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Gana Navolska

Lágrimas caem como penas sobre o travesseiro, meu choro são versos dolorosos que escrevo e que ninguém lê

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Lágrimas caem como penas sobre o travesseiro, meu choro são versos dolorosos que escrevo e que ninguém lê. Tem dias que é insuportável viver, porque eu conheço o abismo da dor, estou nele há tantos anos que acredito que jamais encontrarei uma saída.

Viro na cama de barriga para cima e fito o teto. Tem dias que acordar requer um grande esforço, meu corpo está cansado e dolorido. Dói muito ter que ser usada diariamente, homens fedidos, agressivos... estremeço afastando essas cenas da minha cabeça, enojada demais.

Cubro-me, querendo desaparecer de alguma forma, minha inocência me transformou em uma alma dilacerada, as correntes e algemas me machucam, e eu não sei se aguentarei por muito mais tempo.

Escuto barulhos de martelo que chama minha atenção, foram eles que me acordaram de um sono perturbado, em que corria no beco escuro e úmido, gritando por socorro, implorando por minha vida, sentindo a lâmina atravessar minha pele e de seus olhos verdes encarando os meus.

De fato, isso aconteceu e desde então esse dia me assombra, só que não foi a primeira vez que tive que lutar pela vida, muitas vezes desejei ser levada, entretanto, se estou viva até hoje, é por algum motivo plausível que Deus ainda não me contou.

Depois de um banho quente e vestir roupas de academia, encaro a porta do vizinho que está aberta diante de mim. Carregada de curiosidade, dizia o ditado que a curiosidade matou o gato, mas... as melhores descobertas vêm a partir da curiosidade, não é?

Inspiro fundo e entro no apartamento, percorrendo meus olhos por ele e ficando embasbacada pela decoração moderna. Dois homens estão montando uma estante enorme, outros estão arrumando a cozinha e uma mulher distribui ordens para colocarem cada objeto em seu devido lugar.

Como fizeram um apartamento pequeno ficar tão... grande?

— Moça? — Sobressalto de susto quando um homem alto me olha em questionamento.

— Ah, oi! — Saúdo, sorrindo. — Sou a moradora do apartamento da frente e... você é meu vizinho? — Ele sorri, negando com a cabeça.

— Não!

— Hum... — olho em volta. — Quem é, então?

— Não sei — responde, apontando para a saída. — Se puder nos dar licença, temos muito o que fazer. — Minhas bochechas esquentam de vergonha, assinto e volto para meu apartamento.

— Ora, mas que mistério... — resmungo, me sentando à mesa e colocando na aula que está prestes a começar.

Durante algumas horas, meus ouvidos permanecem atentos ao que acontece do outro lado, ficando completamente confusa com a matéria que não consigo acompanhar.

Frustrada, me levanto com um suspiro longo, tendo a certeza de que estudar não é para mim, porque não consigo entender, mesmo que seja repetido várias vezes, não entra na minha cabeça.

INTENSA CONEXÃO - PARTE UMWhere stories live. Discover now