Gana
Com olhos grudados em um buquê de rosas vermelhas, minha mente vaga pelos fragmentos das minhas lembranças que foram perdidas.
Sinto a sensação de ter esquecido uma parte importante, uma parte significativa que provavelmente me marcou. A conversa que tive com Mirom, comendo aquela pizza deliciosa, fica repassando em minha mente sem parar. Não consigo me desprender dela, e fico desejando a todo momento, reviver apenas aquelas horas, inúmeras e inúmeras vezes.
— Por que estás tão desperta, Gana? — Ruslan pergunta, do outro lado da mesa, montando um buquê de margaridas em um vaso elegante de vidro.
— Hum... — aperto os lábios. — Lembro tão pouco da minha infância — confesso. — É normal?
— Certas lembranças de quando somos crianças se perdem em meio às outras. É normal.
— Mas... não lembro quase nada em relação a tudo. — Umedeço os lábios, angustiada. — Lembro de algumas pequenas coisas.
Ruslan balança a cabeça de leve, me fitando com aquele olhar de quem sabe o que se passa dentro de mim. Pigarreio, desviando desse seu olhar.
— Quando estava... preso — conta, atraindo meu olhar de volta —, passei por momentos... digamos dolorosos. Era apenas um garoto cheio de vida. Quando aconteceu.... quando cai naquele inferno, comecei a esquecer das coisas.
— Não consigo imaginar o que tu passaste no Colony 100! — digo, um nó se formando na garganta.
— Eu era chamado apenas de 2157 — continua a falar, quase finalizando o buquê. — Parte dos 14 anos em que fiquei trancafiado, esqueci do meu próprio nome.
— Sinto tanto... — murmuro, meus olhos queimando de lágrimas.
— Os traumas, o inferno em que vivemos, faz-nos esquecer das lembranças importantes que nos marcaram, restando apenas as ruins.
— Depois elas voltam? — pergunto.
Ruslan ergue a cabeça, me olha antes de deixar o arranjo pronto ao lado da mesa, pegando mais um vaso e começando a preparar um de rosas vermelhas.
— Não — responde, por fim. — Algumas jamais serão recuperadas.
— Isso é horrível!
— Mas podes construir outras — diz, voltando a me olhar.
Meneio a cabeça, lhe entregando uma tesoura de jardinagem. Klimet entra na sala, carregando um vaso médio com a planta Lanterninha chinesa.
Ele coloca o vaso no chão, vermelho por causa do esforço e solta um suspiro. Olho para a planta, as florzinhas laranjas têm a aparência de campainha, semelhantes com os sininhos japoneses.
— A dona irá buscar — ele explica com as mãos na cintura, recuperando o fôlego.
— Pensei que tu se borrarias de tamanha força que estavas fazendo — digo.
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INTENSA CONEXÃO - PARTE UM
Romance⚠️ ATENÇÃO: LIVRO COMPLETO DISPONÍVEL NA AMAZON, AQUI ESTÁ APENAS EM DEGUSTAÇÃO ⚠️ Gana Navolska distribui sorrisos e palavras de esperança para aqueles que a cercam, mesmo que na solidão ela pague esses sorrisos com lágrimas, e que as palavras de e...