✝ 𝖋 𝖎 𝖋 𝖙 𝖞 𝖋 𝖎 𝖛 𝖊 ✝

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[...]

O rapaz encarava a moça com um olhar desconfiado, a analisando da cabeça aos pés. Ela estava ajoelhada alguns metros de distância, com os pulsos presos em correntes ligadas até a parede atrás de si.

— Será que dá pra você parar de ficar me encarando?!- A mesma exclama, irritada.

— Por que eu deveria?- Questiona, com um olhar arrogante e superior. Estava sentado numa cadeira de madeira, intrigado com a garota misteriosa.

— Você parece um tarado. Ficar observando uma dama que está numa posição um pouco comprometedora é uma grande indelicadeza e falta de educação.

— Não estou tentando ser delicado e muito menos educado com você, pelo contrário, eu não estou com a mínima vontade de mostrar meu cavalheirismo.

— E você por acaso tem algum senso de cavalheirismo, milorde?- Debocha, com um sorriso sapeca no rosto.

Ele tinha que admitir;

Ela tinha uma língua afiada demais para uma mulher.

— Que engraçado, não sabia que mulheres fugitivas conseguem ter tempo para senso de humor.- A mesma soltou uma risada nasal curta.

— Eu tenho tempo para muitas coisas, inclusive, para isto.- O som das correntes de quebrando foram escutadas, e o homem não esboçou nenhuma reação.

Eles sabiam suas identidades, então nem sequer mostraram duvidar da capacidade um do outro.

Quando estava livre das correntes, a mesma se levantou do chão e massageou o seu pulso direito, que estava muito avermelhado por conta do ferro que tinha lhe prendido contra a parede.

— Incrível que você nem sequer esboçou algum desespero por eu ter me soltado.- Comenta, sem desviar o olhar do dele.— É impressionante o quão arrogante você é, Rei Linus.

— O ensinamento do meu Clã é nunca subestimar seus inimigos, e um truque tão ultrapassado não iria me deixar desesperado, afinal, conheço o poder que corre em suas veias,- Se levantou da cadeira.— Princesa Aurora.

— Então devo acreditar que já sabia o que eu estava fazendo, certo?- Assentiu.

— Oh, sim. Esperado de uma criatura tão cativante como você, já estava me perguntando quando iria mostrar sua verdadeira face.

— Eu nunca a escondi, Majestade.

[...]

Sentindo a fluidez da água tocar em sua pele nua, Taehyung concentrava toda a sua magia em um único ponto. As madeixas negras molhadas o deixavam encantador, e mesmo com as olheiras e a aparência abatida, conseguia renovar sua vida no lago milagroso do Templo Sagrado.

Os cristais espalhados pela caverna reluziam, e se podia escutar apenas o deslize da cachoeira naquele lugar. Ele sentia seu coração aquecer como o sol, enquanto observava de sua mão esquerda até a bochecha a marca que sempre aparecia em suas crises, subindo como se fosse galhos de uma árvore. A sensação quente e dolorida dominava aquela parte, mas se dissipava ao ver aquele desenho se juntando a água.

Era algo estranho de se ver.

Em sua alma, o fragmento de escuridão se tornava mais fraco e sua intensidade diminuía. Quando despertou, recordou que ao tentar resgatar Aurora, um pedaço minúsculo de trevas havia adentrado em sua alma, corrompendo sua pureza divina e amaldiçoando sua vida para sempre.

— Como eu era imprudente naquela época.- Disse, com um olhar frio enquanto encarava seu reflexo na água.

O silêncio novamente predominou o ambiente, e ele, não aguentando mais, decidiu submergir. Prendendo a respiração e fechando os olhos, afundou todo o seu corpo para baixo d'água e por acaso, ao abrir as pálpebras, se assustou com o que viu.

Ao ver o que estava diante de si, aquilo o assustou de diversas formas. O Kim conseguia enxergar claramente a figura semelhante á sua, mas tão diferente e intimidadora.

Em sua frente, estava um homem igual á ele, porém, de cabelos um pouco mais longos e castanhos claro. Isso sem mencionar que suas íris emitiam um brilho que conseguia assustar qualquer um. Aquela pessoa era tão igual ao rapaz, mas parecia ter sua própria individualidade.

Sentindo seus pulmões implorarem por ar, emergiu das águas e começou a respirar forte e desregulado. Passando as mãos pelos fios capilares que estavam grudados em sua testa, os colocou para trás e decidiu sair do lago. Numa rápida tentativa, nadava em direção a beira bem assustado.

Taehyung...!- Ouviu uma voz masculina lhe chamar, o deixando atento e o fazendo procurar o som.

Não respondeu e se apressou, só que, ao virar para frente novamente, aquele mesmo homem estava parado com o rosto próximo ao seu. Seus olhos se encaravam, enquanto Taehyung tentava controlar o seu medo.

Eu estou enlouquecendo!

Pensou, amendrotado. Aquilo era como um pesadelo, que arrepiava todos os pêlos do corpo. Notava que aquele cara era sua cópia, mas ao mesmo tempo, não era. Ele parecia ler sua alma, ler seus pensamentos, e por um impulso, fecha os olhos.

Só pode ser um pesadelo. Deuses, fazem isso acabar, por favor!

Ainda conseguia sentir a presença daquela coisa na água, e isso o apavorava.

— Taehyung? Por que está de olhos fechados?- Surpreso, abre as pálpebras e vê Hoseok parado do lado de fora da água, o encarando com estranheza.

— Hoseok?

— Sim, eu mesmo.- Sorri, como de habitual.— Por que estava de olhos fechados?- Franziu o cenho.

— Eu, hã...- Fica sem palavras para explicar.

— Ah, deixa pra lá!- O Jung balançou a mão esquerda no ar, gesticulando.— Já se banhou, certo?

Assentiu devagar.— Ótimo! Jinsoul me disse que você não comeu nada nesses últimos dias, então quero te levar para cozinha pra fazermos um lanchinho da madrugada.

— Hoseok, acho melhor não.

— Vem logo e se veste, cara! Não vou aceitar não como resposta!- A animação do amigo fez o vampiro-bruxo sorrir um pouquinho.

Não querendo magoa-lo, Taehyung então decidiu comer alguma coisinha para alegrar Hoseok.

Mas ainda sim;

Quem era aquele homem que se parecia tanto com ele?

Dúvidas e mais dúvidas;
Que um dia serão respondidas.

❝ ᴛʜᴇ sᴇᴠᴇɴ ɴᴀᴛɪᴏɴs: ᴠᴏʟʀʏ ᴡᴀʀ + ᴋᴛʜ ❞Onde as histórias ganham vida. Descobre agora