, muito provavelmente — ouço Zayn dizer ao longe, ele está sentado na poltrona da frente com a garrafa de uísque na mão. Bebe direto do gargalo e seu relógio também esquecido na mesa não mais cobre a aequalis em seu pulso esquerdo. Não consigo focar na sequência, mas vejo um número três. E um zero.

— O que houve? — as palavras saem da minha boca como malditas abusadas. "É apenas o álcool me tornando um idiota" digo a mim mesmo como uma desculpa qualquer. E tudo bem, não é como se eu fosse voltar a ver esses caras em algum momento na minha vida. Depois que sair por essa porta, voltar meio que não é uma intenção. — Com sua aequalis, digo. Você flertou comigo, claramente. Apenas alfas livres podem fazer isso com alguém que não seja... você sabe, o ômega certo.

— Talvez seja você — o colega de quarto diz ao meu lado, ele tem uma colher cheia de bolo a metade do caminho até a boca. Em sua mão livre há um copo de gin. A combinação deve ser horrível. Ainda assim não posso deixar de me surpreender com o fato dele equilibrar metade de um bolo inteiro sobre a barriga sem deixar tremer uma vez sequer. Ele está quase deitado no sofá, talvez a gravidade ajude. Mas ainda é surpreendente. — O ômega certo.

Penso nisso por mais do que um momento antes de decidir que é impossível. Nunca entendi muito bem o que supostamente deve acontecer quando duas aequalis se encontram, mas com certeza é algo envolvendo fogos de artifício e borboletas no estômago. "Seu pai tinha tudo o que faltava em mim e era apenas o primeiro encontro" disse mamãe certa vez quando eu era um garoto ainda esperançoso de encontrar aquela pessoa a fazer da minha vida algo memorável. Vinte e três anos depois e aqui estou eu, sentado ao lado de um cara com um apetite grande demais enquanto o outro meio que pode ser considerado um alcoólatra se levarmos em conta que está em sua segunda garrafa. Portanto... é, nada de fogos de artifício explodindo no céu hoje.

— Não sei — Zayn dá de ombros como se não fosse algo realmente relevante, entretanto os três longos e profundos goles em seu uísque me diz algo diferente. — Provavelmente eu apenas não tenho um.

AEQUALIS // larry stylinson Onde histórias criam vida. Descubra agora