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Gana – 12 anos atrás

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Gana – 12 anos atrás

Repasso várias vezes tudo o que preciso levar, mesmo tendo arrumado as malas, sinto que estou esquecendo de alguma coisa. Dois dias depois da conversa do meu pai com a agente, o estado da mamãe piorou, dando entrada no CTI e colocando o fim nas economias do meu pai. Ficamos sem saber o que fazer, a única solução naquele momento, era aceitar a proposta da agência, ou esperar mamãe morrer em casa, sem dinheiro nem para comprar seus remédios.

Papai aceitou com muita relutância, assinou a permissão em prantos, dando um pouco mais de tempo para mamãe. Uma semana depois, tudo já estava pronto, passaporte tirado e data marcada. Agora é seguir em frente para um novo mundo cheio de oportunidades e sonhos.

Ajeito a mochila pesada nas costas, olhando para os dois lados da rua à espera da van que passará às oito horas desta manhã. Escuto um suspiro longo saindo do meu pai atrás de mim e sinto muita vontade de chorar.

— Vai dar tudo certo — digo, tranquilizando-os.

— Tu estarás tão longe... — Alyna fala, baixinho.

— Não tão longe — viro-me para olhá-los. — Estarei em seus corações. — Sorrio, ambos viram o rosto.

— Ei, Yelena! — Olho na direção da voz que tanto adoro e que estremece minha irmã. — Vim despedir-me de ti! — Hamlet se aproxima com lábios apertados.

Quando chega perto, abraço-o apertado, sentindo seu cheiro de lavanda, o perfume que minha irmã lhe deu no dia do seu aniversário de quinze anos, desde então, nunca mais trocou de fragrância.

— Aproveite cada segundo — sussurra em meu ouvido. — Viva e faça muito sucesso. — Assinto, afastando-me de seus braços.

Encaro o fundo de seus olhos, relembrando de vários momentos em que passamos juntos. Nós três nos tornamos amigos ainda criança, quando sua mãe se tornou melhor amiga da minha, jamais nos separamos. Conforme fomos crescendo, Hamlet começou a nutrir um sentimento por Alyna, que também nutre os mesmos sentimentos.

— Cuide dela, okay? — Ele me lança um sorriso tristonho, mas assente.

— Cuidarei! — Hamlet volta a apertar os lábios e olha para minha irmã. — Espero-te de volta.

— Vou voltar! — afirmo, convicta. — São apenas seis meses, fiquem tranquilos. — Digo, olhando-os. — Não estou sendo sequestrada!

— Jesus — papai pragueja, passando as mãos pelos cabelos. — Que ideia idiota foi essa de ter assinado aquela permissão? — Ele me olha, angustiado. — Não consigo te deixar ir...

— Fica calmo, pai. — Aproximo-me dele e seguro sua mão.

— Vai dar tudo certo.

INTENSA CONEXÃO - PARTE UMWhere stories live. Discover now